domingo, 15 de agosto de 2010

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AO CÉU

Exegese
Comentário Exegético – Assunção de Nossa Senhora (Ano C)
EPÍSTOLA (1 Cor 15, 20-27)
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: Num breve resumo, Paulo formula os planos divinos sobre os destinos da raça humana que em definitivo é a sorte final do Universo. Existe uma luta inicial em que a antiga serpente parece triunfal, mas não ganhará a guerra, embora triunfe em batalhas parciais: o pecado e a morte. Dele cantará a igreja: O felix culpa quae talem et tantum meruit redemptorem [feliz culpa que mereceu tal e tão grande redentor]. E Paulo comentará numa frase lapidária: onde abundou o pecado superabundou a misericórdia [ou a graça](Rm 5, 20). E se isto foi dito em geral, não podemos restringi-lo em cada caso em particular, de modo que o canto de todo fiel salvo deve ser um hino à misericórdia de Deus, que em forma de graça superabundou em sua vida. Paulo especificamente admite que a ressurreição de Cristo seja a base de sua argumentação de modo que nela está a vitória final sobre todos os inimigos, sendo o último a ser derrotado a morte.

CRISTO PRIMÍCIAS: Mas agora Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, feito primícias dos adormecidos (20). Nunc autem Christus resurrexit a mortuis primitiae dormientium. RESSUSCITADO [egëgertai<1453>=resurrexit] na verdade foi levantado [erguido] numa passiva cujo sujeito ativo é Deus como claramente o indica em outra passagem: Deus ressuscitou [egeiren=suscitavit] o Senhor (1 Cor 6,14). PRIMÍCIAS [aparchë <536> = primitiae] era a oferenda dos primeiros frutos, ou da primeira parte da massa, com a qual os pães da preposição eram elaborados. Daí o termo era usado para determinar as pessoas consagradas a Deus em sua totalidade. É a tradução grega do hebraico reshith<7225>, que sai como início em Gn 1, 1 (Be)reshith, [no princípio] Deus criou os céus e a terra. E como primícias dos frutos da terra em Êx 23, 19: As primícias dos frutos da sua terra [reshit bicurei admatecha=as aparchas tön prötogevëmatön tës gës] trarás à casa do Senhor, teu Deus. Como primeiro e principal temos: Balaão disse: Amaleque é o primeiro [reshith=archë] das nações (Nm 24, 20). Vemos como o hebraico reshit pode ser traduzido como aparchë [primícias] ou archë [primeiro ou principal]. Usando Paulo aparchë 6 vezes das 8 que aparece no NT [outra em Tg 1, 18 e outra em Ap 14, 4] todas elas traduzidas por first fruits [primeiros frutos] na KJV. DOS ADORMECIDOS [kekoimënön<2837>=dormientium] no grego é o particípio passado do verbo koimaö, causar o sono, pôr a dormir, com o significado metafórico de calmar, cair no sono, dormir e finalmente morrer. Lemos em Lc 22, 45: Foi ter com os discípulos e os achou dormindo. Com o último significado de morrer, temos em Mt 27,52: Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos que dormiam, ressuscitaram. E em Paulo, das 8 vezes, todas têm o significado de morrer, como vemos por exemplo em 1 Cor 15, 18: Portanto também os que dormiram em Cristo, pereceram. Como Paulo está falando da ressurreição, dizer que Cristo é primícias dentre os que adormeceram é afirmar que é o primeiro a ressurgir dentre os mortos.

ADÃO E CRISTO: Porque, pois, por um homem veio a morte e por um homem vem a ressurreição dos mortos (21). Quoniam enim per hominem mors et per hominem resurrectio mortuorum. Paulo dirige seu olhar aos inícios da humanidade, segundo a tradição do Gênesis. E encontra a morte como efeito do pecado de Adão. E agora no último Adão (1 Cor 15, 45), temos a causa da nossa ressurreição; pois como diz Paulo, nossos corpos formam parte de seu corpo, como membros do mesmo (1 Cor 6, 15). Comumente da ressurreição, fala-se em termos gerais, mais especificamente como almas unidas num mesmo espírito; mas esta frase de Paulo é clara: o corpo material também entra dentro do pléroma corporal de Cristo. Consequentemente não pode um membro particular estar morto se o corpo está vivo após ressurgir dentre os mortos. A restauração da primitiva ordem, em que a morte não era o último destino humano, mas através da árvore da vida a morte era evitada segundo os planos divinos (Gn 2. 9 e 3, 22), forma parte do plano final da restauração de todas as coisas em Cristo (Ef 1, 10), como alfa e ômega (Ap 1, 8) porque assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão vivificados (1 Cor 15, 22).

A RESTAURAÇÃO: Porque assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão restaurados à vida (22). Et sicut in Adam omnes moriuntur ita et in Christo omnes vivificabuntur. RESTAURADOS À VIDA: estar vivo, ou reviver e em passiva vivificar, fazer retornar à vida como é nosso caso. Paulo afirma, pois, que todos morrem por serem parte do sêmen de Adão, ou, como agora diríamos, por terem o genoma dele. Mas em Cristo, assim como ele ressuscitou, todos serão devolvidos à vida, porque como corpos formam parte de seu corpo total (1 Cor 6, 15).

ORDEM DA RESSURREIÇÃO: Cada um, pois, em sua própria ordem: primícias Cristo, depois os de Cristo na sua parusia (23). Unusquisque autem in suo ordine primitiae Christus deinde hii qui sunt Christi in adventu eius. PARUSIA [parousia <3952>=adventus] isto é a presença, a vinda, a chegada, e especialmente de Cristo, a vinda gloriosa do céu, para a ressurreição final, o juízo universal e a imposição do seu reino definitivo. Tem o nome grego de parousia para distingui-lo de outra manifestação de Cristo possível na História. É o chamado segundo advento como o declara Mt 23, 27. Existem algumas dúvidas: 1º) Houve ressurreições de mortos antes de Cristo e feitas por ele? Como é que se fala de Cristo como primícias? Uma delas, a feita por intercessão de Elias, voltando à vida o filho da viúva de Sarepta (1 Rs 17, 17-24). Para não falar das feitas por Jesus, como a de Lázaro após 4 dias da morte deste último (Jo 11, 38-44). Todos eles foram ressuscitados da morte, mas nenhum deles foi realmente ressuscitado, no sentido que esta palavra tem em Paulo. Cada um deles tinha seu corpo, ainda sem estar totalmente destruído pela corrupção e foi suscitado da morte para a vida, a mesma que possuía horas ou dias antes, sem que houvesse uma transformação do corpo material em espiritual como afirma Paulo (1 Cor 15, 43-44). Jesus não foi o primeiro a ser trazido de novo da morte, mas o primeiro ressuscitado em corpo glorioso. 2º) Que dizer das palavras de Mateus 27, 52-53: os túmulos abriram-se, os corpos de muitos santos já falecidos, ressuscitaram: saindo dos túmulos, depois da ressurreição dEle. Eles entraram na cidade santa e apareceram a um grande número de pessoas. Em primeiro lugar, estas ressurreições estavam incluídas nas profecias que anunciavam o dia do juízo final em Is 26, 19: Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão…porque teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho da vida e a terra dará à luz os seus mortos. Ez 37, 12: Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Finalmente Dn 12, 2: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e horror eterno. Mateus diz duas coisas: 1º) Se abriram os sepulcros. Isso está em conformidade com o tremor da terra que abriu a tumba do Senhor, e atribuído a um anjo que removeu a pedra da entrada (Mt 28, 2). Caso confirmado pelos outros evangelistas indiretamente, ao afirmar que a pedra estava removida. 2º) As aparições dos mortos. A solução do caso, desta afirmação de Mateus, é difícil. Evidentemente os mortos ressuscitaram após a ressurreição de Cristo, como afirma o próprio evangelista. Com isto está a salvo o que diz Paulo, de Cristo como primícias da ressurreição dos mortos. Mas quem eram os ressuscitados? Antigos profetas que estavam enterrados no vale do Cedrão, como afirmam alguns? Não parece seja esta a melhor solução. Familiares dos vivos na época? É o mais provável, pois a frase de corpos de muitos santos já falecidos, que não discrimina indica que não eram antigos profetas, em cujo caso Mateus o teria dito explicitamente. E que essa nova vida foi temporária e não a eterna da última parusia parece implícita na frase eles entraram na cidade santa e apareceram a um grande número de pessoas. Ou seja, não foram vistas por todos como era de se esperar de uma verdadeira revivificação. Além disso, a ênfase está na aparição e não na ressurreição. Cremos que o fenômeno é semelhante ao que acontece na vida de muitos santos que tem experiência da vida em ultra tumba de pessoas mortas. Consequentemente não podemos anunciar que alguns santos já estão em corpo e alma no Reino dos céus, como é o caso de Nossa Senhora. A ressurreição de que Paulo fala é a do fim dos tempos para a vida eterna como diz o catecismo (988). Por isso ao falar de quando, o catecismo diz, sem dúvida, no último dia ao fim do mundo, pois a ressurreição está intimamente associada à Parusia de Cristo (1001). Em consequência, ao falar da Assunção de Nossa Senhora o mesmo catecismo afirma: Este dogma constitui uma participação singular na ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos demais cristãos (966). Diante da eternidade, o tempo de espera desde a morte até a parusia é como instantâneo de modo que poderíamos afirmar que morte e ressurreição são fenômenos quase simultâneos. Mil anos são como um dia aos olhos do Senhor, dirá o salmista (90, 4).

O FIM: Então o fim, quando entregar o reino ao Deus e Pai, quando tiver abolido todo principado e toda autoridade e poder (24). Deinde finis cum tradiderit regnum Deo et Patri cum evacuaverit omnem principatum et potestatem et virtutem. O FIM [telos<5056>=finis] também término de uma coisa ou de uma era. Um segundo significado é o de taxas alfandegárias, como em Mt 17, 25 em que pedem a Pedro se Jesus não paga o didracma e Jesus pergunta: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos [telë]. É claro que aqui o significado é o fim, do qual fala Paulo em Rm 6, 22: Transformados e servos, tendes o vosso fruto para a santificação e por fim [telos] a vida eterna. ENTREGAR [paradidömi<3860>=tradidere] passar, entregar, dar, e até atraiçoar, como no caso de Judas (Mt 26, 2). O que é entregue é o Reino dos céus, formado pelos que cumprem a vontade de Deus (Mt 5, 10) como justiça [retidão de conduta]. E quem recebe esse Reino, ou melhor, Reinado, constituído pelos filhos do Reino (Mt 13, 38) é Deus como Pai. Um reino que tem como Rei o próprio Jesus (Jo 18, 47) e como sucessor Pedro a quem entrega as chaves (Mt 18 19) e cujos súditos se distinguem porque o maior dentre eles é como o menor e o que dirige é como o que serve (Lc 22, 26), que Paulo descreve como sendo escravos uns dos outros (Gl 5, 13) e que o próprio Jesus, dando exemplo na última ceia, lavou como escravo, os pés dos discípulos, declarando: Compreendeis o que vos fiz?…Dei-vos exemplo para que como eu vos fiz façais vós também… Se souberdes estas coisas, bemaventurados sois se as praticardes (Jo 13, 12-17). De modo que a frase paulina atribuída a Jesus, mais bemaventurada coisa é dar que receber (At 20, 25) pode ser traduzido em há mais felicidade em servir que em mandar. ABOLIDO [katargësë<2673>=evacuaverit] do verbo katargeö com o significado de tornar inativo, inoperante, ineficaz, acabar ou abolir. Parece que Paulo afirma que o poder não é conforme aos planos de Deus, de modo que no reino definitivo, não haverá tal modo de reinar, mas será o serviço quem ordena as relações entre os filhos do Reino. Jesus, em sua vida terrena, declarou tal método como prática e agora Paulo, ao abolir todo império, o declara como norma futura: Não mais existirá um reino, um que manda ou é superior ao outro, mas somente Deus e seus planos serão os que dirigem o mundo futuro. Eram, por outra parte, tempos em que o império ainda estava sob o Princeps Senatus, título dos Imperadores desde Augusto (ano 28 aC). A Autoridade era o poder moral de quem tem a capacidade para ditar uma norma de conduta. Estava fundamentalmente no Senado. Poder era a potestade de mandar cumprir as normas impostas. Eram os cônsules e pretores e em tempo de guerra o imperador ou general.

OS INIMIGOS: Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés (25). Oportet autem illum regnare donec ponat omnes inimicos sub pedibus eius. DEBAIXO DOS PÉS: Paulo alude ao costume da época de colocar de bruços os vencidos, para que os oficiais vencedores passassem por cima deles, como lemos no salmo 7, 5; e especialmente em Js 10, 24: Josué disse aos principais da gente de guerra que tinham vindo com ele: chegai, ponde os pés sobre o pescoço destes reis. Coisa que Jesus usa como nota do seu messiado em Mc 12, 36. É, pois sinal de absoluta derrota e total submissão. Com isso, Paulo indica uma vitória final.

A MORTE: Último inimigo a desaparecer é a morte (26). Novissima autem inimica destruetur mors. Com esta frase, Paulo afirma que todo mal, é resultado do pecado, pois com o pecado entrou a morte. O primeiro inimigo é Satanás como lemos em Ap 12, 9. Temos também o mundo, que apesar de ser feito por Ele não o conheceu (Jo 1, 10). E a carne, da qual diz Paulo que nela não habita bem nenhum (7,18), de modo que são os três inimigos clássicos do homem. Em lugar de construir, eles destroem a ordem do Senhor em geral e, em particular, em cada homem. Finalmente, Paulo enumera o último, que é a morte. O catecismo fala do mal físico e do mal moral. Como recordação temos as palavras de S. Tomás de Aquino: Por que Deus não criou um mundo tão perfeito que nele não pudesse existir nenhum mal? Deus poderia criar coisa melhor. Porém na sua sabedoria infinita Deus criou um mundo em estado de via, caminhando para sua perfeição e não perfeito (CIC 310). Por isso, tanto os homens como os animais contribuem ao melhoramento do mesmo. Aqueles por instinto, estes por razão. Assim, é importante a escolha do bem, que em Deus é perfeita, pois como diz o catecismo, Deus em sua providência toda-poderosa, pode sacar um bem das consequências do mal, incluso moral, causado por suas criaturas (312). É por isso que todo ato conforme a natureza é agradável, exceto o parto (Gn 3, 16). A base do pecado do homem é dirigir seu fim ao agradável e transformá-lo num fim quando é unicamente um meio.

SOB SEUS PÉS: Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos seus pés: (27). Omnia enim subiecit sub pedibus eius. Paulo usa a mesma linguagem dos salmos, quando fala da suprema condição do homem a respeito do Universo: Deste-lhe domínio sobre as obras de tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste (Sl 8, 6). Mas sobre o homem do AT está o novo homem do NT que é Cristo a quem tudo é submetido. Pois existindo criaturas superiores, não foi aos anjos que sujeitou o mundo que há de vir (Hb 2, 5). Para que por sua morte destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo (Hb 2, 14). De modo que o poder de Cristo está sobre o poder daquele que aparentemente tem o máximo poder como é o da morte ante a qual todos estávamos sujeitos.

EVANGELHO ( Lc 1, 39-56)
(Pe Ignácio, dos padres escolápios)

OS NOMES: Tendo, pois, se levantado Mariam, naqueles dias foi à montanha, com presteza, a uma cidade de Judá (39). Exsurgens autem Maria in diebus illis abiit in montana cum festinatione in civitatem Iuda. Mariam significa senhora e, segundo Lucas, devemos distinguir seu nome de Maria que é o nome dado à Madalena, ou o nome da irmã de Lázaro, assim como o de Maria Salomé. Lucas expressamente usa Mariam para a Mãe de Jesus. Elizabet, de origem hebraica, significa juramento de Javé. Zacaria(s) significa Javé se lembrou. Segundo o modo de pensar dos judeus, o nome tinha muito a ver com a vida e existência do sujeito nomeado. A Senhora visita a casa de quem foi lembrado por Deus, porque cumpriu seu juramento, dando origem a um bebê [Johanan] que é um dom precioso de Javé. Talvez Lucas não soubesse a metáfora que os nomes significavam. Numa época em que Fílon interpretava as Escrituras de modo simbólico e que teve como sucessores Orígenes e Cirilo de Alexandria, fundadores da escola simbólica escriturária para depois dar lugar à Cabala. Daí podemos deduzir que a possibilidade desta interpretação não é absolutamente irresponsável. A MONTANHA: Termo técnico, semelhante ao Deserto de Judeia, para designar a região entre Jericó e Bethoron, como indicamos na exegese do IV Domingo do Advento de 2007. (Ver comentários exegéticos Número 14 de presbíteros.com. br) Como a resposta de Isabel até o versículo 45 já foi devidamente estudada nesses comentários, neste evangelho de hoje vamos especialmente interpretar o canto mariano por excelência, o Magnificat.

O MAGNIFICAT: É um dos três cânticos que Lucas nos oferece em seu evangelho. Sem dúvida tomando como modelo outros cânticos como o de Moisés, em Êxodo 15, 1-18 e a pequena estrofe de Miriam no versículo 21. Assim se inaugura uma ação de graças com cântico que formam um conjunto de louvores pelos feitos maravilhosos, provindos das mãos do Senhor. Mas o cântico que está mais perto do Magnificat é o de Ana em 1 Sm 2, 1-10. Tenho o coração alegre, graças ao Senhor, e a fronte erguida, graças ao Senhor, minha boca abre-se contra os meus inimigos: eu me alegro por tua vitória. (…) O Senhor torna pobre e enriquece, rebaixa e também exalta. Ergue o fraco da poeira e retira o pobre do monturo para fazê-los sentar com os príncipes e atribuir-lhe o lugar de honra. A questão é se o canto foi um espontâneo de Maria ou foi produto de um poeta cristão posterior. O mais provável é que Maria meditou muito durante a viagem de três dias e o tivesse composto meditando o cântico de Ana e o de Judite: Deus, o nosso Deus, está conosco para manifestar seu vigor em Israel e sua força contra os inimigos (Jt 13, 11). E Louvai a Deus que não retirou sua misericórdia da casa de Israel, mas esmagou nossos inimigos por minha mão esta noite (Jt 13, 14). Se em Ana o impulso que a levou ao cântico é o nascimento do filho, em Judite está a vitória de Israel sobre os inimigos. Ambas as razões estão vivas no cântico de Maria.

ESTRUTURA: Dividiremos o Magnificat em três partes diferentes: 1a) Introdução (47). 2a) razão do louvor (48-53). 3a) A especial providência para com Israel, figura da misericórdia para com ele (54-55). Vamos tentar explicar cada uma das partes, dando no final uma tradução livre do cântico.

INTRODUÇÃO: E disse Mariam: Engrandece a minha alma o Senhor (46). Et ait Maria magnificat anima mea Dominum. E encheu-se de gozo meu espírito no Deus, meu salvador (47). Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo. É um louvor de agradecimento a Deus que é Senhor [Kyrios] e ao Deus, o seu Salvador [o theós, o soter]. É um beraká ou louvor em alta voz. O grego usa o verbo megalenö, que significa engrandecer tal e qual as traduções portuguesa e italiana. Também a Vulgata usa a palavra magnificat que é uma tradução literal do grego. Porém podemos traduzir livre, mas mais ajustado ao sentido próprio, por exaltar ou glorificar. De fato, esta última é a preferida pela tradução espanhola: Exalta minha alma o Senhor. É, pois um grito de louvor, ou melhor, de ação-de-graças por um benefício recebido. Não podemos esquecer que na língua semita não existe a palavra agradecer que é substituída por louvar ou exaltar. A segunda parte da introdução é o gozo existente por ter visto de perto a ação salvífica divina: E meu espírito encheu-se de gozo no Deus, o meu salvador. Tanto Deus, como Salvador, estão com artigo, indicando uma realidade definida e próxima de Maria.

RAZÃO: Porque fixou seu olhar na insignificância de sua escrava: Eis, pois, desde agora me chamarão ditosa todas as gerações (48). Quia respexit humilitatem ancillae suae ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes. O verbo epiblepö, que mais do que um simples olhar significa observar, prestar atenção [respexit latino] por isso temos traduzido fixou seu olhar. Uma outra palavra mal traduzida é tapeinosis porque o latim traduz por humilitas [humildade] que pode ser uma virtude ativa contrária à soberba e assim foi traduzido às línguas vernáculas. Por isso a tradução espanhola moderna diz se há fijado em la humilde condición de su esclava. Já a italiana diz há considerato l’umiltà della sua serva. As duas portuguesas dirão olhou para a humilhação de sua serva (Bíblia de Jerusalém) e contemplou na (sic) humildade da sua serva (RA evangélica) que é uma construção um tanto irregular. Tapeinosis pode ser também uma condição nativa de impotência e insignificância, ou seja, ser pequeno demais. Daí que o olhar deve ser meticuloso, um observar, como indica o latim [respicio= considerar, olhar com atenção, com piedade]. Doulë=serva que o espanhol traduz como escrava e o latim como ancilla [escrava doméstica], muito melhor que as traduções de serva, pois o doulë grego significa escrava propriamente dita. A primeira razão da ação-de-graças é pois a natureza transcendental ou divina de quem provê a eleição traduzida em benevolência: Deus. A segunda é a pequenez da qual ele se deixou conquistar: escolheu um ser insignificante como é uma escrava. É por isso que todas as gerações a chamarão bendita (de Deus). O grego diz propriamente me abençoarão [chamar bendita] que muitos traduzem por bemaventurada, ou feliz. O que não é realmente uma tradução feliz. Melhor seria, considerarão que sou privilegiada de Deus.

O PRIVILÉGIO(49): Já que fez para mim magníficas (coisas) [megaleios] o Poderoso. Porque Santo é o seu nome (49). Quia fecit mihi magna qui potens est et sanctum nomen eius. Na realidade, megaleios é um adjetivo que significa excelente, magnífico. O PODEROSO era um dos títulos com os quais os judeus substituíam o nome santo Hashem ou HASHEM YITBARAH [o nome recôndito]. É com este nome de PODEROSO que Jesus responde à conjura de Caifás( Mt 26, 64) só que aqui é adjetivo e no momento do julgamento usa-se o substantivo Poder [dynamis]. Por isso, como era costume entre os judeus, termina Maria com um louvor ao nome santo: pois sagrado é seu nome. Ou se queremos calibrar melhor diríamos: pois seu nome é único, divino. Traduzimos o Kai grego, como correspondência ao wau hebraico que tem o significado de conjunção causal ou explicativa, tanto como conjuntiva. Será, pois, porque.

A PROVIDÊNCIA DIVINA (50): Porque sua misericórdia é para geração de gerações, aos que o temem (50). Et misericordia eius in progenies et progenies timentibus eum. Maria agora eleva seu olhar, e da intimidade de seu ser, parte para a lei geral da providência divina para com todos os povos: Visto que sua misericórdia se estende de geração em geração para com os que o temem. Maria nos dá uma definição da atuação divina que merece a pena considerar: Deus é misericórdia para os que o respeitam, pois é a maneira que devemos traduzir o fobeo [temer] grego quando referido a Deus. Respeito e reverência, que se traduzem em obedecer suas leis de modo escrupuloso. A misericórdia é um ato de amor correspondente a quem se inclina ao mais fraco para ajuda e consolação. Esta é a linha geral que Maria descobre em Deus através da escolha particular de sua insignificante pessoa.

O BRAÇO (51): Seu braço se mostrou poderoso ao dispersar os arrogantes de pensamento dentro de seu coração (51). fecit potentiam in brachio suo dispersit superbos mente cordis sui. Podemos contemplar dois sentidos na frase: A) O particular de uma batalha em que são derrotados os inimigos de Israel como aconteceu no caso de Judite 9, 4 e 13, 14 e o verbo pode ser empregado com toda a literalidade do mesmo, como dispersar ou desbaratar, do qual fala o salmo 89, 11 esmagaste Raab, como um cadáver, dispersaste teus inimigos com teu braço poderoso, como modelo da canção Mariana. É esse braço cuja destra esplendorosa de poder esmaga o inimigo (Êx 15, 6). B) Ou o sentido geral de todos os que têm orgulho de serem melhores e mais poderosos que os humildes e então o modelo é o canto de Ana: O arco dos poderosos é quebrado, os debilitados são cingidos de força (1 Sm 2,4). Neste último caso optaremos por uma tradução menos literal e no lugar do dispersou usaremos, peneirou como palha, descartando-os, como a palha é descartada do trigo.

OS PODEROSOS (52): Derribou os poderosos dos tronos e elevou os pequenos (52). deposuit potentes de sede et exaltavit humiles. Aos famintos cumulou de bens e aos ricos despediu vazios (53). Esurientes implevit bonis et divites dimisit inanes. PODEROSOS são chamados de dynastes que podemos traduzir por príncipes ou poderosos. A tradução será, pois, destronou os homens de poder de seus tronos e ergueu os de humilde condição (52). Aos necessitados cumulou de bens e aos ricos despediu vazios (53). Neste ponto Maria segue o modelo de Sl 107, 9 e o canto de Ana: Os que viviam na fartura se empregam por comida. Os que tinham fome não precisam trabalhar (1 Sm 2,4-5). Maria segue assim a política de Jesus das bemaventuranças, de modo especial a redação que nós temos hoje de Lucas: Benditos os famintos… Ai de vós os saciados agora.( Lc 6).

ISRAEL O SERVO (54): Protegeu Israel seu servo, para recordar misericórdia (54), como falou aos nossos pais, Abraão e sua descendência para os séculos (55). Suscepit Israhel puerum suum memorari misericordiae sicut locutus est ad patres nostros Abraham et semini eius in saecula. Em Is 41, 8-9 Javé chama a Israel meu servo. A palavra usada é pais que tanto pode significar filho como escravo. Por isso a atuação de Javé com o nascimento de Jesus significa um efeito peculiar de Deus em favor de seu povo. E fez isso lembrado da misericórdia. Um momento peculiar dessa benevolência divina foi o cumprimento de sua promessa dada como palavra divina a Abraão e sua semente [sua descendência] para sempre (55). É uma recordação de Gn 17,7. Esta aliança perene fará de mim teu Deus e o de tua descendência depois de ti.

TRÊS MESES (56): Permaneceu, pois, Mariam com ela uns três meses e voltou para sua casa (56). Mansit autem Maria cum illa quasi mensibus tribus et reversa est in domum suam. Era o tempo que faltava para que Isabel desse à luz seu filho e Maria, sem dúvida, ficou com a anciã parente até o momento do nascimento de João. Assim se explicam os detalhes do mesmo, dos quais Lucas é narrador e Maria, sem dúvida, testemunha.

A TRADUÇÃO: Exulta minha alma ao Senhor e meu espírito encheu-se de gozo no Deus, o meu salvador; porque fixou seu olhar na insignificância de sua escrava. Por isso, pois, desde agora aclamar-me-ão como bendita todas as gerações; já que realizou em mim fatos extraordinários, porque seu nome é divinamente sagrado, visto que sua misericórdia se manifesta de geração em geração em favor dos que o respeitam. Seu braço mostrou-se poderoso ao desbaratar os arrogantes de pensamento no íntimo de seus corações. De modo que obrigou os homens de poder a descer de seus tronos e ergueu os de condição humilde. Aos necessitados cumulou de bens e aos ricos despediu vazios. Protegeu Israel, seu servo, guiado da sua misericórdia, como prometeu a nossos pais, a Abraão e sua descendência para sempre.

PISTAS: 1) O Magnificat de Maria é o canto da maioria dos fiéis humildes, isto é, pequenos e sem ambições, que constituem a maioria dos seguidores de Jesus. Diante das ambições das doutoras do sexo feminino que pretendem o sacerdócio é bom que recitem o cântico com a mesma sinceridade e humildade com que o fez Maria, todas as tardes nas vésperas para aprender que não é com direitos que vamos nos apresentar ao Deus dos pequenos, mas com a sinceridade que a humildade nos dá, ao saber que dele dependemos e que unicamente os que se humilham serão exaltados (Mt 23, 12).

2) Não é pela pessoa em si mesma, que a Igreja exalta e venera Maria, simples criatura, mas pelos grandes favores que recebeu de Deus e que por isso anima os mais desprestigiados a esperar favores desse mesmo Deus que exalta os humildes. Em Maria vemos as maravilhas que Deus pode realizar com as almas que reconhecem sua bondade; o que outros chamariam de méritos.

3) Maria é a única que louva o Senhor de modo a ser exemplo para todas as mulheres. Ela não o disse no Magnificat, mas será Isabel que em termos de santa inveja a declara modelo de todas as mulheres.

4) Maria indica o verdadeiro caminho de salvação do seu Filho: Deus escolhe desde agora os mais imprestáveis segundo o mundo, como diz Paulo (1 Cor 1, 17 –31) e que com clareza óbvia Maria expressa em seu cântico, para que ninguém se glorie em si mesmo

sábado, 14 de agosto de 2010

A FESTA DA ASSUNÇÃO


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A festa da Assunção, que se comemora no dia 15 deste mês, nos convida a meditar
sobre a glória inefável da Virgem Maria, o Paraíso de Deus.



Pe. Pedro Morazzani Arráiz, EP

Quanto mais o homem procura aprofundar-se no conhecimento de Deus, mais compreende que não conseguirá abarcá-Lo, tais as grandezas e os mistérios com os quais se depara.

O Criador, que estabelece as regras, se apraz em criar magníficas exceções. Três criaturas não podiam ser criadas em grau mais excelente, ensina-nos a Teologia. A primeira delas é Jesus Cristo, Homem-Deus: impossível ser mais perfeito, nada haveria a acrescentar. A segunda, Maria: "quase divina", é a expressão utilizada por vários teólogos para se referir à Mãe do Redentor. E, por fim, a visão beatífica, o Céu: o prêmio reservado aos justos não poderia ser melhor nem maior. É o próprio Deus que Se dá aos Bem-aventurados!

Por que morreu a Mãe da Vida?

Em Maria Santíssima está a plenitude de graças e de perfeições possíveis a uma mera criatura. Segundo a bela expressão de Santo Antonino, "Deus reuniu todas as águas e chamou-as mar, reuniu todas as suas graças e chamou-as Maria". Desde toda a eternidade, o decreto divino estabelecia o singularíssimo privilégio de ser a Virgem Santíssima concebida livre da mancha original. Privilégio este próprio Àquela que geraria em seu seio o próprio Deus.

Transcorrida sua vida nesta terra, o que aconteceria com nossa Mãe?

Ela, que havia dado à luz, alimentado e protegido o Menino-Deus, e recebido em seus braços virginais o Corpo dilacerado de seu Filho e Redentor, estava prestes a exalar o último suspiro. Como poderia passar pelo transe da morte aquela Virgem Imaculada, nunca tocada pela mais leve sombra de qualquer falta?

Sem embargo, como o suave declinar do sol num magnífico entardecer, a Mãe da Vida rendia sua alma. Por que morria Maria? Tendo Ela participado de todas as dores da Paixão de Jesus, não quis deixar de passar pela morte, para em tudo imitar seu Deus e Senhor.

De que morreu Maria?

Perfeitíssima era a natureza da Virgem Maria. Com efeito, afirma Tertuliano que "se Deus empregou tanto cuidado ao formar o corpo de Adão, pela razão de seu pensamento voar até Cristo, que deveria nascer dele, quanto maior cuidado não terá tido ao formar o corpo de Maria, da qual devia nascer, não de modo remoto e mediato, mas de modo próximo e imediato, o Verbo Encarnado?" (1)

Ademais, escreveu Santo Antonino, "a nobreza do corpo aumenta e se intensifica em proporção com a maior nobreza da alma, com a qual está unido e pela qual é informado. E é racional, pois a matéria e a forma são proporcionadas uma à outra. Sendo, portanto, que a alma da Virgem foi a mais nobre, depois da do Redentor, é lógico concluir-se que também seu corpo foi o mais nobre, depois do de seu Filho" (2).

À alma santíssima de Maria, concebida sem pecado original e cheia de graça desde o primeiro instante de sua existência, correspondia, portanto, um organismo humano perfeitíssimo, sem o menor desequilíbrio.

Em conseqüência de sua virginal natureza, Nossa Senhora foi imune a qualquer doença, e jamais esteve sujeita à degenerescência do corpo causada pela idade.

De que morreu, pois, a Mãe de Deus?

O termo da existência terrena de Maria deveu-se à "força do divino amor e ao veemente desejo de contemplação das coisas celestiais, que consumiam seu coração" (3).

A Santíssima Virgem morreu de amor! São Francisco de Sales assim descreve esse sublime acontecimento:

"Quão ativo e poderoso (...) é o amor divino! Nada de estranho se vos digo que Nossa Senhora dele morreu, pois, levando sempre em seu coração as chagas do Filho, padecia- as sem consumir-se, mas finalmente morreu pelo ímpeto da dor. Sofria sem morrer, porém, por fim, morreu sem sofrer.
"Oh, paixão de amor!

Oh, amor de paixão! Se seu Filho estava no Céu, seu coração já não estava n'Ela. Estava naquele corpo que amava tanto, ossos de seus ossos, carne de sua carne, e ao Céu voava aquela águia santa. Seu coração, sua alma, sua vida, tudo estava no Céu: por que haviam de ficar aqui na terra?

"Finalmente, após tantos vôos espirituais, tantos arrebatamentos e tantos êxtases, aquele castelo santo de pureza e humildade rendeu-se ao último assalto do amor, depois de haver resistido a tantos. O amor A venceu, e consigo levou sua benditíssima alma" (4).

Essa morte de Maria, suave e bendita como um lindo entardecer, a Igreja designa pelo sugestivo nome de "dormição", para significar que seu corpo não sofreu a corrupção.

Cheia de graça e cheia de glória

Quanto durou a permanência do puríssimo corpo de Maria no sepulcro?

Não o sabemos. Mas, segundo a tradição, muito pouco tempo esteve a alma separada de seu corpo. E, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, afirma o Papa Pio XII: "Por um privilégio inteiramente singular, Ela venceu o pecado com sua Conceição Imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a redenção do corpo até o fim dos tempos" .

Assim, resplandecente de glória, a alma santíssima de Nossa Senhora reassumiu seu virginal corpo, tornando-o completamente espiritualizado, luminoso, sutil, ágil e impassível.

E Maria - que quer dizer "Senhora de Luz" - elevou-se em corpo e alma ao Céu, enquanto as incontáveis legiões das milícias angélicas exclamavam maravilhadas ao contemplar sua Soberana cruzando os umbrais eternos: "Quem é esta que surge triunfante como a aurora esplendorosa, bela como a lua, refulgente e invencível como o sol que sobe no firmamento e terrível como um exército em ordem de batalha?" (5).

E ouviu-se uma grande voz que dizia: "Eis aqui o tabernáculo de Deus" (Ap 21, 3).

A Filha bem-amada do Pai, a Mãe virginal do Verbo, a Esposa puríssima do Espírito Santo foi coroada, então, pelas Três Divinas Pessoas para reinar no universo, pelos séculos dos séculos, "à direita do Rei" (Sl 44, 10).

O dogma

A verdade desta glorificação única e completa da Santíssima Virgem foi definida solenemente como dogma de Fé pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, com estas belas palavras:

"Depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do Espírito de verdade, para a glória de Deus onipotente que à Virgem Maria concedeu sua especial benevolência, para a honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória de sua augusta Mãe e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos que: A Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

1) De resurrectione carnis, c. VII.
2) Cfr. Gabriel Roschini, Instruções Marianas, Ed. Paulinas, São Paulo, p. 202.
3) D. Alastruey, Tratado de la Virgen Santísima, p. 414.
4) São Francisco de Sales, Obras Selectas, B.A.C., p. 480.
5) Cfr. Cant 6,10

Ascensão de Nosso Senhor e Assunção de Maria

É comum haver certa confusão de conceitos a respeito da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Assunção de Nossa Senhora. O famoso teólogo Fr. Antonio Royo Marin elucida a questão:

Não é exata, portanto, a distinção que estabelecem alguns entre a Ascensão do Senhor e a Assunção de Maria, como se a primeira se distinguisse da segunda pelo fato de ter sido feita por sua própria virtude ou poder, enquanto a Assunção de Maria necessitava do concurso ou ajuda dos Anjos. Não é isso. A diferença está em que Cristo teria podido ascender ao Céu por seu próprio poder ainda antes de sua morte e gloriosa ressurreição, enquanto que Maria não poderia fazê-lo - salvo um milagre - antes de sua própria ressurreição.

Porém, uma vez realizada esta, a Assunção se verificou utilizando sua própria agilidade gloriosa, sem a necessidade do auxílio dos Anjos e sem milagre algum ("La Virgen María", pp. 213-214).


(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2004, n. 32, p. 18 à 20)

QUEM FOI SÃO LUCAS CANÇÃO NOVA

São Lucas, o médico evangelista

Da Redação

Canção Nova
São Lucas evangelista
O dia 18 de outubro foi escolhido como "dia dos médicos" por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.

Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus e por isso a sua narrativa é baseada em depoimentos de pessoas que testemunharam a vida e a morte de Jesus. Além do evangelho, é autor do "Ato dos Apóstolos", que complementa o evangelho.

Segundo a tradição, São. Lucas era médico, além de pintor, músico e historiador, e teria estudado medicina em Antióquia. Possuindo maior cultura que os outros evangelistas, seu evangelho utiliza uma linguagem mais aprimorada que a dos outros evangelistas, o que revela seu perfeito domínio do idioma grego.

São Lucas não era hebreu e sim gentio, como era chamado todo aquele que não professava a religião judaica. Não há dados precisos sobre a vida de S. Lucas. Segundo a tradição era natural de Antióquia, cidade situada em território hoje pertencente à Síria e que, na época, era um dos mais importantes centros da civilização helênica na Ásia Menor. Viveu no século I d.C., desconhecendo-se a data do seu nascimento, assim como de sua morte.

Há incerteza, igualmente, sobre as circunstâncias de sua morte; segundo alguns teria sido martirizado, vítima da perseguição dos romanos ao cristianismo; segundo outros morreu de morte natural em idade avançada. Tampouco se sabe ao certo onde foi sepultado e onde repousam seus restos mortais. Na versão mais provável e aceita pela Igreja Católica, seus despojos encontram-se em Pádua, na Itália, onde há um jazigo com o seu nome, que é visitado pelos peregrinos.

Não há provas documentais, porém há provas indiretas de sua condição de médico. A principal delas nos foi legada por São Paulo, na epístola aos colossenses, quando se refere a "Lucas, o amado médico" (4.14). Foi grande amigo de São Paulo e, juntos, difundiram os ensinamentos de Jesus entre os gentios.

Outra prova indireta da sua condição de médico consiste na terminologia empregada por Lucas em seus escritos. Em certas passagens, utiliza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica de seu tempo. Este fato tem sido objeto de estudos críticos comparativos entre os textos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, e é apontado como relevante na comprovação de que Lucas era realmente médico. Dentre estes estudos, gostaríamos de citar o de Dircks, [4] que contém um glossário das palavras de interesse médico encontradas no Novo Testamento.

A vida de São Lucas, como evangelista e como médico, foi tema de um romance histórico muito difundido, intitulado "Médico de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell. Embora se trate de uma obra de ficção, a mesma muito tem contribuído para a consagração da personalidade e da obra de Sao Lucas.

A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório S. Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre São Lucas, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre o patrono dos médicos. Nesta obra, intitulada "Médico, pintor e santo", o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do "Colégio dos filósofos e dos médicos".

A escolha de São. Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como "dia dos médicos", é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos. No Brasil acha-se definitivamente consagrado o dia 18 de outubro como "dia dos médicos".

COMENTÁRIOS-PADRE JOÃO RESINA RODRIGUES


Comentários do Padre João Resina Rodrigues)

ANO C 2009-2010

O Evangelho de S. Lucas vai ser o mais lido neste ano litúrgico. Os textos escolhidos para os Domingos e Festas não são cronológicos nem contínuos, pelo que recomendamos a leitura prévia, integral e seguida deste Evangelho.



ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA

15 de Agosto de 2010

Assunção de Msria

Ticiano - Santa Maria del Fiori

Veneza
«O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas...e exaltou os humildes».

(Lc 1, 49,52)

LEITURA I Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab

«Uma mulher revestida de sol e com a lua debaixo dos pés.

SALMO 44 (45), 10-12.16

Refrão À vossa direita, Senhor, a Rainha do Céu,
ornada do ouro mais fino.
ou À vossa direita, Senhor, está a Rainha.

LEITURA II 1 Cor 15, 20-27 – 5, 2

«Primeiro, Cristo, como primícias: depois os que pertencem a Cristo».

EVANGELHO Lc 1, 39-56

Maria sabe, que a glória de ser Mãe de Deus se deve apenas à escolha de Deus. Por isso, no seu hino de louvor exulta o poder de Deus.

Para leitura dos textos clique em Textos Litúrgicos

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Cristãos católicos e cristãos ortodoxos têm uma grande ternura por Maria, “de quem nasceu Jesus” (Mat 1,16). Os cristãos protestantes “ignoram” Maria, com o argumento de que só Cristo é Senhor. Entendamo-nos. Católicos e ortodoxos dizemos, no Glória: «Só Tu és o Santo, só Tu o Senhor, só Tu o Altíssimo, Jesus Cristo». Mas não temos medo de acreditar que, sob a graça de Deus, o homem se vai tornando santo. Em particular, Aquela que o Anjo Gabriel saudou como “cheia da graça”, a quem disse : “O Senhor está contigo.”

Veneramos esta rapariga que se entregou radicalmente a Deus, sem cálculos nem condições. Esta mulher que viveu como mais ninguém a proximidade de Deus e nunca tirou daí qualquer vaidade. Esta mulher que cumpriu a sua missão no silêncio, longe das luzes do mundo. Esta mulher a quem, à hora da morte, Jesus nos confiou (Jo 19, 26-27).

Os primeiros textos do Novo Testamento são as epístolas de S. Paulo, escritas a partir do ano 50 [1]. S. Paulo anuncia Jesus Cristo como o Filho de Deus, que o Pai enviou à Terra. Para S. Paulo, é tão importante acentuar a transcendência de Jesus, a sua origem divina, como sublinhar que, para nos trazer a salvação, Ele assumiu a nossa condição.

“Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domínio da Lei, ... a fim de recebermos a adopção de filhos.” (Gal 4,4-6). (S. Paulo, anos 55-57).

"...seu Filho, nascido da descendência de David segundo a carne, manifestado Filho de Deus em todo o poder, segundo o Espírito Santo, na sua ressurreição de entre os mortos, Jesus Cristo, Senhor nosso, ...” (Rom 1, 3-4). (S. Paulo, anos 55-57).

“Ele (Cristo), que é de condição divina, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tendo-se tornado semelhante aos homens e sendo identificado como homem, rebaixou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.” (Filip 2,6-8). (S.Paulo, 57 ou 63).

“É Ele (Cristo) a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura; nele todas as coisas foram criadas, nos céus e na terra (...). Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas elas subsistem nele.” (Col 1,15-17). (Epístola escrita provavelmente por alguém do grupo de S.Paulo, anos 60).

“Bendito seja o Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo (...) Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo (...) para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo. (...) Manifestou-nos o mistério da sua vontade (...): submeter todas as coisas a Cristo, reunindo nele o que há no céu e na terra.” (Efes 1,3-10). (Escrita provavelmente por alguém do grupo de S. Paulo, anos 60).

Conta-se que, logo após a morte de S. Pedro, em 66 ou 67, os cristãos de Roma pediram a Marcos, de há muito seu companheiro, que escrevesse tudo aquilo que ele costumava ensinar. Assim apareceu, por volta de 70, o primeiro Evangelho. Na década de 80, Mateus e Lucas, consultando os que tinham contactado com Jesus, procuraram completar a informação.

S. Mateus retoma a palavra de S. Paulo, segundo a qual Jesus é o Filho de Deus, que Deus enviou à Terra a nascer de uma mulher: “Maria, sua mãe, estava noiva de José. Antes de viverem em comum, concebeu pelo poder do Espírito Santo. (...). O anjo do Senhor apareceu a José e disse-lhe: «José, filho de David, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco.” (Mat 1,18-23).

S. Lucas dá-nos um desenvolvimento maior: “Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem noiva de um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. (...). Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo.(...)». Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, Aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.(...).» Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.»” (Luc 1, 26-38).

Escrito entre 90 e 100, o Evangelho de S. João é mais uma teologia do que um relato: procura estabelecer relações entre os dados, sublinha os temas maiores, propõe significados. “Desde sempre (no princípio) era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus. Desde sempre o Verbo estava em Deus. Pelo Verbo tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam. (...) O Verbo era a luz verdadeira, que veio ao mundo iluminar todo o homem. (...). Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. (...). O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. (Jo 1, 1-14).

Estes textos ensinam que Deus amou tanto os homens que lhes entregou o seu Filho Único (Jo 3, 16). Há aqui uma diferença fundamental entre a perspectiva cristã e as perspectivas judaica e islâmica. Judeus e maometanos acreditam num Deus único, transcendente, misericordioso, capaz de perdoar todos os pecados dos homens. Para eles, no entanto, a doutrina da encarnação do Verbo parece um absurdo: acham que Deus deixaria de ser Deus se entrasse na condição humana. Nós, cristãos, acreditamos nesse quase-absurdo: que o Verbo de Deus tomou a condição humana e veio morrer numa cruz.

Mas estes textos levam-nos muito mais longe. Deus não é só aquele Infinito absurdo que ama os homens até ao ponto de permitir que o seu Verbo morra por eles numa cruz. É o Infinito absurdo que elege uma criatura, uma mulher, e faz dela sua Mãe.

Sempre os crentes perguntaram como é que se ama a Deus. Os cristãos encontram aqui uma pista. Amar a Deus é entrar na disposição de dar tudo por Ele: querer que a minha vida seja sinal d'Ele para os outros homens, abrir-Lhe o coração e o olhar para Ele numa confiança sem fim. Como, acreditamos, fez Maria.

Desde o séc. II, a tradição católica e a tradição ortodoxa afirmam que, em honra deste mistério da Encarnação do Verbo, Maria e José continuaram a viver o casamento na virgindade. Nos evangelhos fala-se nos “irmãos” de Jesus; questão pouco significativa, por isso que, na língua da Bíblia, todo o parente próximo pode ser designado por irmão. No século XVI, o protestantismo decidiu que a Bíblia deve ser tomada à letra e, portanto, José e Maria tiveram, depois do nascimento de Jesus, outros filhos.

Maria viveu a infância, a juventude, a maturidade e a velhice nesta terra dos homens. Uma tradição, acolhida pelos católicos e pelos ortodoxos, afirma que, terminado o seu tempo de vida na terra, Maria foi “assumida” ao Céu. Gratidão de Deus àquela que Lhe tinha dito “sim”.

..............................

[1] Jesus deve ter nascido 6 ou 7 anos antes da data que a tradição fixou como início da era cristã. Foi crucificado e ressuscitou no ano 30, portanto com 36 ou 37 anos.

Paulo era uns anos mais novo. O próprio Jesus o converte na estrada de Damasco, talvez em 37. Após longos meses de retiro, começou a trabalhar com Barnabé na evangelização de Antioquia, por volta de 43. Em três longas viagens, Paulo funda numerosas comunidades, na Ásia Menor e na Grécia. Com elas, e com a comunidade de Roma, troca epístolas.

P.e João Resina Rodrigues (extracto de A Palavra no Tempo II

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SANTA JOANA MARIA DE CHANTAL

Santa Joana Francisca de Chantal
Co-fundadora da Ordem da Visitação de Nossa Senhora

No século XVI, a heresia protestante devorara como um câncer quase toda a Alemanha. Lançando metástases pela Europa, penetrou tão perigosamente na França, que em breve seu poderio foi o de um Estado dentro do Estado.

Aproveitando-se da fraqueza e omissão da dinastia francesa dos Valois, dirigida efetivamente pela inescrupulosa Catarina de Medicis e do apoio de membros da mais alta nobreza, seduzidos pela nova heresia, esta ameaçava a própria existência da única e verdadeira religião, a Católica.

Diante do perigo, os católicos, liderados pela família dos duques de Guise, formaram uma Liga Santa para a defesa de sua Religião. Dissolvida por Henrique III, a referida Liga renasceu em 1587, quando o Tratado de Beaulieu favoreceu demasiadamente os huguenotes, como eram chamados os protestantes na França. Da Liga fazia parte o enérgico e ardente católico Benigno Fremyot, Presidente do Parlamento da Borgonha, casado com Margarida de Berbisey. Foi nesse ambiente, carregado das guerras de religião, que nasceu Joana, segunda filha deste casal.

Não há dúvida de que o amor materno é insubstituível na formação moral e religiosa da prole. O caso do Presidente Fremyot foi uma das notáveis e raras exceções a essa regra. Joana tinha apenas 18 meses quando faleceu a mãe, no parto do terceiro filho, André. Benigno Fremyot supriu a falta da esposa dando aos filhos uma educação ao mesmo tempo afetuosa e viril. Dos três que teve, a primeira faleceria piedosamente poucos anos depois de casada; a segunda seria elevada à honra dos altares; e o último, por sua virtude e qualidades morais, tornar-se-ia, aos 21 anos, Arcebispo de Bourges e amicíssimo de São Francisco de Sales.

O Presidente Fremyot os reunia de manhã e à noite para ensinar-lhes a rezar, conhecer e amar a verdadeira Igreja e o Papa. Quando seus filhos foram crescendo, o Presidente Fremyot contratou mestres escolhidos para reforçarem sua formação. "Joana aprendia com grande facilidade e viveza de imaginação. E, dado seu bom talento e a posição que ocupava no mundo, foi-lhe ensinado tudo o que deveria saber uma jovem de sua classe: ler, escrever, dançar, tocar instrumentos de música, canto, os labores próprios ao seu sexo etc."

Ao receber a Confirmação, por devoção ao Poverello de Assis, Joana acrescentou ao seu o nome de Francisca.

Aos 20 anos, Joana Francisca foi dada pelo pai em casamento ao Barão de Chantal, valoroso oficial do exército francês e católico, embora desde a morte da mãe ele levasse uma vida um tanto dissipada.

O primeiro cuidado de Joana foi conquistar o coração do marido para levá-lo inteiramente a Deus. Isso não foi difícil, pois o Barão, além das boas predisposições que possuía, percebeu logo que Deus lhe tinha dado por esposa uma santa. A união entre eles foi tão grande que se dizia que tinham um só coração. Ao mesmo tempo a baronesa estabeleceu, com bondade e firmeza, a ordem e a disciplina no seio da numerosa criadagem do castelo.

O casal foi abençoado com seis filhos, dos quais os dois primeiros faleceram apenas nascidos. Sucederam-lhes outro filho e três filhas, tendo a última nascido poucas semanas antes da morte do Barão.

Mortalmente ferido por seu melhor amigo num acidente de caça, recebeu os últimos Sacramentos, perdoou seu homicida e recomendou à Baronesa que se resignasse à vontade de Deus.

Joana ficava assim viúva aos 28 anos, com quatro filhos para educar e o baronato para dirigir. Foram-lhe necessárias toda sua fé e energia para aceitar o rude golpe. Mas recebeu muitas graças nessa época, o que a levou a afirmar mais tarde que, não fossem os filhos tão pequenos, teria tudo abandonado para ir terminar seus dias em Jerusalém, consagrada inteiramente a Deus.

Essa alma forte e generosa foi submetida na viuvez a novas provações! O Barão de Chantal , sogro de Joana, cujo caráter orgulhoso, vaidoso e extravagante ela conhecia, sentindo-se muito só em sua velhice, queria que a jovem viúva, com os filhos, fosse lhe fazer companhia.

No novo domicílio, cuja desordem era igualmente de seu conhecimento, Joana entregou-se a todas as obras de apostolado e misericórdia por ela desenvolvidas no anterior. Mas sentindo a necessidade de encontrar um bom diretor espiritual, pediu insistentemente a Deus essa graça.

Em 1604, o já merecidamente célebre Bispo de Genebra, São Francisco de Sales, foi pregar a quaresma em Dijon, cidade natal de Joana. Esta convenceu o sogro a trasladarem-se para a casa de seu pai para seguirem os sermões.

O grande pregador, a quem Deus mostrara em sonhos sua futura penitente, imediatamente a reconheceu, atenta e recolhida, em meio aos fiéis. Esta também reconheceu com emoção aquele que Deus designara para seu pai espiritual. Começou assim um dos mais belos parentescos espirituais da História da Igreja, que tantos e tão belos frutos produziria.

São Francisco de Sales traçou-lhe uma minuciosa regra de vida. Sob sua direção, Santa Joana de Chantal progrediu tão rapidamente, que o santo se admirava, dando graças a Deus.

Aos poucos maturava na mente do Bispo de Genebra o projeto de uma nova congregação religiosa, com regras adaptadas a virgens e viúvas que, desejando servir a Deus, não se sentiam atraídas pelas grandes austeridades das famílias religiosas já existentes. Teriam como oração em comum somente o Ofício Parvo de Nossa Senhora; deveriam dedicar-se também à assistência dos pobres e enfermos.

Joana pôs-se à sua disposição para a realização da obra assim que seus filhos estivessem encaminhados. A mão de Deus fez-se então sentir para abreviar o tempo de espera. A Baronesa de Chantal tornara-se amicíssima da Baronesa de Boissy, mãe de São Francisco de Sales, senhora virtuosíssima, viúva e mãe de 13 filhos. Tal era a confiança que esta tinha em Joana que, a conselho de São Francisco, confiou à jovem viúva a educação de sua caçula, de nove anos. Esta veio a falecer poucos anos depois nos braços de Santa Joana.

Para unir por laços mais fortes que os da amizade as duas famílias, a Senhora de Boissy propôs o casamento de seu filho, Barão de Thorens, de 14 anos, com Maria Amada, filha mais velha de Santa Joana, então com 12. O casamento foi oficiado por São Francisco de Sales e como era costume na época, a jovem esposa foi viver com a família do marido até atingir a idade núbil.

Santa Joana confiou o filho, Celso Benigno, ao avô, Presidente Fremyot, que com a ajuda de um virtuoso preceptor completaria a educação do adolescente. Levando as duas filhas para terminar sua educação no convento, a Baronesa de Chantal ficava assim livre para a realização da grande obra.

Antes de partir, renunciou a todos seus bens em favor dos filhos e embarcou para Annecy, que fazia parte então do Ducado da Sabóia. Pouco depois, Deus chamou a Si a filha caçula de Joana, aquela a quem ela mais amava por sua inocência e docilidade.

Em Annecy já a esperavam três donzelas virtuosas, dirigidas de São Francisco de Sales, que com ela principiariam a obra. A Congregação idealizada pelo Bispo de Genebra era uma inovação. Até então só havia conventos de reclusas. Na recém-fundada Congregação – denominada da Visitação – as religiosas não guardariam clausura, pois deveriam cuidar dos pobres, o que suscitou muitas controvérsias.

Apesar da pobreza e das críticas recebidas, novas postulantes foram ingressando na Congregação e três jovens viúvas de Lyon pediram licença para lá fundar uma casa. Nessa ocasião, interveio o Cardeal Arcebispo local, convencendo São Francisco de Sales a erigir e transformar a Congregação em Ordem religiosa e aceitar a obrigação da clausura perpétua. O Fundador, tendo aceito a proposta, estipulou contudo que em seus conventos se pudessem receber senhoras e donzelas que quisessem retirar-se temporariamente para pôr em ordem sua consciência.

Embora muito atenuada em relação às regras existentes, no que se refere a penitências, jejuns e longos ofícios em comum, São Francisco de Sales reforçou a pobreza e a obediência da nova instituição. Nenhuma religiosa poderia ter nada seu, nem mesmo o hábito ou o rosário que usava. Cada ano havia uma rotação de tudo, inclusive livros e objetos de piedade.

A finalidade visada por São Francisco de Sales para sua Congregação seria levada avante pouco depois por seu grande amigo, São Vicente de Paulo, mediante a criação das Filhas da Caridade.

Foi cedendo a instâncias da Madre Chantal e dedicando-o a suas filhas da Visitação, que São Francisco de Sales escreveu seu famoso Tratado do Amor de Deus. "Minha filha, disse-lhe o santo Bispo, o Tratado do Amor de Deus está escrito para vós". No prefácio da obra, ele diz: "Como Deus sabe o muito que estimo essa alma, não foi pouco o que ela influiu nesta ocasião ... o que mais me moveu a levar avante meu projeto foram as reiteradas instâncias desta alma".

Àqueles a quem ama, Nosso Senhor presenteia com sua Cruz. Como alma eleita e muito sensível ao afeto, a Providência foi tirando de Santa Joana suas mais caras afeições para que se desapegasse inteiramente das criaturas.

Às provações já sofridas no transcurso da vida, somaram-se as espirituais, como tentações terríveis, algumas vezes contra a fé. Conheceu a noite escura e a secura espiritual para chegar a um grau sublime de contemplação. São Vicente de Paulo afirmou que, embora aparentando paz e tranqüilidade, Santa Joana "sofria terríveis provas interiores. Via-se tão assediada de tentações abomináveis, que tinha que apartar os olhos de si mesma com horror para não contemplar esse espetáculo insuportável .... Em meio a tão grandes sofrimentos, jamais perdeu a serenidade nem esmoreceu na plena fidelidade que Deus lhe exigia. Por isso a considero como uma das almas mais santas que encontrei sobre a terra".

Após a morte de São Francisco de Sales, não só consolidou a obra nascente, mas a fez expandir. Durante sua vida, os mosteiros da Visitação elevaram-se a 65. A todos visitou para satisfazer o desejo que muitas de suas filhas espirituais tinham de conhecê-la.

Em 1641, a rainha Ana d’Áustria convidou-a para ir a Paris, cumulando-a de honras e distinções. Era a exaltação que a Realeza prestava à Santa que foi, em vida, comparável à própria Mulher forte do Antigo Testamento. Meses depois, foi ela receber, no Céu, a recompensa demasiadamente grande que Deus reserva a seus eleitos.

Entregou sua alma a Deus em Moulins, a 13 de dezembro de 1641. Foi beatificada por Bento XIV a 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

IRMÃO ROGER E O DOM DA PAZ







Taizé: Ir. Roger e o dom da paz
Comunidade celebra este mês 70 anos de existência e revela declarações inéditas do seu fundador, morto em 2005

Taize.fr
A comunidade Taizé festeja, no próximo dia 14 de Agosto, o seu septuagésimo aniversário. Uma ocasião em que será também prestada homenagem ao seu fundador, o Irmão Roger.

Um homem que acreditava que, para se entrar no espírito de Taizé, bastava “tomarmos consciência, aos poucos, de que há um dom, um presente, como que uma oferta de Deus a todos nós, que é a paz, a paz interior, a paz do coração”.

Quanto aos objectivos que a comunidade tinha para os jovens, eram simples: “que sejam escutados, não para pedirem conselhos ou instruções, nada disso. Mas que sejam ouvidos e que se liberte assim em cada ser humano, nesta escuta, nesta compreensão que é amor, que se descubra aos poucos, o que não sabíamos”, dizia o Irmão Roger.

Estes dois excertos fazem parte de um conjunto de entrevistas inéditas, em vídeo, que a comunidade Taizé tem vindo a revelar, em homenagem ao seu fundador.

Roger Schütz-Marsauche foi morto a 16 de Agosto de 2005, durante uma celebração da oração da noite, por uma mulher de 35 anos, de origem romena, que sofria de perturbações mentais. Terminava assim, a aventura de vida daquele que era conhecido, simplesmente, por Irmão Roger.

Uma vida que ficou, desde cedo, marcada pelo sofrimento da guerra. O Irmão Roger tinha 25 anos quando teve de sair do seu país de origem, a Suíça, para se mudar para França, em 1940. A Segunda Guerra Mundial começara um ano antes e o jovem, formado em Teologia, tinha já a forte convicção de que queria fazer algo por aqueles que estavam a sofrer com o desenrolar do conflito.

Em França, a terra da sua mãe, fixou-se na aldeia de Taizé, na região de Borgonha. Ali começou a acolher refugiados de guerra numa casa que comprara há alguns anos. Foi lá que foram lançadas as primeiras sementes para uma experiência de vida comunitária, que mais tarde ficaria conhecida como Comunidade de Taizé.

Em 1942 a casa foi descoberta pelas forças alemãs e todos tiveram de se mudar para Genebra, na Suíça, onde ficariam até ao final da guerra. A partir de 1945, a Comunidade de Taizé começou a desenvolver-se na sua plenitude: jovens provenientes de toda a parte começaram a juntar-se aos primeiros irmãos; a comunidade recebia ainda crianças que a guerra tinha feito órfãs. Em 1949, no dia de Páscoa, oito elementos, incluindo o Irmão Roger, fizeram votos de celibato e comprometeram-se a uma vida comunitária feita de simplicidade.

Entre 1953, o irmão Roger acabou de escrever a Regra de Taizé, onde ficaram estabelecidos, até hoje, os princípios orientadores da comunidade. Uma das regras diz “ama teu próximo, seja qual for a sua visão religiosa ou ideológica”. Taizé passou a ser sinónimo de encontro com Deus, oração, diálogo e, sobretudo, local de reconciliação para milhares de pessoas.

O irmão Roger é recordado pelo Papa Bento XVI como alguém que, “através do seu testemunho de fé cristã e de diálogo ecuménico, transmitiu lições valiosas para gerações inteiras de jovens". (declaração prestada durante a Audiência Geral de 16 de Agosto de 2006, em Castel Gandolfo, segundo a Rádio Vaticano).

O seu sucessor, o Irmão Alois Loser, definiu-o, em entrevista à Rádio Vaticano, em 2007, como alguém que sempre teve uma paixão pela comunhão da Igreja”.

Hoje em dia, a Comunidade de Taizé é constituída por mais de 100 irmãos, de várias nacionalidades, representantes das Igrejas Católica e Protestante. Os jovens que a visitam (cerca de 6 mil por semana) procuram meditar na Palavra de Deus e encontrar paz de espírito para as suas vidas

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

SÃO JOÃO BAPTISTA MARIA VIANNEY

Boas vocações vem do céu; é Deus que as dá. “Grande é a messe, diz Nosso Senhor, e poucos são os operários; pedi, pois ao Senhor da messe, para que mande operários para a sua messe”. Grande é a messe do Senhor e poucos são os Padres. São as famílias que devem fornecer as vocações; é das famílias que Deus, o Senhor da messe quer escolher seus operários. Trabalhemos, pois, cada um no lugar que Deus lhe determinou na sociedade, pela santificação da família, pela compreensão da sublimidade do sacerdócio; rezemos, para que o reino de Cristo se firme cada vez mais nas famílias; o reino de Cristo com seu espírito de sacrifício e de oração; rezemos pela santificação dos pais, das mães; pais santos, mães santas, que não deixam a Igreja sem sacerdotes. Da árvore do matrimônio virá o fruto santo do sacerdócio.

De São João Batista Vianney são as seguintes considerações, apropriadas aos nossos tempos:

1. “Devemos trabalhar para tornar-nos merecedores de receber a Santíssima Eucaristia todos os dias. Se não nos é possível comungar diariamente substituamos a Comunhão real pela espiritual, que pode ser feita a cada instante; e nós devemos ter o desejo ardente de receber Deus Nosso Senhor.

A Comunhão é para a alma o que o sopro é para o fogo, que está para apagar-se. – Ide à Comunhão, ide a Jesus! Ide viver dele para viver com Ele. Não digais que tendes muito que fazer. Não disse Nosso Senhor: Vinde a mim: vós que trabalhais e vos achais sobrecarregados? Não digais que não sois dignos. Tendes razão, mas é verdade também que d’Ele precisais. Se Nosso Senhor tivesse tido em vista a vossa dignidade, jamais teria instituído o belo sacramento do amor. Não digais que sois tão miseráveis. Gostaria mais de vos ouvir dizer que estais muito doentes e por isso deixais de chamar o médico. – Todos os seres necessitam do alimento para viver.

O alimento da alma é Deus. A alma só de Deus pode viver e nada mais a satisfaz, senão Deus”.

2. Sobre as danças dizia Vianney: “Vede meus irmãos, as pessoas que vão ao baile, deixam o Anjo da Guarda na porta e é um demônio que lhe toma o lugar, de modo que há no salão tantos demônios, quantos são os dançarinos”.- Se no tempo de Vianney assim já era, o que diria ele, se visse determinadas danças de hoje, que são a vergonha do nosso século? Especialmente em bailes onde a impureza jorra, a pancadaria impera, a violência produz desgraça? Isto bem conhecemos pela imprensa que, diariamente noticia consumo de drogas, brigas intensas, assassinatos fúteis em boates movidas por músicas frenéticas, embalos alucinantes e letras escandalosamente malignas.

3. A respeito da santidade do domingo, ouviu-se Vianney muitas vezes dizer: “Vós trabalhais, mas o ganho arruína o vosso corpo e a vossa alma. Se perguntasse àqueles que no domingo trabalham: Que estais a fazer? Eles poderiam responder: Estou vendendo a minha alma ao demônio; Estou crucificando Nosso Senhor; estou renegando o meu batismo!... Oh! Como se engana aquele que aproveita do domingo, pensando que ganha mais dinheiro! Vós tendes a convicção de que tudo depende do vosso trabalho; é engano. Ora vem uma doença, um acidente... é preciso tão pouca coisa... uma tempestade, uma chuva... Deus tem tudo na mão; ele pode vingar-se quando e como quer... Conheço dois meios para empobrecer: “Trabalhar no domingo e roubar bens alheios

domingo, 8 de agosto de 2010

PALAVRA DO SENHOR PARA O DIA DE HOJE COM OS ARAUTOS DO EVANGELHO


DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM


Disse Jesus aos seus discípulos: 32'Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33Vendei vossos bens e dai esmola
Domingo, 8 de Agosto de 2010.
SANTO DO DIA: São Domingos de Gusmão; Santo Eusébio de Milão, Bispo
Primeira Leitura do Livro da Sabedoria 18,6-9
Leitura do Livro da Sabedoria:
6A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos. 7Ela foi esperada por teu povo, como salvação para os justos e como perdição para os inimigos. 8Com efeito, aquilo com que puniste nossos adversários, serviu também para glorificar-nos, chamando-nos a ti. 9Os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos. Isto, enquanto entoavam antecipadamente os cânticos de seus pais.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus

Segunda Leitura da Carta dos Hebreus 11,1-2.8-19
Leitura da Carta aos Hebreus:
Irmãos: 1A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem. 2Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. 8Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia. 9Foi pela fé que ele residiu como estrangeiro na terra prometida, morando em tendas com Isaac e Jacó, os co-herdeiros da mesma promessa. 10Pois esperava a cidade alicerçada que tem Deus mesmo por arquiteto e construtor. 11Foi pela fé também que Sara, embora estéril e já de idade avançada, se tornou capaz de ter filhos, porque considerou fidedigno o autor da promessa. 12É por isso também que de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão 'comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias do mar'. 13Todos estes morreram na fé. Não receberam a realização da promessa, mas a puderam ver e saudar de longe e se declararam estrangeiros e migrantes nesta terra. 14Os que falam assim demonstram que estão buscando uma pátria, 15e se se lembrassem daquela que deixaram, até teriam tempo de voltar para lá. 16Mas agora, eles desejam uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isto, Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus. Pois preparou mesmo uma cidade para eles. 17Foi pela fé que Abraão, posto à prova, ofereceu Isaac; ele, o depositário da promessa, sacrificava o seu filho único, 18do qual havia sido dito: 'É em Isaac que uma descendência levará o teu nome'. 19Ele estava convencido de que Deus tem poder até de ressuscitar os mortos, e assim recuperou o filho - o que é também um símbolo.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Salmo 32

Ó justos, alegrai-vos no Senhor! aos retos fica bem glorificá-lo. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor e a nação que escolheu por sua herança!
R: Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria.
R: Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!
R: Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 12,32-48
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 32'Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! 39Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes'. 41Então Pedro disse: 'Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?' 42E o Senhor respondeu: 'Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: 'Meu patrão está demorando', e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!




Comentário ao Evangelho do dia feito por São Cipriano (c. 200-258), Bispo de Cartago e mártir
Sobre a unidade, 26-27 (a partir da trad. de DDB 1979, p. 49 e AELF)
«Estai preparados»
Era no nosso tempo que o Senhor estava a pensar quando disse: «Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?» (Lc 18, 8). Vemos realizar-se esta profecia. Já não acreditamos no temor de Deus, nem na lei da justiça, nem na caridade, nem nas boas obras. [...] Tudo aquilo que a nossa consciência temia, porque acreditava, deixou de temer, porque já não crê. Porque, se cresse, estaria vigilante; e, estando vigilante, salvar-se-ia.
Despertemos pois, meus irmãos muito queridos, tanto quanto formos capazes. Sacudamos o sono da nossa inércia. Velemos de forma a observar e a praticar os preceitos do Senhor. Sejamos como Ele nos recomendou que fossemos quando disse: «Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando ele chegar e bater. Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes!».
Sim, permaneçamos vigilantes, com receio de que venha o dia da nossa partida e nos encontre tolhidos e empedernidos. Que a nossa luz brilhe e irradie em boas obras, que ela nos encaminhe da noite deste mundo para a luz e para a caridade eternas. Aguardemos com zelo e prudência a chegada súbita do Senhor, a fim de que, quando Ele bater à porta, a nossa fé esteja desperta para d'Ele receber a recompensa pela nossa vigilância. Se observarmos estas ordens, se retivermos estes conselhos e estes preceitos, as manhas enganosas do Acusador não conseguirão atingir-nos durante o sono. Mas, reconhecidos como servos vigilantes, reinaremos com Cristo triunfador

sábado, 7 de agosto de 2010

ESTAMOS NO PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS DE AGOSTO


Mensagem de Fátima


Primeira Parte

“A Virgem mostrou-nos– disseram os pastorinhos– um grande mar de fogo, que parecia estar debaixo da Terra. Imersos naquele fogo, havia demónios e outras almas, como se fossem brasas transparentes negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, arrastadas pelas chamas que saiam deles mesmos juntamente a nuvens de fumo, caindo por todas as partes, tal com caem as cinzas nos grandes incêndios, sem peso nem equilibro, entre gritos e gemidos de dor e de desespero que provocavam pânico e faziam tremer de medo. Os demónios reconheciam-se pelas formas horríveis e repugnantes de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta visão durou um momento, graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição), pois de contrário, creio que teríamos morrido de medo e de terror.”



Segunda Parte

A Virgem disse de seguida aos pastorinhos: “Vistes o inferno, onde caem as almas dos pobres pecadores. Para salvá-los, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fazerem o que Eu vos direi, muitas almas se salvarão e terão paz. A guerra está a ponto de acabar (trata-se da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918); mas se não param de ofender a Deus, durante o pontificado de Pio Xi começará outra pior. Quando vires uma noite iluminada por uma luz desconhecida (Lúcia considerou que a “extraordinária” aurora boreal, na noite de 25 de Janeiro de 1938, era o signo de Deus para o início da guerra), sabei que é o grande signo que Deus dará para castigar o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e das perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedi-lo, virei a pedir a consagração da Rússia ao Meu Coração Imaculado e a Comunhão de Reparação nos primeiros sábados”. (Esta promessa de voltar cumpriu-se a 10 de Dezembro de 1925, quando a Virgem apareceu a Lúcia em Pontevedra, Espanha).

Se aceitarem os meus pedidos, a Rússia converter-se-á e haverá paz; se não é assim, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.

Os bons serão martirizados; o Santo Padre terá que sofrer muito, e várias nações serão destruídas. Finalmente, o Meu Coração Imaculado triunfará. O Santo Padre fará que a Rússia se consagre a Mim, a qual se converterá (foram cumpridas as condições para a consagração da Rússia e, consequentemente, para a sua conversão, tal como a Mãe de Deus pediu? Lúcia manifestou a opinião contrária. Deste modo, continuamos sofrendo as consequências do comunismo ateu, que nas mãos de Deus é um flagelo para castigar o mundo pelos seus pecados), e será concedido ao mundo um período de paz.” (Esta promessa é incondicional e, certamente, cumprir-se-á. Mas nós não conhecemos o dia em que dita promessa se realizará.)



Terceira Parte

“Não temas, querida pequena. É a Mãe de Deus que te fala e que te pede que faças pública a presente mensagem para o mundo inteiro. Procedendo assim, encontrarás fortes resistências. Escuta bem e presta atenção a isto que te digo.

Os Homens devem corrigir-se. Com humildes súplicas devem pedir perdão pelos pecados cometidos e que pudessem cometer. Tu desejas que dê um sinal para que cada um aceite as palavras que Eu digo, através de ti, ao género humano. Vistes o prodígio do Sol e todos, crentes, incrédulos, aldeãos, citadinos, sábios, jornalistas, laicos, sacerdotes, todos o viram. Agora proclama em Meu Nome:

Um grande castigo cairá sobre o género humano, não hoje nem amanhã, mas na segunda metade do século XX. Eu já o tinha revelado aos pequenos Melania e Maximino em “La Salette”, e hoje repito-te a ti, porque o género humano pecou e pisoteou o Dom que lhe tinham concedido. Em nenhum lugar do mundo há ordem, e Satanás reina sobre os mais altos postos, determinando a marcha das coisas. Ele, efectivamente, logrará introduzir-se até ao cume da Igreja. Ele logrará seduzir os espíritos dos grandes cientistas que inventam as armas, com as quais será possível destruir em poucos minutos grande parte da humanidade. Terá em seu poder os poderosos que governam os povos, e incitá-los-á a fabricar enormes quantidades destas armas. E se a humanidade não se opuser, estarei obrigada a deixar livre o braço de Meu Filho. Então ver-se-á que Deus castigará os homens com maior severidade, como não o tinha feito desde o Dilúvio.

Chegará o tempo dos tempos, o fim dos fins, se a humanidade não se converte; e se tudo continuar como agora, ou pior, se agravar muito mais, os grandes e os poderosos padecerão junto aos pequenos e aos débeis. Também para a Igreja chegará o tempo das suas maiores provas. Cardeais opor-se-ão a cardeais, e bispos a bispos. satanás caminhará por entre as suas fileiras, e em Roma haverá mudanças. O que está podre cairá e o que cair não se levantará jamais. A Igreja será ofuscada, e o mundo transtornado pelo terror. Tempo chegará em que nenhum rei, imperador, cardeal ou bispo, esperará Aquele que, sem embargo, virá, mas para castigar segundo os desígnios de Meu Pai.

Uma grande guerra desencadear-se-á na segunda metade do século XX. Fumo e fogo cairão do Céu, as águas dos oceanos tornar-se-ão vapor e a espuma elevar-se-á revolvendo e inundando tudo. Milhões e milhões de Homens perecerão de hora em hora. Aqueles que fiquem com vida envejarão aos mortos. Para qualquer sítio onde se dirija o olhar haverá angústia, miséria e ruínas, e em todos os países.

Vês? O tempo aproxima-se cada vez mais, e o abismo engrandece-se sem esperança. Os bons perecerão com aos maus, os grandes com os pequenos; os príncipes da Igreja com os seus fiéis e os governantes com os seus povos. Haverá morte por todas as partes por causa dos erros cometidos pelos insensatos e os partidários de Satanás, o qual, só então, reinará sobre o mundo. Por fim, quando aqueles que sobreviverem a todo o evento estejam ainda com vida, proclamarão novamente a Deus e à Sua Glória, e o servirão como no tempo em que o mundo não era tão perverso.

Vê, minha pequena, e proclama-o! Eu, para isso, estarei sempre a teu lado para ajudar-te.”



Um pensamento... para meditar:

Quando a mensagem foi recebida, em 1917, ninguém poderia pensar todavia na bomba atómica, nas suas consequências e em todas aquelas outras energias que, “durante poucas horas poderiam destruir toda a humanidade”. Isto é suficiente para demonstrar a autenticidade da mensagem, e deveria também fazer-nos reflectir sobre tudo quanto foi dito e recomendado pela Virgem. Ela é Mãe, e como tal, quer preservar-nos de todo o mal, tanto espiritual como moral ou físico.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ROSTO DE CRISTO

1ªSEXTA FEIRA DO MÊS


Prometemos viver cristãmente praticando as virtudes de nossa religião, sem nos envergonharmos de testemunhar a fé.
Ó Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria, aceitai esta humilde oferta de entrega de cada um de nós, através deste ato de consagração.

ORIGEM DA DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


Na sexta-feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a Igreja celebra a festa do Sagrado Coração de Jesus. De acordo com os desejos de Nosso Senhor, manifestados a Santa Margarida Maria Alacoque, deve ser dia de reparação, pela ingratidão, frieza, desprezo e sacrilégios que muitas vezes sofreu na Eucaristia, por parte de maus cristãos, e às vezes até por parte de pessoas que se presumem piedosas. Em todas as igrejas se fazem neste dia, solenes atos coletivos de reparação. Para estimular os cristãos e retribuir com amor tantas e tão grandes provas de amor do divino Coração de Jesus, dedicou à sua veneração, não só a primeira sexta-feira de cada mês, mas também um mês inteiro, o mês de junho.

No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alcoque e, descobrindo seu Coração, disse-lhe: “Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor”.

Quem é devoto do Sagrado Coração de Jesus?

“Tem devoção ao Sagrado Coração de Jesus, quem considera o amor que Jesus Cristo patenteou na sua vida, na morte e no SSmo Sacramento, quem considera os afetos, os sofrimentos da alma de Jesus Cristo.

“É devoto do Sagrado Coração de Jesus, quem ama a Jesus Cristo, imita suas virtudes; quem Lhe faz reparação honorífica dos ultrajes que recebe e tudo isto, para corresponder ao amor que Ele nos vota.

“O Sagrado Coração de Jesus, na “GRANDE PROMESSA”, concedeu a inestimável graça da perseverança final aos que comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos. Pelo que se introduziu o exercício de devoções em honra do Sagrado Coração, na primeira sexta-feira de cada mês. Além da graça prometida, ganha-se uma indulgência plenária (Comunhão, reparação, oração e meditação por algum tempo sobre a infinita bondade do Sagrado Coração). (Pe. Réus: “Orai”)

Jesus, portanto, quer que Lhe demos amor e reparação das ofensas contra a Eucaristia, honrando e venerando o seu divino Coração.

E como para nos obrigar a isto, fez as seguintes magníficas promessas, em que fala a misericórdia do seu Sagrado Coração:

AS PROMESSAS

<> Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado.

<> Porei paz em suas famílias.

<> Consolá-los-ei em todas as suas aflições.

<> Serei o seu refúgio na vida e principalmente na morte.

<> Derramarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas .

<> Os pecadores acharão no meu Coração o manancial e o oceano infinito de misericórdia.

<> As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.

<> As almas fervorosas altear-se-ão, rapidamente, às eminências da perfeição.

<> Abençoarei as casas, onde se expuser e venerar a imagem do meu Sagrado Coração.

<> Darei aos sacerdotes o dom de abrandarem os corações mais endurecidos.

<> As pessoas que propagarem estas devoção, terão os seus nomes escritos no meu Coração, para nunca dele serem apagados.

<> A GRANDE PROMESSA: Prometo-te, pela excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final, que não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os seus sacramentos, e que o meu divino Coração lhes será seguro asilo nesta última hora.

Segue abaixo, a ficha de controle para as pessoas que se dispuserem a fazer as Comunhões Reparadoras ao Sagrado Coração de Jesus:

MINHAS COMUNHÕES REPARADORAS:
EU, ___________________________________________________, eu fiz a Comunhão Reparadora nas primeiras sextas-feiras dos seguintes meses:

1. No mês de ____________________ de 20___

2. No mês de ____________________ de 20___

3. No mês de ____________________ de 20___

4. No mês de ____________________ de 20___

5. No mês de ____________________ de 20___

6. No mês de ____________________ de 20___

7. No mês de ____________________ de 20___

8. No mês de ____________________ de 20___

9. No mês de ____________________ de 20___

E PROMETO ao Sagrado Coração de Jesus em levar uma vida digna de católico (a) praticante e fervoroso (a).

<> ENTRONIZAI O CORAÇÃO DE JESUS EM VOSSO CORAÇÃO ! <>

Divino Amigo, perseguido pelos inimigos e ferido no Coração pela tibieza de tantos amigos, vos queixastes a Santa Margarida: “Não acho, quem me ofereça um lugar de repouso... quero que teu coração me sirva de asilo...”, eu quero aliviar vossa queixa e dar ao vosso Coração o asilo, que tantas almas lhe negam, quando dizem, ao menos com as suas obras: “Não queremos que Ele reine sobre nós”. De minha parte, pelo contrário, só Vós haveis de ser o meu Rei. Vivei em mim que já não quero outra vida senão a vossa, outros interesses senão os da vossa glória, esvazio inteiramente meu coração e de par em par vo-lo abro. Entrai, Senhor! Dai-me o vosso Coração. Ele será o meu Rei muito amado. A Ele consagro e abandono meus interesses espirituais e temporais, meus sentidos e potências, minha vontade e todo o meu ser. Divino Coração de Jesus, reinai no meu coração! Imaculado Coração de Maria, defendei e dilatai nele o Reino de vosso Filho. Amém.

Coração Eucarístico de Jesus, Modelo do coração sacerdotal,
Tende piedade de nós! (300 dias)
Enviai, Senhor, à vossa Igreja,
Santos sacerdotes e fervorosos religiosos! (300 dias)

MINHA CONSAGRAÇÃO
Divino Salvador que, perseguido pelos inimigos e ferido no Coração pela tibieza de tantos amigos, Vos queixastes a Santa Margarida: “Tenho procurado consoladores e não os tenho encontrado...”.

Aqui estou, Senhor, para Vos consolar: Quero adorar vossa Majestade escondida, quero reparar as ofensas minhas e dos outros, quero amar o vosso amor desprezado e abandonado. Consagro-me inteiramente ao vosso divino Coração. Sêde Vós somente o meu Rei. Ajudai-me, Senhor, a difundir nas almas o reino do vosso Coração. Acendei a chama do vosso amor no coração dos vossos sacerdotes, para que se tornem apóstolos infatigáveis e portadores das bênçãos do vosso divino Coração.

Fazei que compreendam, finalmente, a honra e a obrigação que têm de Vos amar, para que, unidos entre si com os laços da vossa caridade, glorifiquem todos o vosso divino Coração, que é para nós, fonte de vida e salvação.
"Divino Coração de Jesus, reinai em meu coração!
Imaculado Coração de Maria, defendei e dilatai nele o Reino de vosso Filho. Amém!"

PALAVRA DO SENHOR PARA O DIA DE HOJE COM OS ARAUTOS DO EVANGELHO




Evangelho segundo São Lucas 9,28b-36
Naquele tempo: 28bJesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar.
Sexta-feira, 6 de Agosto de 2010.
SANTO DO DIA: Transfiguração do Senhor; Santo Hormisda, Papa; Beato Jocelino (ou Gezerino)
Primeira Leitura: Daniel 7,9-10.13-14
Leitura da Profecia de Daniel:
9Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como ló pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos. 13Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Segunda Leitura: Segunda Carta de São Pedro 1,16-19
Leitura da Segunda Carta de São Pedro:
Caríssimos: 16Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. 17Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: "Este é o meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer". 18Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo. 19E assim se nos tornou ainda mais firme a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em vossos corações.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Salmo 96
Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito
R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.
As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória.
R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.
Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.
R: Deus é Rei, é o Altíssimo, muito acima do universo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 9,28b-36
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:
Naquele tempo: 28bJesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. 32Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: 'Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.' Pedro não sabia o que estava dizendo. 34Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. 35Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!' 36Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor


Comentário ao Evangelho do dia feito por São Cirilo de Alexandria (380-444), Bispo e Doutor da Igreja
Homilias sobre a Transfiguração, 9; PG 77, 1011 (a partir da trad. de Delhougne, Les Pères commentent, p. 342)
«Moisés e Elias [...] falavam da Sua morte, que ia acontecer em Jerusalém»
Jesus subiu à montanha com os três discípulos que escolheu. Depois foi transfigurado por uma luz fulgurante e divina, a ponto de as Suas vestes parecerem brilhar como a luz. Seguidamente, Moisés e Elias envolveram Jesus, falaram entre eles da Sua partida, que devia acontecer em Jerusalém, quer dizer, do mistério da Sua incarnação e da Sua Paixão salvadora, que devia concretizar-se na cruz. Porque é verdade que a lei de Moisés e a pregação dos profetas tinham mostrado antecipadamente o mistério de Cristo. [...] Esta presença de Moisés e de Elias e a conversa entre eles tinha como objectivo mostrar que a Lei e os profetas formavam como que o cortejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor que tinham profetizado. [...] Depois de terem aparecido não se calavam, falando da glória de que o Senhor ia ser cumulado em Jerusalém pela Sua Paixão e pela Sua cruz e, sobretudo, pela Sua ressurreição.
Talvez o bem-aventurado São Pedro, acreditando que tinha chegado o Reino de Deus, tenha desejado permanecer na montanha, porque disse que deviam fazer «»três tendas». [...]. Não sabia o que estava a dizer». Porque ainda não tinha chegado o momento do fim do mundo e não será no tempo presente que os santos usufruirão da esperança que lhes foi prometida. É que São Paulo afirma: «Ele transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao Seu corpo glorioso» (Fil 3, 21).
Uma vez que o projecto da Salvação ainda não estava completo, estando apenas no seu começo, não era possível que Cristo, que tinha vindo ao mundo por amor, renunciasse a querer sofrer por ele. Porque Ele manteve a natureza humana para sofrer a morte na Sua carne, e para a destruir pela Sua ressurreição de entre os mortos

MANEiRA IMPRESSIONANTE DE PINTAR O ROSTO DE CRISTO

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SEMINÁRIO EM BOSTON

ORAÇÃO DA NOITE COM O SANTO PADRE BENTO XVI





Oração

(pronunciada pelo Santo Padre em 19/06/09)



Senhor Jesus, em São João Maria Vianney quiseste dar à Igreja uma comovente imagem da tua caridade pastoral. Animados por seu exemplo e em sua companhia, faz que vivamos em plenitude este Ano Sacerdotal.

Como ele, diante de tua Eucaristia, faz que possamos aprender como é simples e diária a tua Palavra a instruir, como é terno o amor com que acolhes os pecadores arrependidos, como é consolador abandonar-se confiantemente a tua Mãe Imaculada.

Senhor Jesus, por intercessão do Santo Cura d'Ars, faz que as famílias cristãs se tornem “pequenas igrejas”, nas quais todas as vocações e todos os carismas, infundidos pelo teu Santo Espírito, possam ser acolhidos e valorizados. Concede-nos, Senhor, de poder repetir, com o mesmo ardor do Santo Cura, as palavras com as quais costumava se dirigir a Ti:



Amo-te, meu Deus, e meu único desejo é amar-Te até o último respiro de minha vida.

Amo-Te, ó Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Te do que viver um só instante sem amar-Te.

Amo-Te, Senhor, e a única graça que peço é a de Te amar eternamente.

Meu Deus, se a minha lingua não puder dizer a cada instante que Te amo, quero que meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro.

Amo-Te, ó meu Deus Salvador, porque foste crucificado por mim, e me tens aqui crucificado por Ti.

Meu Deus, dá-me a graça de morrer amando-Te e sabendo que Te amo.

Amém.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ESPECIAL CURA D'ARS I

PALAVRA DO SENHOR PARA O DIA DE HOJE COM OS ARAUTOS DO EVANGELHO



Evangelho segundo São Mateus 15,21-28
Naquele tempo: 21Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: '
Quarta-feira, 4 de Agosto de 2010.
SANTO DO DIA: São João Maria Vianney, Presbítero e Confessor; São Raniero, Bispo e mártir

Primeira Leitura: Jeremias 31,1-7
Leitura do Livro do Profeta Jeremias:
1Naquele tempo, diz o Senhor, serei Deus para todas as tribos de Israel, e elas serão meu povo. 2Isto diz o Senhor: Encontrou perdão no deserto o povo que escapara à espada; Israel encaminha-se para o seu descanso.' 3O Senhor apareceu-me de longe: 'Amei-te com amor eterno e te atraí com a misericórdia. 4De novo te edificarei, serás reedificada, ó jovem nação de Israel; de novo teus tambores ornarão as praças e sairás entre grupos de dançantes. 5Hás de plantar vinhas nos montes de Samaria; os cultivadores hão de plantar e também colher. 6Virá o dia em que gritarão os guardas
no monte Efraim: 'Levantai-vos, vamos a Sião, vamos ao Senhor, nosso Deus`. 7Isto diz o Senhor: Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: 'Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus

Salmo Jr 31
Ouvi, nações, a palavra do Senhor e anunciai-a nas ilhas mais distantes:Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!
R: O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente.Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor
R: O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Então a virgem dançará alegremente, também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
R: O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 15,21-28
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus:
Naquele tempo: 21Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: 'Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!' 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: 'Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós.' 24Jesus respondeu: 'Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.' 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: 'Senhor, socorre-me!' 26Jesus lhe disse: 'Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos.' 27A mulher insistiu: 'É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!' 28Diante disso, Jesus lhe disse: 'Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!' E desde aquele momento sua filha ficou curada.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor

"NÃO SEI DA VIDA"

Os "não sei"da vida ,são mistério,
e em cada passo então dado
a revelação da sua passagem
é segredo pilar da portagem.
do presente para o passado
num desconexo concerto.

O presente será império
do sucedido efémero
em humilde acerto
nas colunas em vertical,
porque desprendidas
do folgor sem medidas
levam a olhar o céu
com estrelas luzentes.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

OS FILHOS DE MARIA


OS FILHOS DE MARIA

É o rio, filho da nascente,
o borbôto, filho da roseira,
o grão, filho da semente,
o pano filho do algodão,
o azeite filho da oliveira!

É a noite, filha do dia,
a tristeza, filha da dor,
é o sangue ,filho da vida
a oração, filha do amor
o trabalho, filho da lida.

É a paz, filha da alegria,
a hora, filha do tempo,
É o sal , filho do mar
o trovão, filho da nuvem,
o furacão, filho do ar

É a luz, filha do mano sol.
É o canto filho da voz.
É Jesus, filho de Maria.
É Maria, filha de Deus
que, Assumpta aos Céus,
vela por nós, filhos seus!

Ó Mãe, hinos a vós,
destes filhos, todos teus!
De Maria do Rosário Guerra

NOSSA SENHORA DA PORCIÚNCULA


Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, a “Festa do Perdão” de Assis
Entrar na Porciúncula

No dia 2 de Agosto a Igreja celebra a festa de Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, a “Festa do Perdão” de Assis.

Entrar na Porciúncula, com Francisco de Assis, é nascer de novo, pelo Espírito do Senhor.

– Foi nesta igrejinha que o jovem Francisco, procurando descobrir a vontade do Senhor a seu respeito, escutou o Evangelho, pediu ao sacerdote que lho explicasse e, exultando de alegria, exclamou: “Isto mesmo eu quero, isto peço, isto anseio poder realizar com todo o coração”. E, passando da vida eremítica, dedicou-se ao anúncio itinerante da Palavra de Deus entre o povo.

» Na procura de um sentido para a tua vida, escuta a Palavra do Senhor. Nela encontrarás a missão que te há-de fazer feliz!

Entrar na Porciúncula, com Francisco de Assis, é descobrir uma “geografia da salvação”, marcada por espaços e lugares que constituem especiais manifestações do Senhor.

– Foi nesta igrejinha que Francisco, embora sabendo que o Reino de Deus se encontra por todos os lugares da terra, e que a graça do Senhor pode ser dada em todos os lugares, foi saboreando aqui uma especial presença e graça do Deus da sua aventura evangélica e missionária. Por isso, repetia: “Meus filhos, tende cuidado em nunca abandonar este lugar. Se dele vos expulsarem por uma porta, entrai logo por outra, porque este lugar é verdadeiramente santo; é a casa de Cristo e da Virgem sua Mãe”.

» Na tua peregrinação sobre a terra, vai marcando alguns lugares como especiais no teu encontro com o Deus da História, a começar pelo santuário do teu coração.

Entrar na Porciúncula, com Francisco de Assis, é encontrar-se com Maria, rodeada de Anjos, mas tendo na fidelidade ao Evangelho a bússola das grandes opções.

– Foi nesta igrejinha que Francisco, zeloso pelo seu privilégio de ser pobre, responde a um irmão: “Se não vês outra maneira de prover ás necessidades dos irmãos, vai ao altar da Virgem e despoja-o dos seus ornamentos. Acredita, a Senhora há-de comprazer-se mais em ver despojado o seu altar para podermos observar o Evangelho do seu Filho, do que ver adornado o altar e desprezado a Ele”.

» Em caso de conflito entre devoções e fidelidade ao Senhor, não hesites: só o Evangelho te levará a construir a vida sobre a rocha firme da Palavra de Deus!

Entrar na Porciúncula, com Francisco de Assis, é saber-se abraçado pela ternura misericordiosa do Pai.

– Foi nesta igrejinha que Francisco, pensando com amargura nos anos e pecados do passado, sentiu a alegria do Espírito Santo e a certeza de que estava totalmente perdoado. Por isso, pediu ao senhor Papa que todos os que entrassem nesta igrejinha, como devotos peregrinos e penitentes, participassem desta “graça do Perdão”.

» Quando sentires o peso do pecado e do conflito interior, acredita que a misericórdia do Pai, o abraço de Cristo e a ternura do Espírito são mais fortes e mais belos que todos os pecados do mundo.

Entrar na Porciúncula, com Francisco de Assis, é abrir os braços e acolher cada pessoa como irmão.
– Foi nesta igrejinha que o Papa João Paulo II, seguindo os passos do Poverello de Assis, reuniu há 20 anos e pela primeira na história da Humanidade, os líderes das grandes religiões do Mundo para orar e jejuar pela Paz.

» No teu meio ambiente, sê um instrumento da Paz, do Diálogo e do Espírito de Assis

SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD

CORAÇÃO MÍSTICO
Neste blog serão apresentados alguns dos maiores místicos da Igreja Católica. "O cristão do futuro, ou será místico ou não será cristão" (Karl Rahner)

segunda-feira, 2 de Agosto
SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD (1811-1868)

Nasceu em Esère, França, em 4 de fevereiro de 1811, filho do segundo casamento de um comerciante viúvo. Pedro Julião marcou toda a Igreja com o verdadeiro culto a Jesus Eucarístico. São Pedro Julião Eymard pertencia a uma família tão religiosa que a própria mãe o levava diariamente na Igreja para receber a benção do Santíssimo. Certa vez o menino de cinco anos desapareceu de casa e quando o procuraram na igreja encontraram Pedro diante do sacrário com esta resposta lábios: "Estou falando com Jesus".

Foi à luz do Cristo Eucarístico que Pedro Julião descobriu sua vocação ao sacerdócio, a qual concretizou-se depois vencer as oposições do pai, tornando-se assim um padre secular e mais tarde religioso na Congregação dos Maristas. Como sacerdote secular foi zelosíssimo, a ponto de ser comparado ao Cura d'Ars. Passou, a seguir, 17 anos como religioso na Sociedade de Maria, chegando a ocupar cargos dos mais altos nessa família religiosa.

Padre Eymard já notava que havia um certo distanciamento do povo da Igreja. Algo precisava ser feito. Rezou muito, pediu conselhos aos superiores e para o próprio papa Pio IX. Entretanto, percebeu que por meio do Instituto dos Maristas não poderia executar o que era preciso. Deixou o Instituto e foi para Paris. Lá, em 1856, com a ajuda do arcebispo de Paris, fundou a Congregação dos Padres do Santíssimo Sacramento. E, depois de três anos, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Mais tarde, também fundou uma Ordem Terceira, em que leigos comprometem-se na adoração do Santíssimo Sacramento.

São Pedro Eymard percebendo a indiferença do povo para com Jesus Eucarístico e inspirado por Nossa Senhora concluiu: "É necessário tirar Cristo do sacrário, apresentá-lo ao povo como grande Senhor, Mestre, Salvador, vivo, real em nosso meio". Viajando toda a França, deixando vários escritos, abrangendo sacerdotes, religiosas e leigos na sua obra em honra ao Santíssimo Sacramento, São Pedro Julião tudo conseguiu por causa do auxílio da graça e têmpera diante dos inúmeros sofrimentos.

Durante estes anos de vida eucarística, vemos o Pe. Eymard empenhado em um apostolado que se dirige sobretudo aos pobres da periferia de Paris e aos sacerdotes em dificuldade; dedica-se à Obra da primeira comunhão de adultos e atende numerosos compromissos na pregação, centrada principalmente na Eucaristia.

Seus últimos anos de vida foram repletos de sofrimentos, ocasionados estes em boa parte por seus próprios religiosos que já não tinham confiança em seu Santo Fundador. Disse ele nessa penosa conjuntura: "Eis-me aqui, Senhor, no Jardim das Oliveiras; humilhai-me, despojai-me; dai-me a cruz, contanto que me deis também o vosso amor e a vossa graça".

A vida e a atividade de São Pedro Julião está centrada no mistério da sagrada Eucaristia. Ao princípio, entretanto, seu enfoque era tributário da teologia de seu tempo, insistindo sobre a presença real. Mas, chegará a livrar-se pouco a pouco do aspecto devocional e reparador que tingia de maneira quase exclusiva a piedade eucarística de sua época, e conseguirá fazer da Eucaristia o centro da vida da Igreja e da sociedade. «Nenhum outro centro se não de Jesus Eucarístico».

Ele foi um dos santos mais Eucaristicos da história da Igreja. Toda a sua espiritualidade e mística estavam centradas na Eucaristia. São Pedro Julião Eymard pôde com seus lábios e vida proclamar "para mim, viver é Cristo, e Cristo Sacramentado".

São Pedro Julião Eymard faleceu no dia 1º de agosto de 1868, aos 57 anos de idade.

PENSAMENTOS DE SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD

"Dai-me a alegria de celebrar ao menos uma missa. Apenas uma e, depois, morrer!"

"Deus me chama hoje, amanhã seria muito tarde!"

"A Eucaristia é a suprema manifestação do amor de Jesus; depois dele nada há mais, senão o céu"

"Quando penetrou numa alma uma centelha eucarística, lançou-se no coração um germe divino de vida e de todas as virtudes, e que vale por assim dizer, por si mesmo".

"Prometi a Deus que nada me deteria, devesse eu embora comer pedras e acabar no hospital. E principalmente, pedi a Deus (e talvez fosse isto presunção de minha parte) trabalhar sem o menor conforto humano"

"Nós cremos no amor que Deus nos tem. Crer no amor é tudo aqui; não basta crer na verdade, é preciso crer no amor"

"A melhor preparação para a santa Comunhão é a que se faz em Maria"

"Salvar a minha alma é negócio pessoal. Não posso descansar em ninguém, nem com ninguém repartir o trabalho"

"Dar a uma pessoa a fé, a devoção para com Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, equivale a dar-lhe o segredo e a chave da graça e de todas as demais virtudes"

"Uma boa hora de adoração diante do Santíssimo Sacramento produz maior bem do que todas as igrejas de mármore que possamos visitar ou todos os túmulos que possamos venerar"

"A sagrada Eucaristia é Jesus passado, presente e futuro... É Jesus feito sacramento. Bem-aventurada a alma que sabe encontrar Jesus na Eucaristia, e em Jesus Hóstia tudo"

"A Santa comunhão deve ser o fim de toda vida cristã: todo exercício que não se relaciona com a comunhão está fora de sua melhor finalidade"

"Convencido de que o sacrifício da Santa Missa e a comunhão ao corpo do Senhor são a fonte viva e o ápice de toda a religião, cada um tem o dever de orientar sua piedade, suas virtudes e seu amor de tal modo que se tornem meios que lhe permitam alcançar esse fim: a digna celebração e a recepção frutuosa destes divinos mistérios"

"Quem quiser perseverar que receba a nosso Senhor. É um pão que alimentará seus pobres, força, que o sustentará. E é a Igreja que o quer assim"

"Eu lhes digo que este alimento tomado com intervalos tão prolongados não é mais que um alimento extraordinário, mas onde está o alimento ordinário que deve me sustentar diariamente?"

"Quem não comunga não tem mais que uma ciência especulativa; não conhece nada a não ser palavras, teorias, das quais desconhece o sentido... A alma que comunga não tem primeiro uma idéia de Deus, mas agora o vê, reconhece-o na sagrada mesa"

"A fim de que a alma devota se fortaleça e cresça na vida de Jesus Cristo, tem necessidade de nutrir-se em primeiro lugar de sua verdade divina e da bondade de seu amor de tal modo que possa passar da luz ao amor, e do amor às virtudes"

"A Eucaristia é a vida dos povos. A Eucaristia lhes oferece um centro de vida. Todos podem encontrar-se sem barreira de raça nem de língua para a celebração das festas da Igreja"

"Quão feliz, mil vezes feliz, a alma fiel que encontrou este tesouro escondido, que vai beber neste manancial vivo, que come com freqüência este Pão de vida eterna!"

"O grande mal de nossa época é que não vamos a Jesus Cristo como a seu Salvador e a seu Deus. Abandona-se o único fundamento, a única fé, a única graça da salvação... Então o que fazer? Retornar à fonte da vida, mas não ao Jesus histórico ou ao Jesus glorificado no céu mas sim ao Jesus que está na Eucaristia. Temos que fazê-lo sair de seu esconderijo para que possa de novo colocar-se à cabeça da sociedade cristã... Que venha cada vez mais o reino da Eucaristia: Adveniat regnum tuum!"