terça-feira, 31 de agosto de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BAPTISTA-CANÇÃO NOVA




29 de Agosto
Martírio de São João Batista

Com satisfação lembramos a santidade de São João Batista que, pela sua vida e missão, foi consagrado por Jesus como o último e maior dos profetas: "Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista...De fato , todos os profetas, bem como a lei, profetizaram até João. Se quiserdes compreender-me, ele é o Elias que deve voltar." (Mt 11,11-14)

Filho de Zacarias e Isabel, João era primo de Jesus Cristo, a quem "precedeu" como um mensageiro de vida austera, segundo as regras dos nazarenos.

São João Batista, de altas virtudes e rigorosas penitências, anunciou o advento do Cristo e ao denunciar os vícios e injustiças deixou Deus conduzí-lo ao cumprimento da profecia do Anjo a seu respeito: "Pois ele será grande perante o Senhor; não beberá nem vinho, nem bebida fermentada, e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe. Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus: e ele mesmo caminhará à sua frente..." ( Lc 1, 15)

São João Batista desejava que todos estivessem prontos para acolher o Mais Forte por isso, impelido pela missão profética, denunciou o pecado do governador da Galileia: Herodes, que escandalosamente tinha raptado Herodíades - sua cunhada - e com ela vivia como esposo.

Preso por Herodes Antipas em Maqueronte, na margem oriental do Mar Morto, aconteceu que a filha de Herodíades (Salomé) encantou o rei e recebeu o direito de pedir o que desejasse, sendo assim, proporcionou o martírio do santo, pois realizou a vontade de sua vingativa mãe: "Quero que me dês imediatamente num prato, a cabeça de João, o Batista" (Mc 6,25)

Desta forma, através do martírio, o Santo Precursor deu sua vida e recebeu em recompensa a Vida Eterna reservada àqueles que vivem com amor e fidelidade os mandamentos de Deus.

São João Batista, rogai por nós!

DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM


Evangelhosegundo São Lucas 14,1.7-14
1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam.
Domingo, 29 de Agosto de 2010.
SANTO DO DIA: Martírio de São João Batista; Beata Bronislava, virgem
PrimeiraLeitura do Eclesiástico 3,19-21.30-31
Leitura do Livro do Eclesiástico:
19Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. 20Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. 21Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. 30Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. 31O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios, e com ouvido atento deseja a sabedoria.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus

Segunda Leitura da Carta aos Hebreus 12,18-19.22-24a
Leitura da Carta aos Hebreus:
Irmãos:18Vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: 'fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, 19som da trombeta e voz poderosa', que os ouvintes suplicaram não continuasse. 22Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; 23da assembléia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; 24ade Jesus, mediador da nova aliança.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Salmo 67
Os justos se alegram na presença do Senhor rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! Cantai a Deus, a Deus louvai,cantai um salmo a seu nome! o seu nome é Senhor: exultai diante dele!
R: Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.
Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor: é assim o nosso Deus em sua santa habitação. É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
R: Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.
Derramastes lá do alto uma chuva generosa, e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; e ali vosso rebanho encontrou sua morada; com carinho preparastes essa terra para o pobre.
R: Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 14,1.7-14
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas :
1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8'Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: 'Dá o lugar a ele'. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: 'Amigo, vem mais para cima'. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado.' 12E disse também a quem o tinha convidado: 'Quando tu deres um almoço ou um jantar,não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos.'
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor


Comentário ao Evangelho do dia feito por Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916)
Eremita e missionário no Saara
Retiro, Terra Santa, Quaresma de 1898
Seguir Cristo servo no último lugar
[Cristo:] Vede [a Minha] devoção para com os homens, e reflecti sobre qual deve ser a vossa. Vede esta humildade para bem do homem, e aprendei a baixar-se para fazer o bem [...], a fazer-vos pequenos para ganhar os outros, a não temer descer, perder os vossos direitos quando se trata de fazer o bem, a não crer que, descendo, ficareis impossibilitados de fazer o bem. Pelo contrário, abaixando-vos, imitais-Me; abaixando-vos, empregais, por amor aos homens, o meio que Eu próprio utilizei; abaixando-vos, andais no Meu caminho, e consequentemente na verdade; e permanecer nele é o melhor lugar para se ter vida, e para a dar aos outros. [...] Pela Minha Incarnação coloquei-Me ao nível das criaturas, dos pecadores; [...] pelo Meu baptismo: abaixamento, humildade. [...] Abaixai-vos sempre, humilhai-vos sempre.

Aqueles que são os primeiros ocupam sempre, pela humildade e pela disposição de espírito, o último lugar, num sentimento de abaixamento e de serviço. Amor pelos homens, humildade, último lugar, no último lugar enquanto a vontade divina não vos chamar para outro, porque então é necessário obedecer. Antes de tudo, a obediência, a conformidade com a vontade de Deus. Primeiramente, estai no último lugar pelo espírito, pela humildade; ocupai-o com espírito de serviço, considerando que estais apenas para servir os outros e conduzi-los à salvação

ARAUTOS DO EVANGELHO

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PENSAMENTOS DE LUTA



1- A vida só nos exige a força que possuímos. Só uma proeza é possível- Não termos de fugir.(Dag Hammarskjold)
2-Um homem faz o que deve- apesar das consequências pessoais, apesar dos obstáculos, apesar das pressões, apesar dos perigos- e essa é a base de toda a moral humana (John F. Kennedy).
3-Qualquer passo em direcção ao objectivo da justiça, requer sacrifício, sofrimento e luta.É o esforço incansável e o empenho apaixonado de indivíduos dedicados.( Martin Luther King)
4-AD ASTRA PER ASPERA ( para as estrelas através das tribulações) (Lema do estado do Kansas)
5- Sobrevivemos a todas as coisas- fome, sede, perda, dor, sofrimentos,, misérias, aflições e tristezas; a vida aflige-nos na alma e no corpo- mas não podemos morrer, embora doentes, cansados, fracos e extenuados.
Vede, tudo pode ser suportado.( Elizabeth Akers Allen)
6-Portanto, a aprendizagem dos últimos vinte anos terminou. O único juiz sou eu a dicidir os meus limites. Nos próximos vinte anos não existe nenhum limite.
Este tipo de consciência amadureceu o máximo que me é possível; o envelhecimento parou aqui. Agora limito-me a melhorar(Glória Naylor)
7- A perseverança não consiste numa corrida longa; consiste em muitas corridas curtas, umas após outras , no seu peregrinar (Walter Elliott).
8- Sou uma espécie de sanguessuga. Agarro-me ( William Shakespeare)
9-No coração do inverno aprendi, finalmente, que dentro de mim, dormia um verão invencível(Albert Camus)
19-Seremos realmente livres, não quando os nossos dias decorrem sem nenhum cuidado e as nossas noites sem nenhuma privação ou preocupação. Mas antes quando estas coisas exigirem a nossa vida e, mesmo assim, nos erguermos perante elas, nus e as desatarmos.(Khalil Gibran)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SANTA ROSA DE LIMA ROGAI POR NÓS




A personalidade de Santa Rosa de Lima, desde a infância, é impressionante. Nasceu em uma rica família espanhola que se transferiu para o Peru. Contudo, com a falência dos negócios da família, conheceram a miséria. Não quis ser freira. Foi aceita em uma ordem secular dominicana. Os pais, contrariados, já que a queriam casada, lhe impuseram os mais duros trabalhos domésticos para que desistisse da idéia. Aos 20 anos, professou os votos na Ordem Terceira de São domingos. Obteve a autorização do bispo, e com recursos próprios da venda de refinados bordados e costuras, mandou construir uma pequena cela ao fundo, no quintal da casa dos pais. Ali permaneceu até a morte, em 24 de agosto. É Padroeira da América Latina e das Filipinas, pela caridade para com os dessassistidos, principamente com pessoas pertencentes aos povos negros e índios. Leia mais….
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Fonte: Spe Deus
Isabel Flores y de Oliva nasceu no dia 20 de Abril de 1586, na cidade de Lima (capital do Peru), no seio duma família numerosa e rica de origem espanhola. Contudo os negócios declinaram e ficaram na miséria.
Isabel foi o nome colocado no baptismo. Mais tarde foi mudado para Rosa, com a aprovação do Arcebispo local, ao saber que uma criança índia tinha visto o seu rosto como uma rosa: de facto, possuía feições rosadas e era muito bela mas desde cedo, tentou disfarçar a sua beleza: esfregava os olhos com pimentos e maltratava o rosto à força de vigílias e jejuns.

Curiosamente fazia penitências logo na sua infância que eram dissimuladas pelo seu carácter alegre e simpático. Era dotada para as artes: cantava, tocava harpa e viola, fazia versos e desenhava tanto no papel como no pano.

Rosa teve também desde logo uma grande inclinação para a oração e meditação, procurando exercitar as virtudes da paciência, da penitência e da alegria.

Já adolescente, enquanto rezava diante da imagem da Virgem Maria, decidiu entregar sua vida somente a Cristo. Os pais queriam casá-la e tinha vários pretendentes mas ela recusou, defendendo-se com o voto de virgindade que tinha feito muito cedo.

Ingressou na Ordem Terceira de S. Domingos, inspirada pela vida Santa Catarina de Sena. Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando seus dons de profecia e prodígios. Os pais indignaram-se com as atitudes que Isabel adoptara e começaram a maltratá-la ocupando-a dos trabalhos mais duros da casa o que ela fazia sem se queixar e sem abandonar os seus exercícios de piedade.

Aos vinte anos, pediu e obteve licença para emitir os votos religiosos em casa e não no convento, como terciária dominicana.

Quando vestiu o hábito e se consagrou, mudou então o nome para Rosa e acrescentou Santa Maria, por causa de sua grande devoção à Virgem Maria, passando a ser chamada Rosa de Santa Maria.

Construiu uma pequena cela no fundo do quintal da casa de seus pais, levando uma vida de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus. Passou a sustentar a família com as rendas e bordados que fazia, pois seu confessor consentiu que ela não saísse mais de sua cela, excepto para receber a Eucaristia.

A partir da tomada do hábito, imprimiu ainda mais rigor nas suas penitências. Começou a usar, na cabeça, uma coroa de metal espinhento, disfarçada com botões de rosas. Aumentou os dias de jejum e dormia sobre uma tábua com pregos. Estes são apenas alguns exemplos do que Rosa fazia por amor à Paixão de Cristo penitenciando o seu corpo

Vivendo em contínuo contacto com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e experiência mística, compreendendo em profundidade o mistério da Paixão e Morte de Jesus. É-lhe reconhecido o dom da profecia e penetração dos corações, o dom dos milagres e tinha êxtases com frequência e por vezes com duração de 48 horas e até de 62 horas!

Aos trinta e um anos de idade, em Abril de 1617, foi acometida por uma grave doença, que lhe causou sofrimentos e danos físicos até à morte (24 de Agosto).

Encontrando-se a morrer, olhava para a mãe aflita, que estava junto à sua cabeceira e, com alusão evangélica à parábola das 10 virgens disse-lhe: “Tenho de ser pontual; se não chegar à hora marcada, fechar-me-ão as portas como às virgens loucas” Fez sobre si o sinal da cruz e suspirou: “Jesus, Jesus, está comigo!”

Rosa foi beatificada em 1667 e canonizada a 12 de Abril de 1671 pelo papa Clemente X.

PALAVRAS DE SANTA ROSA LIMA RETIRADAS DE ESCRITOS:

“O Salvador fez ouvir a sua voz e disse com incomparável majestade:

«Saibam todos que à tribulação, se segue a graça; reconheçam que, sem o peso das aflições, não se pode chegar à plenitude da graça; compreendam que com o aumento dos trabalhos cresce simultaneamente a medida dos carismas. Não se deixem enganar: esta é a única escada verdadeira do paraíso, e sem a cruz não há caminho por onde se possa subir ao céu»

(…)Ó, se os mortais conhecessem o que é a graça divina, como é bela, nobre e preciosa, quantas riquezas encerra, quantos tesouros, quantas alegrias e delícias em si contêm!

(…) Ninguém se queixaria da cruz nem dos sofrimentos que porventura lhe advêm, se conhecesse a balança em que são pesados para serem distribuídos pelos homens”

“Oh, que daria eu por anunciar o Evangelho! Atravessaria cidades pregando a penitência, com os pés descalços, o crucifixo na mão e o corpo envolvido num cilício espantoso. Caminharia durante a noite gritando: deixai as vossas iniquidades. Até quando sereis como rebanhos aturdidos diante dos demónios? Fugi dos castigos eternos; pensai que há só um instante entre a vida e o inferno”

(Fontes: sites ‘Santopédia’ e’ Coisas de Santos’ com edição e adaptação de JPR)
Publicado por SpeDeus às 00:06.

domingo, 22 de agosto de 2010

A FERVOROSA EMENDA DE TODA A NOSSA VIDA



A VIDA DO ESPÍRITO
do livro"A Imitação de Cristo"

A PRUDÊNCIA NAS ACÇÕES
1- Não se deve crer em tudo quanto se diz, nem em tudo quanto ocorre à nossa imaginação; mas com a maior cautela e devagar, devemos examinar tudo perante Deus.
Como é triste considerar que do nosso próximo se diz mais mal que bem!
Só isto basta para mostrar quanto somos fracos!
Os espíritos fortes,entretanto, não crêem levianamente em tudo o que se lhes conta. Eles sabem que a fraqueza humana é inclinada para o mal e pouco fiel no que se diz.
2-Grande sabedoria é não agir com precipitação e não se aferrar com pertinácia nos próprios sentimentos.
A esta sabedoria também pertence não dar crédito imediato a qualquer palavra dos homens, indo logo transmitir as notícias aos outros.
Toma conselho com o varão sábio e de boa consciência etrata de ser por ele ensinado evitando tuas precipitadas opiniões.
A vida perfeita, segundo Deus, faz o homem sábio e experimentado.
Quanto mais humilde perante Deus, tanto serás, em tudo, mais sábio e ponderado!


QUEM FOI TOMÁS VON KEMPIS?

Tomás de Kempis
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Thomas von Kempen (Tomás de Kempis)Tomás de Kempis, também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (Kempen, Renânia, 1379 ou 1380 - 25 de julho de 1471, mosteiro de Saint Agnetenberg, Zwolle), foi um monge e escritor místico alemão. São-lhe atribuidas cerca de 40 obras, o que o torna o maior representante da literatura devocional moderna. Um dos textos que lhe são atribuídos é o IMITAÇÃO DE CRISTO, obra de inegável influência no cristianismo

sábado, 21 de agosto de 2010

DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM


XXI DOMINGO COMUM - Lc 13,22-30
O ESFORÇO PARA ENTRAR PELA PORTA ESTREITA
A liturgia deste Domingo nos propõe o tema da “salvação”. Nos indica que para se chegar ao “Reino”, à vida plena, à felicidade eterna, dom de Deus oferecido a todos os homens e mulheres sem exceção, é preciso renunciar a uma vida baseada naqueles valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de simplicidade, de humildade, de generosidade, de doação, de dom da vida.

No Evangelho de hoje, Jesus anuncia sua mensagem de salvação, ensinando de cidade em cidade, de povoado em povoado. Ao mesmo tempo, aproxima-se de Jerusalém, onde alguém lhe pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” É a pergunta curiosa do devoto fiel, evidentemente pondo-se no grupo dos salvos. É a tentação de sempre, a tentação dos nossos amados irmãos judeus da época de Jesus, especialmente dos fariseus; mas também é a nossa tentação: saber se levamos uma vida certinha e se o nosso lugar no paraíso já está assegurado. É a tentação que temos nós discípulos, quando perdemos a dimensão da espera; quando acreditamos que os muros da nossa cidade interior são tão seguros a ponto de não precisarem de vigilância.

É terrível para nós discípulos, quando depois de uma bela experiência de Deus, sentimos imediatamente ter entrado num grupo a parte, e começamos a olhar com soberba os outros, aqueles que não entendem, que não conhecem, que têm seguido outros percursos diferentes dos de Jesus.

Para mantermos a vida de fé, necessitamos fazer todo o esforço possível, diz o Senhor, para passar pela porta estreita. Com este símbolo, Jesus não tem intenção de dizer que devido ao monte de gente que quer a vida eterna, tenhamos que empurrar uns aos outros pra poder garantir nosso lugar. Não! Mas que devemos nos esforçar. Não basta querermos. Certamente, é verdade que nós somos salvos e que não podemos fazer nada com as nossas próprias forças para merecer a salvação, mas esta não acontece sem a nossa fé que se traduz em obras, como uma atitude de pura passividade (Cf. Declaração conjunta católico-luterana sobre a doutrina da justificação).

Deus nos salva, mas nos leva a sério como pessoas livres e responsáveis. Devemos nos esforçar e lutar, aproximando-se decididamente e conscientemente dele, para superar os obstáculos e testemunhá-lo com a nossa vida.

Com a afirmação sobre a porta que é fechada pelo dono da casa, Jesus quer dizer que nós devemos nos esforçar a tempo. Devemos levar em conta que o nosso tempo é curto. Não podemos adiar pra não sei quando o esforço para viver em comunhão com Deus. Com a nossa morte, a porta será fechada e será decidido o nosso destino. Então será muito tarde para querer, chamar e bater. Devemos levar em conta também que o nosso tempo, além de limitado, não temos nenhum controle sobre ele. Não podemos viver uma vida segundo o nosso bel-prazer e adiar para a velhice a preocupação pela salvação, até porque não sabemos se chegaremos a ela. Não somos nós a fechar a porta, mas o Senhor. Por isso, devemos estar sempre prontos.

Nas palavras do dono da casa, vemos uma ênfase na justiça, na orientação da vida segundo a vontade do Senhor. Não basta uma comunhão somente externa com ele, tê-lo conhecido, ter ouvido os seus ensinamentos, conhecer o Evangelho e o cristianismo. Pois, corremos o risco dele nos dizer: “não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!”. Quem não se orienta pela vontade de Deus, quem rejeita conscientemente a comunhão com Deus, já excluiu a si mesmo da salvação. Esta sua decisão é respeitada e confirmada pelo Senhor. E seria triste chorar de desgosto e ranger os dentes de raiva por se dá conta do que foi perdido.

A boa notícia de Jesus não diz coisas que nos agradam e não nos prometem uma vida fácil e sem esforços. Ela contém algumas verdades incômodas. Mas, justo porque não nos esconde nada e exatamente porque manifesta a verdade completa, nos indica a verdadeira via para a felicidade plena. Aquilo que conta, enfim, é o empenho com o qual se vive a própria existência cristã, testemunhando a pertença a Cristo.


Postado por Pe.Carlos Henrique Nascimento às 10:50 PM

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SÃO BERNARDO, ROGAI POR NÓS



Santo Bernardo de Claraval

Bernardo nasceu na última década do século XI, no ano 1090, em Dijon, França. Era o terceiro dos sete filhos do cavaleiro Tecelim e sua esposa Alicia. A sua família era cristã, rica, poderosa e nobre. Desde a tenra idade demonstrou uma inteligência aguçada. Tímido, tornou-se um jovem de boa aparência, educado, culto, piedoso e de caráter reto e piedoso. Mas chamava atenção, pela sabedoria, prudência, poder de persuasão e profunda modéstia.

Quando sua mãe morreu, seus irmãos quiseram seguir a carreira militar, enquanto ele preferiu a vida religiosa, ouvindo o chamado de Deus. Nesta ocasião todos os familiares foram contra, principalmente seu pai. Porém, com uma determinação poucas vezes vista, além de convence-los, trouxe consigo: o pai, os irmãos, primos e vários amigos. Ao todo trinta pessoas seguiram seus passos, sua confiança na fé em Cristo e ingressaram no mosteiro da Ordem de Cister, recém fundada.

A contribuição de Bernardo dentro da ordem foi de tão grande magnitude que ele passou a ser considerado o seu segundo fundador. No seu ingresso em 1113 eram apenas vinte membros e um mosteiro. Dois anos depois foi enviado para fundar outro na cidade de Claraval, do qual foi eleito abade, ficando na direção durante trinta e oito anos. Foi um período de abundante florescimento da ordem, que passou a contar com cento e sessenta e cinco mosteiros. Bernardo sozinho fundou sessenta e oito e, em suas mãos, mais de setecentos religiosos professaram os votos.

Bernardo viveu uma época muito conturbada na Igreja. Muitas vezes teve de deixar a reclusão contemplativa do mosteiro para se envolver em questões que agitavam a sociedade. Foi pregador, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de Papas, reis, bispos e também polemista político e tenaz pacificador. Nada conseguia abater ou afetar sua fé, imprimindo sua marca na história da espiritualidade católica romana.

Ao lado destas atividades neste mesmo período produz uma atividade literária muito expressiva, em quantidade de obras e qualidade de conteúdo. Tornou-se o maior escritor do seu tempo, apesar de sua saúde sempre estar comprometida. Isto porque Bernardo era um religioso de vida muito austera, dormia pouco, jejuava com freqüência e se impunha severa penitência.

Em 1153, participando uma missão em Lorena ele adoeceu. Percebendo a gravidade do seu estado, pediu para ser conduzido para o seu mosteiro de Claraval, onde pouco tempo depois morreu, no dia 20 de agosto deste mesmo ano. Foi sepultado na igreja deste mosteiro, mas teve suas relíquias dispersadas, durante a Revolução Francesa. Depois, aquela que corresponde à sua cabeça foi entregue para ser guardada na Catedral de Troyes, França.

São Bernardo de Claraval, canonizado em 1174, recebeu com toda honra e justiça, o título de Doutor da Igreja, em 1830

S

SÃO BERNARDO, ROGAI POR NÓS
Santo Bernardo de Claraval

Bernardo nasceu na última década do século XI, no ano 1090, em Dijon, França. Era o terceiro dos sete filhos do cavaleiro Tecelim e sua esposa Alicia. A sua família era cristã, rica, poderosa e nobre. Desde a tenra idade demonstrou uma inteligência aguçada. Tímido, tornou-se um jovem de boa aparência, educado, culto, piedoso e de caráter reto e piedoso. Mas chamava atenção, pela sabedoria, prudência, poder de persuasão e profunda modéstia.

Quando sua mãe morreu, seus irmãos quiseram seguir a carreira militar, enquanto ele preferiu a vida religiosa, ouvindo o chamado de Deus. Nesta ocasião todos os familiares foram contra, principalmente seu pai. Porém, com uma determinação poucas vezes vista, além de convence-los, trouxe consigo: o pai, os irmãos, primos e vários amigos. Ao todo trinta pessoas seguiram seus passos, sua confiança na fé em Cristo e ingressaram no mosteiro da Ordem de Cister, recém fundada.

A contribuição de Bernardo dentro da ordem foi de tão grande magnitude que ele passou a ser considerado o seu segundo fundador. No seu ingresso em 1113 eram apenas vinte membros e um mosteiro. Dois anos depois foi enviado para fundar outro na cidade de Claraval, do qual foi eleito abade, ficando na direção durante trinta e oito anos. Foi um período de abundante florescimento da ordem, que passou a contar com cento e sessenta e cinco mosteiros. Bernardo sozinho fundou sessenta e oito e, em suas mãos, mais de setecentos religiosos professaram os votos.

Bernardo viveu uma época muito conturbada na Igreja. Muitas vezes teve de deixar a reclusão contemplativa do mosteiro para se envolver em questões que agitavam a sociedade. Foi pregador, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de Papas, reis, bispos e também polemista político e tenaz pacificador. Nada conseguia abater ou afetar sua fé, imprimindo sua marca na história da espiritualidade católica romana.

Ao lado destas atividades neste mesmo período produz uma atividade literária muito expressiva, em quantidade de obras e qualidade de conteúdo. Tornou-se o maior escritor do seu tempo, apesar de sua saúde sempre estar comprometida. Isto porque Bernardo era um religioso de vida muito austera, dormia pouco, jejuava com freqüência e se impunha severa penitência.

Em 1153, participando uma missão em Lorena ele adoeceu. Percebendo a gravidade do seu estado, pediu para ser conduzido para o seu mosteiro de Claraval, onde pouco tempo depois morreu, no dia 20 de agosto deste mesmo ano. Foi sepultado na igreja deste mosteiro, mas teve suas relíquias dispersadas, durante a Revolução Francesa. Depois, aquela que corresponde à sua cabeça foi entregue para ser guardada na Catedral de Troyes, França.

São Bernardo de Claraval, canonizado em 1174, recebeu com toda honra e justiça, o título de Doutor da Igreja, em 1830

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

TERRA QUEIMADA



Subi ao alto do monte.
A natureza sufocava
no negro que esfumava
vapores da terra queimada
sob o résteo horizonte.
O sol, fusco, vermelhava.

Pranteavam os pinheiros,
carvalhos e castanheiros,
pelos rebentos roubados
à idade aureolada
de verdes telas pujantes
à mistura, perfumados.
Agora caídos no chão
sob nacos de carvão,
sentires arrepiantes,
mostravam a malvadez
de tacanha mesquinhez
de quem ama desamores.
.
Subi aos fúnebres montes!
Distúrbios espalhados,
giestas de véus finados,
oravam nas pedras fendidas.
Dentre traições, horrores...
anciãos sufragavam dores
com a secura das fontes...
as mil forças investidas
pela sorte de suas vidas!
.
Numa previsão mundial
mais de chorar que rir,
ao meu coração, em degredo,
só apetece enterrar o medo
entre as cinzas da saudade
dos montes, em soledade!

-
De Maria do Rosário Guerra

terça-feira, 17 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SÃO TARCÍSIO, ROGAI POR NÓS


Biografia
Na adolescência converteu-se ao Cristianismo.
Como acólito nas missas realizadas nas catacumbas foi incumbido de levar hóstias aos prisioneiros condenados a morte.
As levava nas mãos, apoiando no peito a Eucaristia, no caminho foi agredido por curiosos interessados no que carregava, mas preferiu morrer que entregar à multidão os sacramentos que carregava. Tinha então 12 anos.
Como na epígrafe que lhe dedicou em seu túmulo o Papa Damaso I o compara a Santo Estevão, que foi apedrejado até a morte, se supõe que Tarcísio também tenha morrido desta maneira.
Suas relíquias repousam atualmente na basílica de San Silvestro in Capite, em Roma.
Sua história foi expandida pelo Cardeal Nicholas Wiseman, que o retrata como um jovem acólito em sua novela "Fabíola, ou a Igreja nas Catacumbas", publicada em meados do século XIX. A ampla divulgação deste livro é responsável pela renovação e ampliação de seu culto.

São Tarcísio é o patrono dos Acólitos e Ministros Extraordinários da Eucarístia.
É também padroeiro dos operários que sofrem perseguições devido a suas crenças religiosas.

Sua festa é celebrada no dia 15 de Agosto de cada ano.
Como esta data é reservada pelo calendário hagiológico à solenidade da Assunção de Maria, São Tarcísio não é mencionado neste calendário, apenas na Martiriologia Romana

domingo, 15 de agosto de 2010

VIRGEM DO SILÊNCIO-TOCA DE ASSIS

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AO CÉU

Exegese
Comentário Exegético – Assunção de Nossa Senhora (Ano C)
EPÍSTOLA (1 Cor 15, 20-27)
(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)

INTRODUÇÃO: Num breve resumo, Paulo formula os planos divinos sobre os destinos da raça humana que em definitivo é a sorte final do Universo. Existe uma luta inicial em que a antiga serpente parece triunfal, mas não ganhará a guerra, embora triunfe em batalhas parciais: o pecado e a morte. Dele cantará a igreja: O felix culpa quae talem et tantum meruit redemptorem [feliz culpa que mereceu tal e tão grande redentor]. E Paulo comentará numa frase lapidária: onde abundou o pecado superabundou a misericórdia [ou a graça](Rm 5, 20). E se isto foi dito em geral, não podemos restringi-lo em cada caso em particular, de modo que o canto de todo fiel salvo deve ser um hino à misericórdia de Deus, que em forma de graça superabundou em sua vida. Paulo especificamente admite que a ressurreição de Cristo seja a base de sua argumentação de modo que nela está a vitória final sobre todos os inimigos, sendo o último a ser derrotado a morte.

CRISTO PRIMÍCIAS: Mas agora Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, feito primícias dos adormecidos (20). Nunc autem Christus resurrexit a mortuis primitiae dormientium. RESSUSCITADO [egëgertai<1453>=resurrexit] na verdade foi levantado [erguido] numa passiva cujo sujeito ativo é Deus como claramente o indica em outra passagem: Deus ressuscitou [egeiren=suscitavit] o Senhor (1 Cor 6,14). PRIMÍCIAS [aparchë <536> = primitiae] era a oferenda dos primeiros frutos, ou da primeira parte da massa, com a qual os pães da preposição eram elaborados. Daí o termo era usado para determinar as pessoas consagradas a Deus em sua totalidade. É a tradução grega do hebraico reshith<7225>, que sai como início em Gn 1, 1 (Be)reshith, [no princípio] Deus criou os céus e a terra. E como primícias dos frutos da terra em Êx 23, 19: As primícias dos frutos da sua terra [reshit bicurei admatecha=as aparchas tön prötogevëmatön tës gës] trarás à casa do Senhor, teu Deus. Como primeiro e principal temos: Balaão disse: Amaleque é o primeiro [reshith=archë] das nações (Nm 24, 20). Vemos como o hebraico reshit pode ser traduzido como aparchë [primícias] ou archë [primeiro ou principal]. Usando Paulo aparchë 6 vezes das 8 que aparece no NT [outra em Tg 1, 18 e outra em Ap 14, 4] todas elas traduzidas por first fruits [primeiros frutos] na KJV. DOS ADORMECIDOS [kekoimënön<2837>=dormientium] no grego é o particípio passado do verbo koimaö, causar o sono, pôr a dormir, com o significado metafórico de calmar, cair no sono, dormir e finalmente morrer. Lemos em Lc 22, 45: Foi ter com os discípulos e os achou dormindo. Com o último significado de morrer, temos em Mt 27,52: Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos que dormiam, ressuscitaram. E em Paulo, das 8 vezes, todas têm o significado de morrer, como vemos por exemplo em 1 Cor 15, 18: Portanto também os que dormiram em Cristo, pereceram. Como Paulo está falando da ressurreição, dizer que Cristo é primícias dentre os que adormeceram é afirmar que é o primeiro a ressurgir dentre os mortos.

ADÃO E CRISTO: Porque, pois, por um homem veio a morte e por um homem vem a ressurreição dos mortos (21). Quoniam enim per hominem mors et per hominem resurrectio mortuorum. Paulo dirige seu olhar aos inícios da humanidade, segundo a tradição do Gênesis. E encontra a morte como efeito do pecado de Adão. E agora no último Adão (1 Cor 15, 45), temos a causa da nossa ressurreição; pois como diz Paulo, nossos corpos formam parte de seu corpo, como membros do mesmo (1 Cor 6, 15). Comumente da ressurreição, fala-se em termos gerais, mais especificamente como almas unidas num mesmo espírito; mas esta frase de Paulo é clara: o corpo material também entra dentro do pléroma corporal de Cristo. Consequentemente não pode um membro particular estar morto se o corpo está vivo após ressurgir dentre os mortos. A restauração da primitiva ordem, em que a morte não era o último destino humano, mas através da árvore da vida a morte era evitada segundo os planos divinos (Gn 2. 9 e 3, 22), forma parte do plano final da restauração de todas as coisas em Cristo (Ef 1, 10), como alfa e ômega (Ap 1, 8) porque assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão vivificados (1 Cor 15, 22).

A RESTAURAÇÃO: Porque assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão restaurados à vida (22). Et sicut in Adam omnes moriuntur ita et in Christo omnes vivificabuntur. RESTAURADOS À VIDA: estar vivo, ou reviver e em passiva vivificar, fazer retornar à vida como é nosso caso. Paulo afirma, pois, que todos morrem por serem parte do sêmen de Adão, ou, como agora diríamos, por terem o genoma dele. Mas em Cristo, assim como ele ressuscitou, todos serão devolvidos à vida, porque como corpos formam parte de seu corpo total (1 Cor 6, 15).

ORDEM DA RESSURREIÇÃO: Cada um, pois, em sua própria ordem: primícias Cristo, depois os de Cristo na sua parusia (23). Unusquisque autem in suo ordine primitiae Christus deinde hii qui sunt Christi in adventu eius. PARUSIA [parousia <3952>=adventus] isto é a presença, a vinda, a chegada, e especialmente de Cristo, a vinda gloriosa do céu, para a ressurreição final, o juízo universal e a imposição do seu reino definitivo. Tem o nome grego de parousia para distingui-lo de outra manifestação de Cristo possível na História. É o chamado segundo advento como o declara Mt 23, 27. Existem algumas dúvidas: 1º) Houve ressurreições de mortos antes de Cristo e feitas por ele? Como é que se fala de Cristo como primícias? Uma delas, a feita por intercessão de Elias, voltando à vida o filho da viúva de Sarepta (1 Rs 17, 17-24). Para não falar das feitas por Jesus, como a de Lázaro após 4 dias da morte deste último (Jo 11, 38-44). Todos eles foram ressuscitados da morte, mas nenhum deles foi realmente ressuscitado, no sentido que esta palavra tem em Paulo. Cada um deles tinha seu corpo, ainda sem estar totalmente destruído pela corrupção e foi suscitado da morte para a vida, a mesma que possuía horas ou dias antes, sem que houvesse uma transformação do corpo material em espiritual como afirma Paulo (1 Cor 15, 43-44). Jesus não foi o primeiro a ser trazido de novo da morte, mas o primeiro ressuscitado em corpo glorioso. 2º) Que dizer das palavras de Mateus 27, 52-53: os túmulos abriram-se, os corpos de muitos santos já falecidos, ressuscitaram: saindo dos túmulos, depois da ressurreição dEle. Eles entraram na cidade santa e apareceram a um grande número de pessoas. Em primeiro lugar, estas ressurreições estavam incluídas nas profecias que anunciavam o dia do juízo final em Is 26, 19: Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão…porque teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho da vida e a terra dará à luz os seus mortos. Ez 37, 12: Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Finalmente Dn 12, 2: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e horror eterno. Mateus diz duas coisas: 1º) Se abriram os sepulcros. Isso está em conformidade com o tremor da terra que abriu a tumba do Senhor, e atribuído a um anjo que removeu a pedra da entrada (Mt 28, 2). Caso confirmado pelos outros evangelistas indiretamente, ao afirmar que a pedra estava removida. 2º) As aparições dos mortos. A solução do caso, desta afirmação de Mateus, é difícil. Evidentemente os mortos ressuscitaram após a ressurreição de Cristo, como afirma o próprio evangelista. Com isto está a salvo o que diz Paulo, de Cristo como primícias da ressurreição dos mortos. Mas quem eram os ressuscitados? Antigos profetas que estavam enterrados no vale do Cedrão, como afirmam alguns? Não parece seja esta a melhor solução. Familiares dos vivos na época? É o mais provável, pois a frase de corpos de muitos santos já falecidos, que não discrimina indica que não eram antigos profetas, em cujo caso Mateus o teria dito explicitamente. E que essa nova vida foi temporária e não a eterna da última parusia parece implícita na frase eles entraram na cidade santa e apareceram a um grande número de pessoas. Ou seja, não foram vistas por todos como era de se esperar de uma verdadeira revivificação. Além disso, a ênfase está na aparição e não na ressurreição. Cremos que o fenômeno é semelhante ao que acontece na vida de muitos santos que tem experiência da vida em ultra tumba de pessoas mortas. Consequentemente não podemos anunciar que alguns santos já estão em corpo e alma no Reino dos céus, como é o caso de Nossa Senhora. A ressurreição de que Paulo fala é a do fim dos tempos para a vida eterna como diz o catecismo (988). Por isso ao falar de quando, o catecismo diz, sem dúvida, no último dia ao fim do mundo, pois a ressurreição está intimamente associada à Parusia de Cristo (1001). Em consequência, ao falar da Assunção de Nossa Senhora o mesmo catecismo afirma: Este dogma constitui uma participação singular na ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos demais cristãos (966). Diante da eternidade, o tempo de espera desde a morte até a parusia é como instantâneo de modo que poderíamos afirmar que morte e ressurreição são fenômenos quase simultâneos. Mil anos são como um dia aos olhos do Senhor, dirá o salmista (90, 4).

O FIM: Então o fim, quando entregar o reino ao Deus e Pai, quando tiver abolido todo principado e toda autoridade e poder (24). Deinde finis cum tradiderit regnum Deo et Patri cum evacuaverit omnem principatum et potestatem et virtutem. O FIM [telos<5056>=finis] também término de uma coisa ou de uma era. Um segundo significado é o de taxas alfandegárias, como em Mt 17, 25 em que pedem a Pedro se Jesus não paga o didracma e Jesus pergunta: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos [telë]. É claro que aqui o significado é o fim, do qual fala Paulo em Rm 6, 22: Transformados e servos, tendes o vosso fruto para a santificação e por fim [telos] a vida eterna. ENTREGAR [paradidömi<3860>=tradidere] passar, entregar, dar, e até atraiçoar, como no caso de Judas (Mt 26, 2). O que é entregue é o Reino dos céus, formado pelos que cumprem a vontade de Deus (Mt 5, 10) como justiça [retidão de conduta]. E quem recebe esse Reino, ou melhor, Reinado, constituído pelos filhos do Reino (Mt 13, 38) é Deus como Pai. Um reino que tem como Rei o próprio Jesus (Jo 18, 47) e como sucessor Pedro a quem entrega as chaves (Mt 18 19) e cujos súditos se distinguem porque o maior dentre eles é como o menor e o que dirige é como o que serve (Lc 22, 26), que Paulo descreve como sendo escravos uns dos outros (Gl 5, 13) e que o próprio Jesus, dando exemplo na última ceia, lavou como escravo, os pés dos discípulos, declarando: Compreendeis o que vos fiz?…Dei-vos exemplo para que como eu vos fiz façais vós também… Se souberdes estas coisas, bemaventurados sois se as praticardes (Jo 13, 12-17). De modo que a frase paulina atribuída a Jesus, mais bemaventurada coisa é dar que receber (At 20, 25) pode ser traduzido em há mais felicidade em servir que em mandar. ABOLIDO [katargësë<2673>=evacuaverit] do verbo katargeö com o significado de tornar inativo, inoperante, ineficaz, acabar ou abolir. Parece que Paulo afirma que o poder não é conforme aos planos de Deus, de modo que no reino definitivo, não haverá tal modo de reinar, mas será o serviço quem ordena as relações entre os filhos do Reino. Jesus, em sua vida terrena, declarou tal método como prática e agora Paulo, ao abolir todo império, o declara como norma futura: Não mais existirá um reino, um que manda ou é superior ao outro, mas somente Deus e seus planos serão os que dirigem o mundo futuro. Eram, por outra parte, tempos em que o império ainda estava sob o Princeps Senatus, título dos Imperadores desde Augusto (ano 28 aC). A Autoridade era o poder moral de quem tem a capacidade para ditar uma norma de conduta. Estava fundamentalmente no Senado. Poder era a potestade de mandar cumprir as normas impostas. Eram os cônsules e pretores e em tempo de guerra o imperador ou general.

OS INIMIGOS: Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés (25). Oportet autem illum regnare donec ponat omnes inimicos sub pedibus eius. DEBAIXO DOS PÉS: Paulo alude ao costume da época de colocar de bruços os vencidos, para que os oficiais vencedores passassem por cima deles, como lemos no salmo 7, 5; e especialmente em Js 10, 24: Josué disse aos principais da gente de guerra que tinham vindo com ele: chegai, ponde os pés sobre o pescoço destes reis. Coisa que Jesus usa como nota do seu messiado em Mc 12, 36. É, pois sinal de absoluta derrota e total submissão. Com isso, Paulo indica uma vitória final.

A MORTE: Último inimigo a desaparecer é a morte (26). Novissima autem inimica destruetur mors. Com esta frase, Paulo afirma que todo mal, é resultado do pecado, pois com o pecado entrou a morte. O primeiro inimigo é Satanás como lemos em Ap 12, 9. Temos também o mundo, que apesar de ser feito por Ele não o conheceu (Jo 1, 10). E a carne, da qual diz Paulo que nela não habita bem nenhum (7,18), de modo que são os três inimigos clássicos do homem. Em lugar de construir, eles destroem a ordem do Senhor em geral e, em particular, em cada homem. Finalmente, Paulo enumera o último, que é a morte. O catecismo fala do mal físico e do mal moral. Como recordação temos as palavras de S. Tomás de Aquino: Por que Deus não criou um mundo tão perfeito que nele não pudesse existir nenhum mal? Deus poderia criar coisa melhor. Porém na sua sabedoria infinita Deus criou um mundo em estado de via, caminhando para sua perfeição e não perfeito (CIC 310). Por isso, tanto os homens como os animais contribuem ao melhoramento do mesmo. Aqueles por instinto, estes por razão. Assim, é importante a escolha do bem, que em Deus é perfeita, pois como diz o catecismo, Deus em sua providência toda-poderosa, pode sacar um bem das consequências do mal, incluso moral, causado por suas criaturas (312). É por isso que todo ato conforme a natureza é agradável, exceto o parto (Gn 3, 16). A base do pecado do homem é dirigir seu fim ao agradável e transformá-lo num fim quando é unicamente um meio.

SOB SEUS PÉS: Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos seus pés: (27). Omnia enim subiecit sub pedibus eius. Paulo usa a mesma linguagem dos salmos, quando fala da suprema condição do homem a respeito do Universo: Deste-lhe domínio sobre as obras de tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste (Sl 8, 6). Mas sobre o homem do AT está o novo homem do NT que é Cristo a quem tudo é submetido. Pois existindo criaturas superiores, não foi aos anjos que sujeitou o mundo que há de vir (Hb 2, 5). Para que por sua morte destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo (Hb 2, 14). De modo que o poder de Cristo está sobre o poder daquele que aparentemente tem o máximo poder como é o da morte ante a qual todos estávamos sujeitos.

EVANGELHO ( Lc 1, 39-56)
(Pe Ignácio, dos padres escolápios)

OS NOMES: Tendo, pois, se levantado Mariam, naqueles dias foi à montanha, com presteza, a uma cidade de Judá (39). Exsurgens autem Maria in diebus illis abiit in montana cum festinatione in civitatem Iuda. Mariam significa senhora e, segundo Lucas, devemos distinguir seu nome de Maria que é o nome dado à Madalena, ou o nome da irmã de Lázaro, assim como o de Maria Salomé. Lucas expressamente usa Mariam para a Mãe de Jesus. Elizabet, de origem hebraica, significa juramento de Javé. Zacaria(s) significa Javé se lembrou. Segundo o modo de pensar dos judeus, o nome tinha muito a ver com a vida e existência do sujeito nomeado. A Senhora visita a casa de quem foi lembrado por Deus, porque cumpriu seu juramento, dando origem a um bebê [Johanan] que é um dom precioso de Javé. Talvez Lucas não soubesse a metáfora que os nomes significavam. Numa época em que Fílon interpretava as Escrituras de modo simbólico e que teve como sucessores Orígenes e Cirilo de Alexandria, fundadores da escola simbólica escriturária para depois dar lugar à Cabala. Daí podemos deduzir que a possibilidade desta interpretação não é absolutamente irresponsável. A MONTANHA: Termo técnico, semelhante ao Deserto de Judeia, para designar a região entre Jericó e Bethoron, como indicamos na exegese do IV Domingo do Advento de 2007. (Ver comentários exegéticos Número 14 de presbíteros.com. br) Como a resposta de Isabel até o versículo 45 já foi devidamente estudada nesses comentários, neste evangelho de hoje vamos especialmente interpretar o canto mariano por excelência, o Magnificat.

O MAGNIFICAT: É um dos três cânticos que Lucas nos oferece em seu evangelho. Sem dúvida tomando como modelo outros cânticos como o de Moisés, em Êxodo 15, 1-18 e a pequena estrofe de Miriam no versículo 21. Assim se inaugura uma ação de graças com cântico que formam um conjunto de louvores pelos feitos maravilhosos, provindos das mãos do Senhor. Mas o cântico que está mais perto do Magnificat é o de Ana em 1 Sm 2, 1-10. Tenho o coração alegre, graças ao Senhor, e a fronte erguida, graças ao Senhor, minha boca abre-se contra os meus inimigos: eu me alegro por tua vitória. (…) O Senhor torna pobre e enriquece, rebaixa e também exalta. Ergue o fraco da poeira e retira o pobre do monturo para fazê-los sentar com os príncipes e atribuir-lhe o lugar de honra. A questão é se o canto foi um espontâneo de Maria ou foi produto de um poeta cristão posterior. O mais provável é que Maria meditou muito durante a viagem de três dias e o tivesse composto meditando o cântico de Ana e o de Judite: Deus, o nosso Deus, está conosco para manifestar seu vigor em Israel e sua força contra os inimigos (Jt 13, 11). E Louvai a Deus que não retirou sua misericórdia da casa de Israel, mas esmagou nossos inimigos por minha mão esta noite (Jt 13, 14). Se em Ana o impulso que a levou ao cântico é o nascimento do filho, em Judite está a vitória de Israel sobre os inimigos. Ambas as razões estão vivas no cântico de Maria.

ESTRUTURA: Dividiremos o Magnificat em três partes diferentes: 1a) Introdução (47). 2a) razão do louvor (48-53). 3a) A especial providência para com Israel, figura da misericórdia para com ele (54-55). Vamos tentar explicar cada uma das partes, dando no final uma tradução livre do cântico.

INTRODUÇÃO: E disse Mariam: Engrandece a minha alma o Senhor (46). Et ait Maria magnificat anima mea Dominum. E encheu-se de gozo meu espírito no Deus, meu salvador (47). Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo. É um louvor de agradecimento a Deus que é Senhor [Kyrios] e ao Deus, o seu Salvador [o theós, o soter]. É um beraká ou louvor em alta voz. O grego usa o verbo megalenö, que significa engrandecer tal e qual as traduções portuguesa e italiana. Também a Vulgata usa a palavra magnificat que é uma tradução literal do grego. Porém podemos traduzir livre, mas mais ajustado ao sentido próprio, por exaltar ou glorificar. De fato, esta última é a preferida pela tradução espanhola: Exalta minha alma o Senhor. É, pois um grito de louvor, ou melhor, de ação-de-graças por um benefício recebido. Não podemos esquecer que na língua semita não existe a palavra agradecer que é substituída por louvar ou exaltar. A segunda parte da introdução é o gozo existente por ter visto de perto a ação salvífica divina: E meu espírito encheu-se de gozo no Deus, o meu salvador. Tanto Deus, como Salvador, estão com artigo, indicando uma realidade definida e próxima de Maria.

RAZÃO: Porque fixou seu olhar na insignificância de sua escrava: Eis, pois, desde agora me chamarão ditosa todas as gerações (48). Quia respexit humilitatem ancillae suae ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes. O verbo epiblepö, que mais do que um simples olhar significa observar, prestar atenção [respexit latino] por isso temos traduzido fixou seu olhar. Uma outra palavra mal traduzida é tapeinosis porque o latim traduz por humilitas [humildade] que pode ser uma virtude ativa contrária à soberba e assim foi traduzido às línguas vernáculas. Por isso a tradução espanhola moderna diz se há fijado em la humilde condición de su esclava. Já a italiana diz há considerato l’umiltà della sua serva. As duas portuguesas dirão olhou para a humilhação de sua serva (Bíblia de Jerusalém) e contemplou na (sic) humildade da sua serva (RA evangélica) que é uma construção um tanto irregular. Tapeinosis pode ser também uma condição nativa de impotência e insignificância, ou seja, ser pequeno demais. Daí que o olhar deve ser meticuloso, um observar, como indica o latim [respicio= considerar, olhar com atenção, com piedade]. Doulë=serva que o espanhol traduz como escrava e o latim como ancilla [escrava doméstica], muito melhor que as traduções de serva, pois o doulë grego significa escrava propriamente dita. A primeira razão da ação-de-graças é pois a natureza transcendental ou divina de quem provê a eleição traduzida em benevolência: Deus. A segunda é a pequenez da qual ele se deixou conquistar: escolheu um ser insignificante como é uma escrava. É por isso que todas as gerações a chamarão bendita (de Deus). O grego diz propriamente me abençoarão [chamar bendita] que muitos traduzem por bemaventurada, ou feliz. O que não é realmente uma tradução feliz. Melhor seria, considerarão que sou privilegiada de Deus.

O PRIVILÉGIO(49): Já que fez para mim magníficas (coisas) [megaleios] o Poderoso. Porque Santo é o seu nome (49). Quia fecit mihi magna qui potens est et sanctum nomen eius. Na realidade, megaleios é um adjetivo que significa excelente, magnífico. O PODEROSO era um dos títulos com os quais os judeus substituíam o nome santo Hashem ou HASHEM YITBARAH [o nome recôndito]. É com este nome de PODEROSO que Jesus responde à conjura de Caifás( Mt 26, 64) só que aqui é adjetivo e no momento do julgamento usa-se o substantivo Poder [dynamis]. Por isso, como era costume entre os judeus, termina Maria com um louvor ao nome santo: pois sagrado é seu nome. Ou se queremos calibrar melhor diríamos: pois seu nome é único, divino. Traduzimos o Kai grego, como correspondência ao wau hebraico que tem o significado de conjunção causal ou explicativa, tanto como conjuntiva. Será, pois, porque.

A PROVIDÊNCIA DIVINA (50): Porque sua misericórdia é para geração de gerações, aos que o temem (50). Et misericordia eius in progenies et progenies timentibus eum. Maria agora eleva seu olhar, e da intimidade de seu ser, parte para a lei geral da providência divina para com todos os povos: Visto que sua misericórdia se estende de geração em geração para com os que o temem. Maria nos dá uma definição da atuação divina que merece a pena considerar: Deus é misericórdia para os que o respeitam, pois é a maneira que devemos traduzir o fobeo [temer] grego quando referido a Deus. Respeito e reverência, que se traduzem em obedecer suas leis de modo escrupuloso. A misericórdia é um ato de amor correspondente a quem se inclina ao mais fraco para ajuda e consolação. Esta é a linha geral que Maria descobre em Deus através da escolha particular de sua insignificante pessoa.

O BRAÇO (51): Seu braço se mostrou poderoso ao dispersar os arrogantes de pensamento dentro de seu coração (51). fecit potentiam in brachio suo dispersit superbos mente cordis sui. Podemos contemplar dois sentidos na frase: A) O particular de uma batalha em que são derrotados os inimigos de Israel como aconteceu no caso de Judite 9, 4 e 13, 14 e o verbo pode ser empregado com toda a literalidade do mesmo, como dispersar ou desbaratar, do qual fala o salmo 89, 11 esmagaste Raab, como um cadáver, dispersaste teus inimigos com teu braço poderoso, como modelo da canção Mariana. É esse braço cuja destra esplendorosa de poder esmaga o inimigo (Êx 15, 6). B) Ou o sentido geral de todos os que têm orgulho de serem melhores e mais poderosos que os humildes e então o modelo é o canto de Ana: O arco dos poderosos é quebrado, os debilitados são cingidos de força (1 Sm 2,4). Neste último caso optaremos por uma tradução menos literal e no lugar do dispersou usaremos, peneirou como palha, descartando-os, como a palha é descartada do trigo.

OS PODEROSOS (52): Derribou os poderosos dos tronos e elevou os pequenos (52). deposuit potentes de sede et exaltavit humiles. Aos famintos cumulou de bens e aos ricos despediu vazios (53). Esurientes implevit bonis et divites dimisit inanes. PODEROSOS são chamados de dynastes que podemos traduzir por príncipes ou poderosos. A tradução será, pois, destronou os homens de poder de seus tronos e ergueu os de humilde condição (52). Aos necessitados cumulou de bens e aos ricos despediu vazios (53). Neste ponto Maria segue o modelo de Sl 107, 9 e o canto de Ana: Os que viviam na fartura se empregam por comida. Os que tinham fome não precisam trabalhar (1 Sm 2,4-5). Maria segue assim a política de Jesus das bemaventuranças, de modo especial a redação que nós temos hoje de Lucas: Benditos os famintos… Ai de vós os saciados agora.( Lc 6).

ISRAEL O SERVO (54): Protegeu Israel seu servo, para recordar misericórdia (54), como falou aos nossos pais, Abraão e sua descendência para os séculos (55). Suscepit Israhel puerum suum memorari misericordiae sicut locutus est ad patres nostros Abraham et semini eius in saecula. Em Is 41, 8-9 Javé chama a Israel meu servo. A palavra usada é pais que tanto pode significar filho como escravo. Por isso a atuação de Javé com o nascimento de Jesus significa um efeito peculiar de Deus em favor de seu povo. E fez isso lembrado da misericórdia. Um momento peculiar dessa benevolência divina foi o cumprimento de sua promessa dada como palavra divina a Abraão e sua semente [sua descendência] para sempre (55). É uma recordação de Gn 17,7. Esta aliança perene fará de mim teu Deus e o de tua descendência depois de ti.

TRÊS MESES (56): Permaneceu, pois, Mariam com ela uns três meses e voltou para sua casa (56). Mansit autem Maria cum illa quasi mensibus tribus et reversa est in domum suam. Era o tempo que faltava para que Isabel desse à luz seu filho e Maria, sem dúvida, ficou com a anciã parente até o momento do nascimento de João. Assim se explicam os detalhes do mesmo, dos quais Lucas é narrador e Maria, sem dúvida, testemunha.

A TRADUÇÃO: Exulta minha alma ao Senhor e meu espírito encheu-se de gozo no Deus, o meu salvador; porque fixou seu olhar na insignificância de sua escrava. Por isso, pois, desde agora aclamar-me-ão como bendita todas as gerações; já que realizou em mim fatos extraordinários, porque seu nome é divinamente sagrado, visto que sua misericórdia se manifesta de geração em geração em favor dos que o respeitam. Seu braço mostrou-se poderoso ao desbaratar os arrogantes de pensamento no íntimo de seus corações. De modo que obrigou os homens de poder a descer de seus tronos e ergueu os de condição humilde. Aos necessitados cumulou de bens e aos ricos despediu vazios. Protegeu Israel, seu servo, guiado da sua misericórdia, como prometeu a nossos pais, a Abraão e sua descendência para sempre.

PISTAS: 1) O Magnificat de Maria é o canto da maioria dos fiéis humildes, isto é, pequenos e sem ambições, que constituem a maioria dos seguidores de Jesus. Diante das ambições das doutoras do sexo feminino que pretendem o sacerdócio é bom que recitem o cântico com a mesma sinceridade e humildade com que o fez Maria, todas as tardes nas vésperas para aprender que não é com direitos que vamos nos apresentar ao Deus dos pequenos, mas com a sinceridade que a humildade nos dá, ao saber que dele dependemos e que unicamente os que se humilham serão exaltados (Mt 23, 12).

2) Não é pela pessoa em si mesma, que a Igreja exalta e venera Maria, simples criatura, mas pelos grandes favores que recebeu de Deus e que por isso anima os mais desprestigiados a esperar favores desse mesmo Deus que exalta os humildes. Em Maria vemos as maravilhas que Deus pode realizar com as almas que reconhecem sua bondade; o que outros chamariam de méritos.

3) Maria é a única que louva o Senhor de modo a ser exemplo para todas as mulheres. Ela não o disse no Magnificat, mas será Isabel que em termos de santa inveja a declara modelo de todas as mulheres.

4) Maria indica o verdadeiro caminho de salvação do seu Filho: Deus escolhe desde agora os mais imprestáveis segundo o mundo, como diz Paulo (1 Cor 1, 17 –31) e que com clareza óbvia Maria expressa em seu cântico, para que ninguém se glorie em si mesmo

sábado, 14 de agosto de 2010

A FESTA DA ASSUNÇÃO


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A festa da Assunção, que se comemora no dia 15 deste mês, nos convida a meditar
sobre a glória inefável da Virgem Maria, o Paraíso de Deus.



Pe. Pedro Morazzani Arráiz, EP

Quanto mais o homem procura aprofundar-se no conhecimento de Deus, mais compreende que não conseguirá abarcá-Lo, tais as grandezas e os mistérios com os quais se depara.

O Criador, que estabelece as regras, se apraz em criar magníficas exceções. Três criaturas não podiam ser criadas em grau mais excelente, ensina-nos a Teologia. A primeira delas é Jesus Cristo, Homem-Deus: impossível ser mais perfeito, nada haveria a acrescentar. A segunda, Maria: "quase divina", é a expressão utilizada por vários teólogos para se referir à Mãe do Redentor. E, por fim, a visão beatífica, o Céu: o prêmio reservado aos justos não poderia ser melhor nem maior. É o próprio Deus que Se dá aos Bem-aventurados!

Por que morreu a Mãe da Vida?

Em Maria Santíssima está a plenitude de graças e de perfeições possíveis a uma mera criatura. Segundo a bela expressão de Santo Antonino, "Deus reuniu todas as águas e chamou-as mar, reuniu todas as suas graças e chamou-as Maria". Desde toda a eternidade, o decreto divino estabelecia o singularíssimo privilégio de ser a Virgem Santíssima concebida livre da mancha original. Privilégio este próprio Àquela que geraria em seu seio o próprio Deus.

Transcorrida sua vida nesta terra, o que aconteceria com nossa Mãe?

Ela, que havia dado à luz, alimentado e protegido o Menino-Deus, e recebido em seus braços virginais o Corpo dilacerado de seu Filho e Redentor, estava prestes a exalar o último suspiro. Como poderia passar pelo transe da morte aquela Virgem Imaculada, nunca tocada pela mais leve sombra de qualquer falta?

Sem embargo, como o suave declinar do sol num magnífico entardecer, a Mãe da Vida rendia sua alma. Por que morria Maria? Tendo Ela participado de todas as dores da Paixão de Jesus, não quis deixar de passar pela morte, para em tudo imitar seu Deus e Senhor.

De que morreu Maria?

Perfeitíssima era a natureza da Virgem Maria. Com efeito, afirma Tertuliano que "se Deus empregou tanto cuidado ao formar o corpo de Adão, pela razão de seu pensamento voar até Cristo, que deveria nascer dele, quanto maior cuidado não terá tido ao formar o corpo de Maria, da qual devia nascer, não de modo remoto e mediato, mas de modo próximo e imediato, o Verbo Encarnado?" (1)

Ademais, escreveu Santo Antonino, "a nobreza do corpo aumenta e se intensifica em proporção com a maior nobreza da alma, com a qual está unido e pela qual é informado. E é racional, pois a matéria e a forma são proporcionadas uma à outra. Sendo, portanto, que a alma da Virgem foi a mais nobre, depois da do Redentor, é lógico concluir-se que também seu corpo foi o mais nobre, depois do de seu Filho" (2).

À alma santíssima de Maria, concebida sem pecado original e cheia de graça desde o primeiro instante de sua existência, correspondia, portanto, um organismo humano perfeitíssimo, sem o menor desequilíbrio.

Em conseqüência de sua virginal natureza, Nossa Senhora foi imune a qualquer doença, e jamais esteve sujeita à degenerescência do corpo causada pela idade.

De que morreu, pois, a Mãe de Deus?

O termo da existência terrena de Maria deveu-se à "força do divino amor e ao veemente desejo de contemplação das coisas celestiais, que consumiam seu coração" (3).

A Santíssima Virgem morreu de amor! São Francisco de Sales assim descreve esse sublime acontecimento:

"Quão ativo e poderoso (...) é o amor divino! Nada de estranho se vos digo que Nossa Senhora dele morreu, pois, levando sempre em seu coração as chagas do Filho, padecia- as sem consumir-se, mas finalmente morreu pelo ímpeto da dor. Sofria sem morrer, porém, por fim, morreu sem sofrer.
"Oh, paixão de amor!

Oh, amor de paixão! Se seu Filho estava no Céu, seu coração já não estava n'Ela. Estava naquele corpo que amava tanto, ossos de seus ossos, carne de sua carne, e ao Céu voava aquela águia santa. Seu coração, sua alma, sua vida, tudo estava no Céu: por que haviam de ficar aqui na terra?

"Finalmente, após tantos vôos espirituais, tantos arrebatamentos e tantos êxtases, aquele castelo santo de pureza e humildade rendeu-se ao último assalto do amor, depois de haver resistido a tantos. O amor A venceu, e consigo levou sua benditíssima alma" (4).

Essa morte de Maria, suave e bendita como um lindo entardecer, a Igreja designa pelo sugestivo nome de "dormição", para significar que seu corpo não sofreu a corrupção.

Cheia de graça e cheia de glória

Quanto durou a permanência do puríssimo corpo de Maria no sepulcro?

Não o sabemos. Mas, segundo a tradição, muito pouco tempo esteve a alma separada de seu corpo. E, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, afirma o Papa Pio XII: "Por um privilégio inteiramente singular, Ela venceu o pecado com sua Conceição Imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a redenção do corpo até o fim dos tempos" .

Assim, resplandecente de glória, a alma santíssima de Nossa Senhora reassumiu seu virginal corpo, tornando-o completamente espiritualizado, luminoso, sutil, ágil e impassível.

E Maria - que quer dizer "Senhora de Luz" - elevou-se em corpo e alma ao Céu, enquanto as incontáveis legiões das milícias angélicas exclamavam maravilhadas ao contemplar sua Soberana cruzando os umbrais eternos: "Quem é esta que surge triunfante como a aurora esplendorosa, bela como a lua, refulgente e invencível como o sol que sobe no firmamento e terrível como um exército em ordem de batalha?" (5).

E ouviu-se uma grande voz que dizia: "Eis aqui o tabernáculo de Deus" (Ap 21, 3).

A Filha bem-amada do Pai, a Mãe virginal do Verbo, a Esposa puríssima do Espírito Santo foi coroada, então, pelas Três Divinas Pessoas para reinar no universo, pelos séculos dos séculos, "à direita do Rei" (Sl 44, 10).

O dogma

A verdade desta glorificação única e completa da Santíssima Virgem foi definida solenemente como dogma de Fé pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, com estas belas palavras:

"Depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do Espírito de verdade, para a glória de Deus onipotente que à Virgem Maria concedeu sua especial benevolência, para a honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória de sua augusta Mãe e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos que: A Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".

1) De resurrectione carnis, c. VII.
2) Cfr. Gabriel Roschini, Instruções Marianas, Ed. Paulinas, São Paulo, p. 202.
3) D. Alastruey, Tratado de la Virgen Santísima, p. 414.
4) São Francisco de Sales, Obras Selectas, B.A.C., p. 480.
5) Cfr. Cant 6,10

Ascensão de Nosso Senhor e Assunção de Maria

É comum haver certa confusão de conceitos a respeito da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Assunção de Nossa Senhora. O famoso teólogo Fr. Antonio Royo Marin elucida a questão:

Não é exata, portanto, a distinção que estabelecem alguns entre a Ascensão do Senhor e a Assunção de Maria, como se a primeira se distinguisse da segunda pelo fato de ter sido feita por sua própria virtude ou poder, enquanto a Assunção de Maria necessitava do concurso ou ajuda dos Anjos. Não é isso. A diferença está em que Cristo teria podido ascender ao Céu por seu próprio poder ainda antes de sua morte e gloriosa ressurreição, enquanto que Maria não poderia fazê-lo - salvo um milagre - antes de sua própria ressurreição.

Porém, uma vez realizada esta, a Assunção se verificou utilizando sua própria agilidade gloriosa, sem a necessidade do auxílio dos Anjos e sem milagre algum ("La Virgen María", pp. 213-214).


(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2004, n. 32, p. 18 à 20)

QUEM FOI SÃO LUCAS CANÇÃO NOVA

São Lucas, o médico evangelista

Da Redação

Canção Nova
São Lucas evangelista
O dia 18 de outubro foi escolhido como "dia dos médicos" por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.

Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus e por isso a sua narrativa é baseada em depoimentos de pessoas que testemunharam a vida e a morte de Jesus. Além do evangelho, é autor do "Ato dos Apóstolos", que complementa o evangelho.

Segundo a tradição, São. Lucas era médico, além de pintor, músico e historiador, e teria estudado medicina em Antióquia. Possuindo maior cultura que os outros evangelistas, seu evangelho utiliza uma linguagem mais aprimorada que a dos outros evangelistas, o que revela seu perfeito domínio do idioma grego.

São Lucas não era hebreu e sim gentio, como era chamado todo aquele que não professava a religião judaica. Não há dados precisos sobre a vida de S. Lucas. Segundo a tradição era natural de Antióquia, cidade situada em território hoje pertencente à Síria e que, na época, era um dos mais importantes centros da civilização helênica na Ásia Menor. Viveu no século I d.C., desconhecendo-se a data do seu nascimento, assim como de sua morte.

Há incerteza, igualmente, sobre as circunstâncias de sua morte; segundo alguns teria sido martirizado, vítima da perseguição dos romanos ao cristianismo; segundo outros morreu de morte natural em idade avançada. Tampouco se sabe ao certo onde foi sepultado e onde repousam seus restos mortais. Na versão mais provável e aceita pela Igreja Católica, seus despojos encontram-se em Pádua, na Itália, onde há um jazigo com o seu nome, que é visitado pelos peregrinos.

Não há provas documentais, porém há provas indiretas de sua condição de médico. A principal delas nos foi legada por São Paulo, na epístola aos colossenses, quando se refere a "Lucas, o amado médico" (4.14). Foi grande amigo de São Paulo e, juntos, difundiram os ensinamentos de Jesus entre os gentios.

Outra prova indireta da sua condição de médico consiste na terminologia empregada por Lucas em seus escritos. Em certas passagens, utiliza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica de seu tempo. Este fato tem sido objeto de estudos críticos comparativos entre os textos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, e é apontado como relevante na comprovação de que Lucas era realmente médico. Dentre estes estudos, gostaríamos de citar o de Dircks, [4] que contém um glossário das palavras de interesse médico encontradas no Novo Testamento.

A vida de São Lucas, como evangelista e como médico, foi tema de um romance histórico muito difundido, intitulado "Médico de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell. Embora se trate de uma obra de ficção, a mesma muito tem contribuído para a consagração da personalidade e da obra de Sao Lucas.

A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório S. Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre São Lucas, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre o patrono dos médicos. Nesta obra, intitulada "Médico, pintor e santo", o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do "Colégio dos filósofos e dos médicos".

A escolha de São. Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como "dia dos médicos", é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos. No Brasil acha-se definitivamente consagrado o dia 18 de outubro como "dia dos médicos".

COMENTÁRIOS-PADRE JOÃO RESINA RODRIGUES


Comentários do Padre João Resina Rodrigues)

ANO C 2009-2010

O Evangelho de S. Lucas vai ser o mais lido neste ano litúrgico. Os textos escolhidos para os Domingos e Festas não são cronológicos nem contínuos, pelo que recomendamos a leitura prévia, integral e seguida deste Evangelho.



ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA

15 de Agosto de 2010

Assunção de Msria

Ticiano - Santa Maria del Fiori

Veneza
«O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas...e exaltou os humildes».

(Lc 1, 49,52)

LEITURA I Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab

«Uma mulher revestida de sol e com a lua debaixo dos pés.

SALMO 44 (45), 10-12.16

Refrão À vossa direita, Senhor, a Rainha do Céu,
ornada do ouro mais fino.
ou À vossa direita, Senhor, está a Rainha.

LEITURA II 1 Cor 15, 20-27 – 5, 2

«Primeiro, Cristo, como primícias: depois os que pertencem a Cristo».

EVANGELHO Lc 1, 39-56

Maria sabe, que a glória de ser Mãe de Deus se deve apenas à escolha de Deus. Por isso, no seu hino de louvor exulta o poder de Deus.

Para leitura dos textos clique em Textos Litúrgicos

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Cristãos católicos e cristãos ortodoxos têm uma grande ternura por Maria, “de quem nasceu Jesus” (Mat 1,16). Os cristãos protestantes “ignoram” Maria, com o argumento de que só Cristo é Senhor. Entendamo-nos. Católicos e ortodoxos dizemos, no Glória: «Só Tu és o Santo, só Tu o Senhor, só Tu o Altíssimo, Jesus Cristo». Mas não temos medo de acreditar que, sob a graça de Deus, o homem se vai tornando santo. Em particular, Aquela que o Anjo Gabriel saudou como “cheia da graça”, a quem disse : “O Senhor está contigo.”

Veneramos esta rapariga que se entregou radicalmente a Deus, sem cálculos nem condições. Esta mulher que viveu como mais ninguém a proximidade de Deus e nunca tirou daí qualquer vaidade. Esta mulher que cumpriu a sua missão no silêncio, longe das luzes do mundo. Esta mulher a quem, à hora da morte, Jesus nos confiou (Jo 19, 26-27).

Os primeiros textos do Novo Testamento são as epístolas de S. Paulo, escritas a partir do ano 50 [1]. S. Paulo anuncia Jesus Cristo como o Filho de Deus, que o Pai enviou à Terra. Para S. Paulo, é tão importante acentuar a transcendência de Jesus, a sua origem divina, como sublinhar que, para nos trazer a salvação, Ele assumiu a nossa condição.

“Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domínio da Lei, ... a fim de recebermos a adopção de filhos.” (Gal 4,4-6). (S. Paulo, anos 55-57).

"...seu Filho, nascido da descendência de David segundo a carne, manifestado Filho de Deus em todo o poder, segundo o Espírito Santo, na sua ressurreição de entre os mortos, Jesus Cristo, Senhor nosso, ...” (Rom 1, 3-4). (S. Paulo, anos 55-57).

“Ele (Cristo), que é de condição divina, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tendo-se tornado semelhante aos homens e sendo identificado como homem, rebaixou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.” (Filip 2,6-8). (S.Paulo, 57 ou 63).

“É Ele (Cristo) a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura; nele todas as coisas foram criadas, nos céus e na terra (...). Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas elas subsistem nele.” (Col 1,15-17). (Epístola escrita provavelmente por alguém do grupo de S.Paulo, anos 60).

“Bendito seja o Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo (...) Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo (...) para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo. (...) Manifestou-nos o mistério da sua vontade (...): submeter todas as coisas a Cristo, reunindo nele o que há no céu e na terra.” (Efes 1,3-10). (Escrita provavelmente por alguém do grupo de S. Paulo, anos 60).

Conta-se que, logo após a morte de S. Pedro, em 66 ou 67, os cristãos de Roma pediram a Marcos, de há muito seu companheiro, que escrevesse tudo aquilo que ele costumava ensinar. Assim apareceu, por volta de 70, o primeiro Evangelho. Na década de 80, Mateus e Lucas, consultando os que tinham contactado com Jesus, procuraram completar a informação.

S. Mateus retoma a palavra de S. Paulo, segundo a qual Jesus é o Filho de Deus, que Deus enviou à Terra a nascer de uma mulher: “Maria, sua mãe, estava noiva de José. Antes de viverem em comum, concebeu pelo poder do Espírito Santo. (...). O anjo do Senhor apareceu a José e disse-lhe: «José, filho de David, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco.” (Mat 1,18-23).

S. Lucas dá-nos um desenvolvimento maior: “Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem noiva de um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. (...). Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo.(...)». Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?». O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, Aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.(...).» Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.»” (Luc 1, 26-38).

Escrito entre 90 e 100, o Evangelho de S. João é mais uma teologia do que um relato: procura estabelecer relações entre os dados, sublinha os temas maiores, propõe significados. “Desde sempre (no princípio) era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus. Desde sempre o Verbo estava em Deus. Pelo Verbo tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam. (...) O Verbo era a luz verdadeira, que veio ao mundo iluminar todo o homem. (...). Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. (...). O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. (Jo 1, 1-14).

Estes textos ensinam que Deus amou tanto os homens que lhes entregou o seu Filho Único (Jo 3, 16). Há aqui uma diferença fundamental entre a perspectiva cristã e as perspectivas judaica e islâmica. Judeus e maometanos acreditam num Deus único, transcendente, misericordioso, capaz de perdoar todos os pecados dos homens. Para eles, no entanto, a doutrina da encarnação do Verbo parece um absurdo: acham que Deus deixaria de ser Deus se entrasse na condição humana. Nós, cristãos, acreditamos nesse quase-absurdo: que o Verbo de Deus tomou a condição humana e veio morrer numa cruz.

Mas estes textos levam-nos muito mais longe. Deus não é só aquele Infinito absurdo que ama os homens até ao ponto de permitir que o seu Verbo morra por eles numa cruz. É o Infinito absurdo que elege uma criatura, uma mulher, e faz dela sua Mãe.

Sempre os crentes perguntaram como é que se ama a Deus. Os cristãos encontram aqui uma pista. Amar a Deus é entrar na disposição de dar tudo por Ele: querer que a minha vida seja sinal d'Ele para os outros homens, abrir-Lhe o coração e o olhar para Ele numa confiança sem fim. Como, acreditamos, fez Maria.

Desde o séc. II, a tradição católica e a tradição ortodoxa afirmam que, em honra deste mistério da Encarnação do Verbo, Maria e José continuaram a viver o casamento na virgindade. Nos evangelhos fala-se nos “irmãos” de Jesus; questão pouco significativa, por isso que, na língua da Bíblia, todo o parente próximo pode ser designado por irmão. No século XVI, o protestantismo decidiu que a Bíblia deve ser tomada à letra e, portanto, José e Maria tiveram, depois do nascimento de Jesus, outros filhos.

Maria viveu a infância, a juventude, a maturidade e a velhice nesta terra dos homens. Uma tradição, acolhida pelos católicos e pelos ortodoxos, afirma que, terminado o seu tempo de vida na terra, Maria foi “assumida” ao Céu. Gratidão de Deus àquela que Lhe tinha dito “sim”.

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[1] Jesus deve ter nascido 6 ou 7 anos antes da data que a tradição fixou como início da era cristã. Foi crucificado e ressuscitou no ano 30, portanto com 36 ou 37 anos.

Paulo era uns anos mais novo. O próprio Jesus o converte na estrada de Damasco, talvez em 37. Após longos meses de retiro, começou a trabalhar com Barnabé na evangelização de Antioquia, por volta de 43. Em três longas viagens, Paulo funda numerosas comunidades, na Ásia Menor e na Grécia. Com elas, e com a comunidade de Roma, troca epístolas.

P.e João Resina Rodrigues (extracto de A Palavra no Tempo II

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SANTA JOANA MARIA DE CHANTAL

Santa Joana Francisca de Chantal
Co-fundadora da Ordem da Visitação de Nossa Senhora

No século XVI, a heresia protestante devorara como um câncer quase toda a Alemanha. Lançando metástases pela Europa, penetrou tão perigosamente na França, que em breve seu poderio foi o de um Estado dentro do Estado.

Aproveitando-se da fraqueza e omissão da dinastia francesa dos Valois, dirigida efetivamente pela inescrupulosa Catarina de Medicis e do apoio de membros da mais alta nobreza, seduzidos pela nova heresia, esta ameaçava a própria existência da única e verdadeira religião, a Católica.

Diante do perigo, os católicos, liderados pela família dos duques de Guise, formaram uma Liga Santa para a defesa de sua Religião. Dissolvida por Henrique III, a referida Liga renasceu em 1587, quando o Tratado de Beaulieu favoreceu demasiadamente os huguenotes, como eram chamados os protestantes na França. Da Liga fazia parte o enérgico e ardente católico Benigno Fremyot, Presidente do Parlamento da Borgonha, casado com Margarida de Berbisey. Foi nesse ambiente, carregado das guerras de religião, que nasceu Joana, segunda filha deste casal.

Não há dúvida de que o amor materno é insubstituível na formação moral e religiosa da prole. O caso do Presidente Fremyot foi uma das notáveis e raras exceções a essa regra. Joana tinha apenas 18 meses quando faleceu a mãe, no parto do terceiro filho, André. Benigno Fremyot supriu a falta da esposa dando aos filhos uma educação ao mesmo tempo afetuosa e viril. Dos três que teve, a primeira faleceria piedosamente poucos anos depois de casada; a segunda seria elevada à honra dos altares; e o último, por sua virtude e qualidades morais, tornar-se-ia, aos 21 anos, Arcebispo de Bourges e amicíssimo de São Francisco de Sales.

O Presidente Fremyot os reunia de manhã e à noite para ensinar-lhes a rezar, conhecer e amar a verdadeira Igreja e o Papa. Quando seus filhos foram crescendo, o Presidente Fremyot contratou mestres escolhidos para reforçarem sua formação. "Joana aprendia com grande facilidade e viveza de imaginação. E, dado seu bom talento e a posição que ocupava no mundo, foi-lhe ensinado tudo o que deveria saber uma jovem de sua classe: ler, escrever, dançar, tocar instrumentos de música, canto, os labores próprios ao seu sexo etc."

Ao receber a Confirmação, por devoção ao Poverello de Assis, Joana acrescentou ao seu o nome de Francisca.

Aos 20 anos, Joana Francisca foi dada pelo pai em casamento ao Barão de Chantal, valoroso oficial do exército francês e católico, embora desde a morte da mãe ele levasse uma vida um tanto dissipada.

O primeiro cuidado de Joana foi conquistar o coração do marido para levá-lo inteiramente a Deus. Isso não foi difícil, pois o Barão, além das boas predisposições que possuía, percebeu logo que Deus lhe tinha dado por esposa uma santa. A união entre eles foi tão grande que se dizia que tinham um só coração. Ao mesmo tempo a baronesa estabeleceu, com bondade e firmeza, a ordem e a disciplina no seio da numerosa criadagem do castelo.

O casal foi abençoado com seis filhos, dos quais os dois primeiros faleceram apenas nascidos. Sucederam-lhes outro filho e três filhas, tendo a última nascido poucas semanas antes da morte do Barão.

Mortalmente ferido por seu melhor amigo num acidente de caça, recebeu os últimos Sacramentos, perdoou seu homicida e recomendou à Baronesa que se resignasse à vontade de Deus.

Joana ficava assim viúva aos 28 anos, com quatro filhos para educar e o baronato para dirigir. Foram-lhe necessárias toda sua fé e energia para aceitar o rude golpe. Mas recebeu muitas graças nessa época, o que a levou a afirmar mais tarde que, não fossem os filhos tão pequenos, teria tudo abandonado para ir terminar seus dias em Jerusalém, consagrada inteiramente a Deus.

Essa alma forte e generosa foi submetida na viuvez a novas provações! O Barão de Chantal , sogro de Joana, cujo caráter orgulhoso, vaidoso e extravagante ela conhecia, sentindo-se muito só em sua velhice, queria que a jovem viúva, com os filhos, fosse lhe fazer companhia.

No novo domicílio, cuja desordem era igualmente de seu conhecimento, Joana entregou-se a todas as obras de apostolado e misericórdia por ela desenvolvidas no anterior. Mas sentindo a necessidade de encontrar um bom diretor espiritual, pediu insistentemente a Deus essa graça.

Em 1604, o já merecidamente célebre Bispo de Genebra, São Francisco de Sales, foi pregar a quaresma em Dijon, cidade natal de Joana. Esta convenceu o sogro a trasladarem-se para a casa de seu pai para seguirem os sermões.

O grande pregador, a quem Deus mostrara em sonhos sua futura penitente, imediatamente a reconheceu, atenta e recolhida, em meio aos fiéis. Esta também reconheceu com emoção aquele que Deus designara para seu pai espiritual. Começou assim um dos mais belos parentescos espirituais da História da Igreja, que tantos e tão belos frutos produziria.

São Francisco de Sales traçou-lhe uma minuciosa regra de vida. Sob sua direção, Santa Joana de Chantal progrediu tão rapidamente, que o santo se admirava, dando graças a Deus.

Aos poucos maturava na mente do Bispo de Genebra o projeto de uma nova congregação religiosa, com regras adaptadas a virgens e viúvas que, desejando servir a Deus, não se sentiam atraídas pelas grandes austeridades das famílias religiosas já existentes. Teriam como oração em comum somente o Ofício Parvo de Nossa Senhora; deveriam dedicar-se também à assistência dos pobres e enfermos.

Joana pôs-se à sua disposição para a realização da obra assim que seus filhos estivessem encaminhados. A mão de Deus fez-se então sentir para abreviar o tempo de espera. A Baronesa de Chantal tornara-se amicíssima da Baronesa de Boissy, mãe de São Francisco de Sales, senhora virtuosíssima, viúva e mãe de 13 filhos. Tal era a confiança que esta tinha em Joana que, a conselho de São Francisco, confiou à jovem viúva a educação de sua caçula, de nove anos. Esta veio a falecer poucos anos depois nos braços de Santa Joana.

Para unir por laços mais fortes que os da amizade as duas famílias, a Senhora de Boissy propôs o casamento de seu filho, Barão de Thorens, de 14 anos, com Maria Amada, filha mais velha de Santa Joana, então com 12. O casamento foi oficiado por São Francisco de Sales e como era costume na época, a jovem esposa foi viver com a família do marido até atingir a idade núbil.

Santa Joana confiou o filho, Celso Benigno, ao avô, Presidente Fremyot, que com a ajuda de um virtuoso preceptor completaria a educação do adolescente. Levando as duas filhas para terminar sua educação no convento, a Baronesa de Chantal ficava assim livre para a realização da grande obra.

Antes de partir, renunciou a todos seus bens em favor dos filhos e embarcou para Annecy, que fazia parte então do Ducado da Sabóia. Pouco depois, Deus chamou a Si a filha caçula de Joana, aquela a quem ela mais amava por sua inocência e docilidade.

Em Annecy já a esperavam três donzelas virtuosas, dirigidas de São Francisco de Sales, que com ela principiariam a obra. A Congregação idealizada pelo Bispo de Genebra era uma inovação. Até então só havia conventos de reclusas. Na recém-fundada Congregação – denominada da Visitação – as religiosas não guardariam clausura, pois deveriam cuidar dos pobres, o que suscitou muitas controvérsias.

Apesar da pobreza e das críticas recebidas, novas postulantes foram ingressando na Congregação e três jovens viúvas de Lyon pediram licença para lá fundar uma casa. Nessa ocasião, interveio o Cardeal Arcebispo local, convencendo São Francisco de Sales a erigir e transformar a Congregação em Ordem religiosa e aceitar a obrigação da clausura perpétua. O Fundador, tendo aceito a proposta, estipulou contudo que em seus conventos se pudessem receber senhoras e donzelas que quisessem retirar-se temporariamente para pôr em ordem sua consciência.

Embora muito atenuada em relação às regras existentes, no que se refere a penitências, jejuns e longos ofícios em comum, São Francisco de Sales reforçou a pobreza e a obediência da nova instituição. Nenhuma religiosa poderia ter nada seu, nem mesmo o hábito ou o rosário que usava. Cada ano havia uma rotação de tudo, inclusive livros e objetos de piedade.

A finalidade visada por São Francisco de Sales para sua Congregação seria levada avante pouco depois por seu grande amigo, São Vicente de Paulo, mediante a criação das Filhas da Caridade.

Foi cedendo a instâncias da Madre Chantal e dedicando-o a suas filhas da Visitação, que São Francisco de Sales escreveu seu famoso Tratado do Amor de Deus. "Minha filha, disse-lhe o santo Bispo, o Tratado do Amor de Deus está escrito para vós". No prefácio da obra, ele diz: "Como Deus sabe o muito que estimo essa alma, não foi pouco o que ela influiu nesta ocasião ... o que mais me moveu a levar avante meu projeto foram as reiteradas instâncias desta alma".

Àqueles a quem ama, Nosso Senhor presenteia com sua Cruz. Como alma eleita e muito sensível ao afeto, a Providência foi tirando de Santa Joana suas mais caras afeições para que se desapegasse inteiramente das criaturas.

Às provações já sofridas no transcurso da vida, somaram-se as espirituais, como tentações terríveis, algumas vezes contra a fé. Conheceu a noite escura e a secura espiritual para chegar a um grau sublime de contemplação. São Vicente de Paulo afirmou que, embora aparentando paz e tranqüilidade, Santa Joana "sofria terríveis provas interiores. Via-se tão assediada de tentações abomináveis, que tinha que apartar os olhos de si mesma com horror para não contemplar esse espetáculo insuportável .... Em meio a tão grandes sofrimentos, jamais perdeu a serenidade nem esmoreceu na plena fidelidade que Deus lhe exigia. Por isso a considero como uma das almas mais santas que encontrei sobre a terra".

Após a morte de São Francisco de Sales, não só consolidou a obra nascente, mas a fez expandir. Durante sua vida, os mosteiros da Visitação elevaram-se a 65. A todos visitou para satisfazer o desejo que muitas de suas filhas espirituais tinham de conhecê-la.

Em 1641, a rainha Ana d’Áustria convidou-a para ir a Paris, cumulando-a de honras e distinções. Era a exaltação que a Realeza prestava à Santa que foi, em vida, comparável à própria Mulher forte do Antigo Testamento. Meses depois, foi ela receber, no Céu, a recompensa demasiadamente grande que Deus reserva a seus eleitos.

Entregou sua alma a Deus em Moulins, a 13 de dezembro de 1641. Foi beatificada por Bento XIV a 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho