quarta-feira, 30 de junho de 2010

PRIMEIROS MÁRTIRES DO CRISTIANISMO

Os primeiros mártires do Cristianismo
Certo dia, um pavoroso incêndio reduziu Roma a cinzas. Em 19 de julho de 64, a poderosa capital virou escombros e o imperador Nero, considerado um déspota imoral e louco por alguns historiadores, viu-se acusado de ter sido o causador do sinistro. Para defender-se, acusou os cristãos, fazendo brotar um ódio contra os seguidores da fé que se espalharia pelos anos seguintes.

Nero aproveitou-se das calúnias que já cercavam a pequena e pouco conhecida comunidade hebraica que habitava Roma, formada por pacíficos cristãos. Na cabeça do povo já havia, também, contra eles, o fato de recusarem-se a participar do culto aos deuses pagãos. Aproveitando-se do desconhecimento geral sobre a religião, Nero culpou os cristãos e ordenou o massacre de todos eles.

Há registros de um sadismo feroz e inaceitável, que fez com que o povo romano, até então liberal com relação às outras religiões, passasse a repudiar violentamente os cristãos. Houve execuções de todo tipo e forma e algumas cenas sanguinárias estimulavam os mais terríveis sentimentos humanos, provocando implacável perseguição.

Alguns adultos foram embebidos em piche e transformados em tochas humanas usadas para iluminar os jardins da colina Oppio. Em outro episódio revoltante, crianças e mulheres foram vestidas com peles de animais e jogadas no circo às feras, para serem destroçadas e devoradas por elas.

Desse modo, a crueldade se estendeu de 64 até 67, chegando a um exagero tão grande que acabou incutindo no povo um sentimento de piedade. Não havia justificativa, nem mesmo alegando razões de Estado, para tal procedimento. O ódio acabou se transformando em solidariedade.

Os apóstolos são Pedro e são Paulo foram duas das mais famosas vítimas do imperador tocador de lira, por isso a celebração dos mártires de Nero foi marcada para um dia após a data que lembra o martírio de ambos.

Porém, como bem nos lembrou o papa Clemente, o dia de hoje é a festa de todos os mártires, que com o seu sangue sedimentaram a gloriosa Igreja Católica Apostólica Romana

terça-feira, 29 de junho de 2010

PALAVRA DO SENHOR PARA HOJE

Secretariado Nacional de Liturgia
«Vós tendes palavras de vida eterna»



S. PEDRO e S. PAULO, Apóstolos
29
Junho


Nota Histórica
Desde o século III que a Igreja une na mesma solenidade os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, as duas grandes colunas da Igreja. Pedro, pescador da Galileia, irmão de André, foi escolhido por Jesus Cristo como chefe dos Doze Apóstolos, constituído por Ele como pedra fundamental da Sua Igreja e Cabeça do Corpo Místico. Foi o primeiro representante de Jesus sobre a terra.
S. Paulo, nascido em Tarso, na Cilícia, duma família judaica, não pertenceu ao número daqueles que, desde o princípio, conviveram com Jesus. Perseguidor dos cristãos, converte-se, pelo ano 36, a caminho de Damasco, tornando-se, desde então, Apóstolo apaixonado de Cristo. Ao longo de 30 anos, anunciará o Senhor Jesus, fundando numerosas Igrejas e consolidando na fé, com as suas Cartas, as jovens cristandades. Foi o promotor da expansão missionária, abrindo a Igreja às dimensões do mundo.
Figuras muito diferentes pelo temperamento e pela cultura, viveram, contudo, sempre irmanados pela mesma fé e pelo mesmo amor a Cristo. S. Pedro, na sua maravilhosa profissão de fé, exclamava: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». E, no seu amor pelo Mestre, dizia: «Senhor, Tu sabes que eu Te amo». S. Paulo, por seu lado, afirmava: «Eu sei em quem creio», ao mesmo tempo que exprimia assim o seu amor: «A minha vida é Cristo»!
Depois de ambos terem suportado toda a espécie de perseguições, foram martirizados em Roma, durante a perseguição de Nero. Regando, com o seu sangue, no mesmo terreno, «plantaram» a Igreja de Deus.
Após 2000 anos, continuam a ser «nossos pais na fé». Honrando a sua memória, celebremos o mistério da Igreja fundada sobre os Apóstolos e peçamos, por sua intercessão, perfeita fidelidade ao ensinamento apostólico.

Missa

Missa da Vigília


Esta Missa diz-se na tarde do dia 28 de Junho, antes ou depois das Vésperas I da solenidade.

ANTÍFONA DE ENTRADA
Pedro, apóstolo, e Paulo, doutor das gentes,
ensinaram-nos a vossa lei, Senhor.

Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus,
que, por meio dos apóstolos São Pedro e São Paulo,
comunicastes à vossa Igreja os primeiros ensinamentos da fé,
concedei-nos, por sua intercessão,
o auxílio necessário para chegarmos à salvação eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Actos 3, 1-10
«Dou-te o que tenho: em nome de Jesus, levanta-te e anda»

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro e João subiam ao templo
para a oração das três horas da tarde.
Trouxeram então um homem, coxo de nascença,
que colocavam todos os dias
à porta do templo, chamada Porta Formosa,
para pedir esmola aos que entravam.
Ao ver Pedro e João, que iam a entrar no templo,
pediu-lhes esmola.
Pedro, juntamente com João,
olhou fixamente para ele e disse-lhe:
«Olha para nós».
O coxo olhava atentamente para Pedro e João,
esperando receber deles alguma coisa.
Pedro disse-lhe:
«Não tenho ouro nem prata,
mas dou-te o que tenho:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda».
E, tomando-lhe a mão direita, levantou-o.

Nesse instante fortaleceram-se-lhe os pés e os tornozelos,
levantou-se de um salto, pôs-se de pé e começou a andar;
depois entrou com eles no templo,
caminhando, saltando e louvando a Deus.
Toda a gente o viu caminhar e louvar a Deus
e, sabendo que era aquele que costumava estar sentado,
a mendigar, à Porta Formosa do templo,
ficaram cheios de admiração e assombro
pelo que lhe tinha acontecido.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 18 A (19 A), 2-3.4-5 (R. 5a)
Refrão: A sua mensagem ressoou por toda a terra.

Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.

Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.


LEITURA II Gal 1, 11-20
«Deus destinou-me desde o seio materno»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Eu vos declaro, irmãos:
O Evangelho anunciado por mim não é de inspiração humana,
porque não o recebi ou aprendi de nenhum homem,
mas por uma revelação de Jesus Cristo.

Certamente ouvistes falar do meu proceder outrora no judaísmo
e como perseguia terrivelmente a Igreja de Deus
e procurava destruí-la.
Fazia mais progressos no judaísmo
do que muitos dos meus compatriotas da mesma idade,
por ser extremamente zeloso das tradições dos meus pais.
Mas quando Aquele que me destinou desde o seio materno
e me chamou pela sua graça,
Se dignou revelar em mim o seu Filho
para que eu O anunciasse aos gentios,
decididamente não consultei a carne e o sangue,
nem subi a Jerusalém
para ir ter com os que foram Apóstolos antes de mim;
mas retirei-me para a Arábia
e depois voltei novamente a Damasco.
Três anos mais tarde,
subi a Jerusalém para ir conhecer Pedro
e fiquei junto dele quinze dias.
Não vi mais nenhum dos Apóstolos,
a não ser Tiago, irmão do Senhor.
– O que vos escrevo, diante de Deus o afirmo:
não estou a mentir. –
Palavra do Senhor.


ALELUIA Jo 21, 17b
Refrão: Aleluia. Repete-se
Senhor, que sabeis tudo,
bem sabeis que Vos amo. Refrão


EVANGELHO Jo 21, 15-19
«Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Quando Jesus Se manifestou aos seus discípulos
junto ao mar de Tiberíades,
depois de comerem, perguntou a Simão Pedro:
«Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?».
Ele respondeu-Lhe:
«Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo».
Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros».
Voltou a perguntar-lhe segunda vez:
«Simão, filho de João, tu amas-Me?».
Ele respondeu-Lhe:
«Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo».
Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas».
Perguntou-lhe pela terceira vez:
«Simão, filho de João, tu amas-Me?».
Pedro entristeceu-se
por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava
e respondeu-Lhe:
«Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».
Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas.
Em verdade, em verdade te digo:
Quando eras mais novo,
tu mesmo te cingias e andavas por onde querias;
mas quando fores mais velho,
estenderás a mão e outro te cingirá
e te levará para onde não queres».
Jesus disse isto para indicar o género de morte
com que Pedro havia de dar glória a Deus.
Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».
Palavra da salvação

segunda-feira, 28 de junho de 2010

ORAÇÃO POR TODOS OS SACERDOTES, DUM MODO PARTICULAR PELOS QUE DIA 27 SE ORDENARAM


Senhor Jesus, em vésperas de venerarmos os vossos santos, são Pedro e são Paulo,Vos pedimos a graça de protegerdes todos os sacerdotes da insídia do demónio, de os tornardes fortes e decisivos a abraçar a melhor vocação que Vós poderieis ter cedido a um mortal.

Que a sua consagração ao Vosso serviço, os torne cada vez mais santos, mais fiéis e mais despreendidos de quanto os afaste de exigente missão de levarem o Evangelho a todas as nações pelos testemunhos de suas vidas. Não os abandoneis e livrai-os de más companhias. Mas se tal suceder, ficai a seu lado e não os abandoneis às tentações do inimigo.

Maria Santíssima a vós vô-los entrego, ciente de que o Vosso santo manto os protegerá.Amen

ORÇÃO PELO NOSSO SANTO PADRE BENTO XVI


Oração pelo Santo Padre, o Summo Pontífice

Ó Jesus cabeça invisível da Santa Igreja, que a fundastes sobre uma firme pedra, e prometestes que as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela, conservai, fortificai e guiai aquele que lhe destes por cabeça visível. Fazei que ele seja o modelo do vosso rebanho, assim como é o seu pastor. Seja ele o primeiro por sua santidade, doutrina e paciência, assim como o é por sua dignidade; seja ele o digno Vigário de vossa Caridade, assim como o é da vossa Autoridade. Inspirai-lhe um zelo ardente de vossa glória, da salvação das almas e da santa religião. Dai-lhe coragem invencível para combater os inimigos de vosso Santo Nome, e uma firmeza inabalável, para se opor aos estragos do erro e da impiedade. Dai-lhe a plenitude do vosso espírito, para conduzir a barca agitada de vossa Santa Igreja através dos escolhos que a cercam.

Consolai o seu coração aflito, sustentai sua alma abatida, fazei voltarem suas ovelhas desgarradas. Ajudai-o a levar o peso de sua alta dignidade e de todos os trabalhos que a acompanham. Dignai-Vos, ó meu Deus, escutar benigno os votos que Vos dirigimos por ele, e concedei-lhe longos anos, para aumentar a vossa glória e o triunfo da vossa Santa Religião.

V. Oremos pelo nosso Summo Pontífice...(Bento XVI)

R. O Senhor o conserve, vivifique e beatifique na terra, e não o entregue nas mãos de seus inimigos. Amém.

Padre Nosso, Ave-Maria e Gloria Patri (300 dias de indulgência)

Jesus, Nosso Senhor, cobri com a proteção do vosso divino Coração o nosso Santíssimo Padre ... (Bento XVI) e sede sua luz, sua força e seu consolo. (300 dias de indulgência

domingo, 27 de junho de 2010

sábado, 26 de junho de 2010

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM



SEMANÁRIO CATÓLICO DA GUARDA

SECÇÃO: Liturgia

Foi para a Liberdade que Cristo nos libertou

Ao lermos a máxima: “Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou”, escrita na primeira frase da epístola de hoje, ficamos perplexos, pois supúnhamos estar sob o jugo das normas do Evangelho, obrigados a cumprir a sua Lei e a afastar-nos dos comportamentos corrompidos para os quais tendemos.
Ora a liberdade retratada pelo Apóstolo não aparece no conceito usualmente anotado por nós. É a liberdade verdadeira para a qual Cristo nos libertou. A ideia vem do resgate dos escravos daquele tempo, quando se lhes entregava a carta de alforria, geralmente paga por um benfeitor. Aliás esta ideia palpita muitas vezes nas cartas de S. Paulo, nas quais afirma termos sido libertados do mal pelo sangue de Cristo que pagou a Deus Pai o preço da nossa redenção, não para podermos escolher o pecado, mas para nos arrancar ao seu domínio. Pagar com a sua cruz a libertação do mal ou de práticas já ab-rogadas, como era o caso da circuncisão, para que os discípulos continuassem com o dever de as praticar seria um contra-senso. Daqui, o conselho de permanecerem firmes na nova fé e não se sujeitarem de novo ao seu domínio.
Aparece, no entanto, já prevendo o não entendimento de tais expressões, o aviso aos discípulos, pois, novos como eram na religião cristã, poderiam não divisar ser o cristianismo, libertação do jugo mosaico: “Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne”.
A nova Lei já não é a de Moisés. Há um mandamento novo que se resume na caridade. Esta torna-nos servidores uns dos outros e não permitirá ao instinto, inclinar-se para o que há de mais baixo, no nosso amor próprio e no nosso egoísmo.
Há uma incompatibilidade absoluta entre as obras da carne e as tendências do espírito. Como se vê mais adiante, o Apóstolo demarcará vigorosamente os princípios: “Os que são de Cristo Jesus crucificaram sua carne com seus vícios e concupiscências”.
Assim, como vivemos pelo Espírito de Cristo, teremos de nos deixar conduzir por Ele.
Necessário se torna, por isso, o combate espiritual já anunciado pelo grande Mestre: “Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz mas a espada. Porque vim separar o filho do pai, a filha de sua mãe e a nora da sogra; de tal modo que os inimigos do homem serão os seus familiares”.
Perante os princípios antagónicos anotados nesta epístola: “a carne que tem desejos contrários aos do Espírito e o Espírito desejos contrários aos da carne” há que escolher: ou a favor de Deus e da nossa salvação, ou a favor do maligno, princípio do castigo eterno.
A condição da nossa existência espiritual é uma luta renhida e porfiada, onde se joga a destreza habilidosa do homem livre, não condicionado senão pela verdade.
“A verdade vos libertará” é a sentença de Jesus, no Evangelho. Seria lamentável corrermos atrás da mentira tão prejudicial à nossa existência presente e futura, tanto mais ter a vitória um preço incalculável e valioso: a paixão e morte de Deus feito homem. À liberdade triunfante na cruz não pode suceder

sexta-feira, 25 de junho de 2010

29 DE JUNHO-SÃO PEDRO- 1º PAPA ESCOLHIDO POR JESUS CRISTO




EsconderWikipedia está a mudar de aparência.


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Pedro (século I a.C., Betsaida, Galiléia — cerca de 67 d.C., Roma)[1] foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, como está escrito no Novo Testamento e, mais especificamente, nos quatro Evangelhos. São Pedro foi o primeiro Bispo de Roma[2][3], sendo por isso o primeiro Papa da Igreja Católica
1 Nome e importância
2 Dados biográficos
3 O primado de Pedro segundo a Igreja Católica
4 O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma
5 Os textos escritos pelo apóstolo
6 Indícios arqueológicos
7 Notas e referências
8 Ligações externas


Nome e importância
Segundo a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simeão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha, que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.

A mudança de seu nome por Jesus Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com a Igreja Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à rocha.[4] Pedro foi o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe concedido o título de Príncipe dos Apóstolos e primeiro Papa. Esse título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro Bispo de Roma. Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria os títulos "Apostólica" e "Romana".

Dados biográficos

São Pedro e as chaves do céu (Dürer).Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo Santo André. Novas pesquisas no campo demonstram que Pedro e os demais apóstolos não eram simples pescadores. Ele e André eram "empresários" da pesca e tinham sua própria frota de barcos, em sociedade com Tiago, João e o pai destes Zebedeu.[5] Pedro era casado e tinha pelo menos um filho. Sua esposa era de uma família rica e moravam numa casa própria, cuja descrição é muito semelhante a uma villa romana[6], na cidade "romana" de Cafarnaum[7]. O pai da esposa de Pedro chamava-se Aristóbulo, que tinha um irmão conhecido por Barnabé, e pertenciam provavelmente a uma família aristocrática, possivelmente a do rei Herodes.

Segundo o relato no Evangelho de São Lucas,[8] Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com São Tiago e João, seus sócios, concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem.

No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".

Nos Evangelhos Sinóticos o nome de Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia sobre o Colégio Apostólico. Não se descarta que Pedro, assim como seu irmão André, antes de seguir Jesus, tenha sido discípulo de João Batista.

Outro dado interessante era a estreita amizade entre Pedro e João Evangelista, fato atestado em todos os evangelhos, como por exemplo, na Última Ceia, quando pergunta ao Mestre, através do Discípulo Amado, quem o haveria de trair ou quando ambos encontram o sepulcro de Cristo vazio no Domingo de Páscoa. Fato é que tal amizade perdurou até mesmo após a Ascensão de Jesus, como podemos constatar na cena da cura de um paralítico posto nas portas do Templo de Jerusalém.

Segundo a tradição defendida pela Igreja Católica Romana, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, teria se tornado o primeiro Bispo de Roma. Segundo esta tradição, depois de solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo teria viajado até Roma e aí permanecido até ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador Cláudio, época em que haveria voltado a Jerusalém para participar da reunião de apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém. A Bíblia atesta que após esta reunião, Pedro ficou em Antioquia (como o seu companheiro de ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas. A tradição da Igreja Católica Romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro haveria sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C. Desde a Reforma, teólogos e historiadores protestantes afirmaram que Pedro não teria ido a Roma, esta tese foi defendida mais proeminentemente por Ferdinand Christian Baur da Escola Tübingen. Outros, como Heinrich Dressel, em 1872, declararam que Pedro teria sido enterrado em Alexandria, no Egito ou em Antioquia.[2] Hoje, porém os historiadores concordam que Pedro realmente viveu e morreu em Roma. O historiador luterano Adolf Harnack afirmou, que as teses anteriores foram tendenciosas e prejudicaram o estudo sobre a vida de São Pedro em Roma.[2] Sua vida continua sendo objeto de investigação, mas o seu túmulo está localizado na Basílica de São Pedro no Vaticano, o qual foi descoberto em 1950 após anos de meticulosa investigação.[3]

O primado de Pedro segundo a Igreja Católica

Cristo entrega as chaves do céu a Pedro (Perugino, Capela Sistina).Toda a primeira parte do Evangelho gira em torno da pergunta: quem é Jesus? Simão foi o primeiro dos discípulos a responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro.

Encontramos o relato do evento no Evangelho de São Mateus, 16:13-19: Jesus pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?".

Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja[9], e as portas do Hades[10] nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado[11] nos céus” (Mt 16, 16:19).

O Evangelho de João[12], bem como o de Lucas[13], também falam a respeito do primado de Pedro dever ser exercido particularmente na ordem da Fé, e que Cristo o torna chefe: Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes? "Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe: "Simão filho de João, tu Me amas? - "Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas". Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas? Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu Me amas?” e lhe disse: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Minhas ovelhas.[14]

Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; Eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos.[15]

Mais do que em Mt 16, 17:19 esse texto é mais claro no que se refere ao primado que Cristo confere a Pedro no próprio seio dos apóstolos; um papel de direção na Fé.

O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma

São Pedro por El Greco.A comunidade de Roma foi fundada e evangelizada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua supostamente sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos supostamente é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que supostamente é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A suposta sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino (67) e, atualmente é exercida pelo papa Bento XVI.

Segundo essa visão, o próprio apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua primeira epístola: "A [Igreja] que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho."[16]. Trata-se da Igreja de Roma[17]. Assim também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova Babilônia (Selêucia) sobre o rio Tigre, ou à Babilônia Egípcia cerca de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilônia pela antiga literatura Cristã[18].

Os historiadores atualmente acreditam que a tradição católica está correta, igualmente muitas tradições antigas corroboram com a versão de que Pedro esteve em Roma e que ali teria sido martirizado

UMA FOTO INCRÍVEL


Uma foto incrível tornou-se uma mensagem de fé na Espanha.
Ela foi tirada no batismo de Valentino Mora, filho de Erica, uma mãe solteira de 21 anos, que pediu à fotógrafa que tirasse de graça a foto de seu filho.

A foto do batismo de Valentino Mora está varrendo a internet, porque na hora em que o padre derrama a água benta sobre sua cabeça, a água escorre no formato de um terço (veja a foto acima).


Esta história começou na Paróquia de Nossa Senhora de Assunção em Cordova, Espanha , onde o batismo do bebê de 1 mês aconteceu.
Na hora em que Valentino foi à pia batismal para o sacramento do batismo, Erica pediu à fotógrafa Maria Silvana Salles, contratada por outros pais que estavam batizando seus bebês, que tirasse a foto de seu filho como um favor, já que a jovem mãe não tinha como pagar por ela.
A fotógrafa, tocada pelo pedido de Erica, concordou em tirar a foto de Valentino.

Maria Silvana trabalha com câmera tradicional e teve que enviar o filme para ser revelado numa loja em Cordova. Quando ela recebeu as fotos, notou com surpresa que a água derramada da cabeça de Valentino era um terço perfeito.

A foto do batismo de Valentino fez nascer a fé no povo de Cordova, que vai até a humilde casa de Erica e Valentino para tocá-lo.

A verdade é que este sinal de fé mobilizou esta cidade em Cordova, cujos vizinhos vão à loja de Maria Silvana comprar a foto como se fosse um santinho.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

PAPA PEDRO JULIÃO-PORTUGUÊS


PAPA PEDRO JULIÃO-PORTUGUÊS

Nome de nascimento: Pedro Julião
Nascimento Lisboa,Portugal,
em data desconhecida, antes de 1226
Eleição 20 de Setembro de 1276
Fim do
pontificado: 16 de Maio de 1277
Predecessor: Adriano V
Sucessor: Nicolau III

João XXI nascido Pedro Julião mais conhecido como Pedro Hispano, (em data desconhecida, antes de 1226 – 20 de Maio de 1277) foi papa entre 20 de Setembro de 1276, até à data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, professor e matemático português do século XIII.

]
1 Historial pessoal
2 Pontificado
3 Bibliografia
4 Ver também

Historial pessoal
Pedro Julião, ou Pedro Hispano, nasce em Lisboa, no então Reino de Portugal, provavelmente na que é a actual freguesia de São Julião, em data não conhecida, mas seguramente antes de 1226, filho de Julião Rebelo, médico, cuja profissão segue e, de Teresa Gil (embora Ribeiro Soares defenda que possa ter sido filho do chanceler de D. Sancho I, Mestre Julião Pais).

Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde estudado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) com mestres notáveis, como São Alberto Magno, e tendo por condiscípulos São Tomás de Aquino e São Boaventura, grandes nomes do cristianismo. Lá estuda medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialética, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles. Entre 1246 e 1252 ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas obras, de entre as quais se destaca o Tratado Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias, com 260 edições em toda a Europa, traduzido para grego e hebraico.

Prova da sua vastíssima cultura científica encontra-se na obra De oculo, um tratado de Oftalmologia, que conhece ampla difusão nas universidades europeias. Quando Miguel Ângelo adoece gravemente dos olhos, devido ao árduo labor consumido na decoração da Capela Sistina, encontra remédio numa receita de Pedro Julião. De sua autoria, o ‘Thesaurus Pauperum’ (Tesouro dos pobres), em que trata de várias doenças e suas curas, com cerca de uma centena de edições e traduzido para 12 línguas.

Já no domínio da Teologia, é autor de Comentários ao pseudo-Dionísio e Scientia libri de anima. Encontra-se por publicar a obra De tuenda valetudine, manuscrita em Paris, dedicada a Branca de Castela, esposa do rei Luís VIII de França, filha de Afonso IX de Castela.

Antes de 1261, ano em que é eleito decano da Sé de Lisboa, Pedro Julião ingressa no sacerdócio. O rei Afonso III de Portugal confia-lhe o priorado da Igreja de Santo André (Mafra) em 1263, posto o que é elevado a cónego e deão da Sé de Lisboa, Tesoureiro-mor na Sé do Porto e Dom Prior na Colegiada Real de Santa Maria de Guimarães.

Após a morte de Dom Martinho Geraldes, Pedro Julião é nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X, em 1273. Um ano depois, participa no XIV Concílio Ecuménico de Lião, altura em que Gregório X o eleva a Cardeal-bispo com o título de Tusculum-Frascati, da Diocese suburbicária de Frascati, o que permite ao pontífice poder contar com os serviços médicos do sábio português. Regressa ao Arcebispado de Braga, até ser nomeado o sucessor, Dom Sancho. De volta á corte pontifícia, Gregório X nomeia-o seu médico principal (arquiatro) em 1275.

A eleição de Pedro Julião, em conclave realizado em Viterbo, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de Agosto de 1276, decorre num período muito perturbado por tensões políticas e religiosas e com alguns cardeais a sofrer violências físicas. É eleito Papa a 13 de Setembro e coroado a 20 de Setembro de 1276, e ado(p)ta o nome de João XXI.

Pontificado
João XXI irá marcar o seu breve pontificado (de pouco mais de 8 meses) pela fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lião. Apressa-se a mandar castigar, em tribunal criado para o efeito, os que haviam molestado os cardeais presentes no conclave que o elegera.

Embora sem grande sucesso, leva por diante a missão encetada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja do Ocidente. Esforça-se por libertar a Terra Santa em poder dos turcos.

Tenta reconciliar grandes nações europeias, como França, Alemanha e Castela, dentro do espírito da unidade cristã. Neste sentido, envia legados a Rodolfo de Habsburgo e a Carlos de Anjou, sem sucesso.

Pontífice dotado de rara simplicidade, recebe em audiência tanto os ricos como os pobres. Dante Alighieri, poeta italiano (1265-1321), na sua famosa ‘Divina Comédia’, coloca a alma de João XXI no Paraíso, entre as almas que rodeiam a alma de São Boaventura, apelidando-o de "aquele que brilha em doze livros", menção clara a doze tratados escritos pelo erudito pontífice português. O rei aragonês Afonso X de Leão e Castela, o Sábio, avô de D. Dinis de Portugal, elogia-o em forma de canção no "Paraíso", canto XII. Mecenas de artistas e estudantes, é tido na sua época por 'egrégio varão de letras', 'grande filósofo', 'clérigo universal' e 'completo cientista físico e naturalista'.

Mais dado ao estudo que às tarefas pontifícias, João XXI delega no Cardeal Orsini, o futuro Papa Nicolau III, os assuntos correntes da Sé Apostólica. Ao sentir-se doente, retira-se para a cidade de Viterbo, onde morre a 20 de Maio de 1277, com 51 anos, vitimado pelo desmoronamento das paredes do seu aposento, estando o palácio apostólico em obras. É sepultado junto do altar-mor da Catedral de São Lourenço, naquela cidade. No século XVI, durante os trabalhos de reconstrução do templo, os seus restos mortais são trasladados para modesto e ignorado túmulo, mas nem aqui encontraram repouso definitivo. Através do contributo da Câmara Municipal de Lisboa, por João Soares então seu presidente, o mausoléu é colocado, a título definitivo, ao lado do Evangelho de Catedral de Viterbo, a 28 de Março de 2000.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

INFLUÊNCIA DE SÃO JOÃO BAPTISTA EM JESUS




32. Que influência teve São João Baptista em Jesus?


2006/04/01
Santiago Ausín
A figura de São João Baptista ocupa um lugar importante no Novo Testamento e, concretamente, nos evangelhos. Foi comentada na tradição cristã mais antiga, e entranhou-se profundamente na piedade popular, que celebra a festa do seu nascimento com especial solenidade desde tempos muito antigos. Nos últimos anos, tem atraído a atenção de estudiosos do Novo Testamento e das origens do cristianismo, que procuram descobrir que coisas se podem conhecer acerca da relação entre João Baptista e Jesus de Nazaré, do ponto de vista da crítica histórica.

Dois tipos de fontes falam de João Baptista, umas cristãs e outras profanas. As cristãs são os quatro evangelhos canónicos e o evangelho gnóstico de Tomé. A fonte profana mais relevante é Flávio Josefo, que dedicou uma longa separata do seu livro Antiguidades Judaicas (18, 116-119) a glosar o martírio do Baptista às mãos de Herodes na fortaleza de Maqueronte (Pereia). Para avaliar as eventuais influências, pode ser uma ajuda olhar para o que se sabe acerca da vida, da conduta e da mensagem de ambos.

1. Nascimento e morte. João Baptista seguramente coincidiu no tempo com Jesus, nasceu algum tempo antes e começou a sua vida pública também antes. Era de origem sacerdotal (Lc 1), embora nunca tenha exercido as suas funções, e supõe-se que mostrou oposição ao comportamento do sacerdócio oficial, quer pela sua conduta e quer pela sua permanência longe do Templo. Passou algum tempo no deserto da Judeia (Lc 1, 80), mas não parece que tenha tido uma relação com o grupo de Qumran, uma vez que não se mostra tão radical no cumprimento das normas legais (halakhot). Morreu condenado por Herodes Antipas (Flávio Josefo, Ant. Jud. 18, 118). Jesus, por seu lado, passou a sua primeira infância na Galileia e foi baptizado por ele no Jordão. Soube da morte do Baptista e sempre louvou a sua figura, a sua mensagem e a sua missão profética.

2. Comportamento. Da sua vida e conduta, Josefo assinala que era “boa pessoa” e que muitos “acorriam a ele e se entusiasmavam ao ouvi-lo “. Os evange­listas são mais explícitos e mencionam o lugar onde ele desenvolveu a sua vida pública (a Judeia e a margem do Jordão); a sua conduta austera no vestir e no comer; a sua liderança perante os seus discípulos e a sua função de percursor, ao revelar Jesus de Nazaré como verdadeiro Messias. Jesus, pelo contrário, não se distinguiu dos seus concidadãos, no que é externo: não se limitou a pregar num lugar determinado; participou em refeições de família; vestia com natura­lidade e, embora condenando a interpretação literal da lei que faziam os fariseus, cumpriu todas as nor­mas legais e frequentou o templo com assidui­dade.

3. Mensagem e baptismo. João Baptista, segundo Flávio Josefo, “exortava os judeus a praticar a virtude, a justiça uns com os outros e a piedade com Deus, e depois a receber o baptismo”. Os evangelhos acrescentam que a sua mensagem era de penitência, escatológica e messiânica: exortava à conversão e ensinava que o juízo de Deus está iminente: virá quem é “mais forte que eu” que baptizará no Espírito Santo e no fogo. O Seu baptismo era para Flávio Josefo “um banho do corpo” e sinal da limpeza da alma pela justiça. Para os evangelistas era “um baptismo de conversão para o perdão dos pecados” (Mc 1, 5). Jesus não rejeita a mensagem do Baptista, antes parte dela (Mc 1, 15) para anunciar o reino e a salvação universal, e identifica-se com o Messias que João anunciava, abrindo o horizonte escatológico. Sobretudo faz do seu baptismo fonte de salvação (Mc 16, 16) e porta para participar dos dons, outorgados aos discípulos.

Resumindo, entre João e Jesus houve muitos pontos de contacto, mas todos os dados conhecidos até ao presente, põem em evidência que Jesus de Nazaré superou o esquema vetero-testamentario do Baptista (conversão, atitude ética, esperança messiânica), e apresentou o horizonte infinito da salvação (reino de Deus, redenção universal, revelação definitiva).
OPUS DEI

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

SÃO PADRE PIO DE PIETRELCINA ROGAI POR NÓS



PADRE PIO DE PIETRELCINA

«Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gál 6, 14).

Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: «Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gál 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.

Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.

Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes.

Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte.

Abrasado pelo amor de Deus e do próximo, o Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direcção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia. O momento mais alto da sua actividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto mais alto e a plenitude da sua espiritualidade.

No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da «Casa Sollievo della Sofferenza» (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956.

Para o Padre Pio, a fé era a vida: tudo desejava e tudo fazia à luz da fé. Empenhou-se assiduamente na oração. Passava o dia e grande parte da noite em colóquio com Deus. Dizia: «Nos livros, procuramos Deus; na oração, encontramo-Lo. A oração é a chave que abre o coração de Deus». A fé levou-o a aceitar sempre a vontade misteriosa de Deus.

Viveu imerso nas realidades sobrenaturais. Não só era o homem da esperança e da confiança total em Deus, mas, com as palavras e o exemplo, infundia estas virtudes em todos aqueles que se aproximavam dele.O amor de Deus inundava-o, saciando todos os seus anseios; a caridade era o princípio inspirador do seu dia: amar a Deus e fazê-Lo amar. A sua particular preocupação: crescer e fazer crescer na caridade.

A máxima expressão da sua caridade para com o próximo, ve-mo-la no acolhimento prestado por ele, durante mais de 50 anos, às inúmeras pessoas que acorriam ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Parecia um assédio: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele prestava-se a todos, fazendo renascer a fé, espalhando a graça, iluminando. Mas, sobretudo nos pobres, atribulados e doentes, ele via a imagem de Cristo e a eles se entregava de modo especial.

Exerceu de modo exemplar a virtude da prudência; agia e aconselhava à luz de Deus.

O seu interesse era a glória de Deus e o bem das almas. A todos tratou com justiça, com lealdade e grande respeito.

Nele refulgiu a virtude da fortaleza. Bem cedo compreendeu que o seu caminho haveria de ser o da Cruz, e logo o aceitou com coragem e por amor. Durante muitos anos, experimentou os sofrimentos da alma. Ao longo de vários anos suportou, com serenidade admirável, as dores das suas chagas.

Quando o seu serviço sacerdotal esteve submetido a investigações, sofreu muito, mas aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Frente a acusações injustificáveis e calúnias, permaneceu calado, sempre confiando no julgamento de Deus, dos seus superiores directos e de sua própria consciência.

Recorreu habitualmente à mortificação para conseguir a virtude da temperança, conforme o estilo franciscano. Era temperante na mentalidade e no modo de viver.

Consciente dos compromissos assumidos com a vida consagrada, observou com generosidade os votos professados. Foi obediente em tudo às ordens dos seus Superiores, mesmo quando eram gravosas. A sua obediência era sobrenatural na intenção, universal na extensão e integral no cumprimento. Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. Sempre teve uma grande predilecção pela virtude da castidade. O seu comportamento era, em todo o lado e para com todos, modesto.

Considerava-se sinceramente inútil, indigno dos dons de Deus, cheio de misérias e ao mesmo tempo de favores divinos. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: «Quero ser apenas um pobre frade que reza».

Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.

No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: «Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas porquê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era – como dizê-lo?! – a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento».

Já gozava de larga fama de santidade durante a sua vida, devido às suas virtudes, ao seu espírito de oração, de sacrifício e de dedicação total ao bem das almas.

Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenómeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas.

Assim Deus manifestava à Igreja a vontade de glorificar na terra o seu Servo fiel. Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canónica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio «Sanctitas Clarior», a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredónia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos, com resultado positivo. Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Ex.mo e Rev.mo D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas.

No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes. Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canónico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre.

No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica.

Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canónico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorren de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.



Beatificação (2 de maio de 1999)

Canonização (16 de junho de 2002)

"DAI DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTES"




DOMINGO XII DO TEMPO COMUM

Domingo, 20 de Junho de 2010.

SANTO DO DIA: São João de Matera, Abade

Primeira Leitura: Zacarias 12,10-11;13,1
Leitura da Profecia de Zacarias:

Assim diz o Senhor: 10Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim. Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito. 11Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém, como foi o de Adadremon, no campo de Magedo. 13,1Naquele dia, haverá uma fonte acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém, para ablução e purificação.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Segunda Leitura: Gálatas 3,26-29
Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas:

Irmãos: 26Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. 27Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. 29Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus


Salmo 62
Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minh'alma tem sede de vós,minha carne também vos deseja.
R. A minh'alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!
Como terra sedenta e sem água, venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus lábios vos louvam.
R. A minh'alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!

Quero, pois vos louvar pela vida, e elevar para vós minhas mãos! A minh'alma será saciada,*
como em grande banquete de festa;cantará a alegria em meus lábios, ao cantar para vós meu louvor!
R. A minh'alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!
Para mim fostes sempre um socorro; de vossas asas á sombra eu exulto! Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta.
R. A minh'alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 9,18-24
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:

Certo dia: 18Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: 'Quem diz o povo que eu sou?' 19Eles responderam: 'Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou.' 20Mas Jesus perguntou: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' Pedro respondeu: 'O Cristo de Deus.' 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22E acrescentou: 'O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.' 23Depois Jesus disse a todos: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor

ARAUTOS DO EVANGELHO

sexta-feira, 18 de junho de 2010

CRISTO QUE PASSA-OPUS DEI




A família: santificar o lar dia a dia
“Cada lar cristão – disse S. Josemaria numa homília pronunciada em 1970 – deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida.". (Cristo que passa, 22, 4)

2005/01/26
É verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza trata os seus filhos. Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia, escola de santidade. Os pais são cooperadores de Deus. Daí nasce o amável dever de veneração, que corresponde aos filhos. Com razão, o quarto mandamento pode chamar-se – escrevi-o há tantos anos – o dulcíssimo preceito do Decálogo. Se se vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz, luminoso e alegre.
Cristo que passa, 78, 6

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe.
Cristo que passa, 30, 5

Comove-me que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como «sacramentum magnum», sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos pais de família é importantíssimo.
– Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração, à qual Nosso Senhor, na sua providência amorosa, quer que outros livremente renunciemos.
Cada filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina: não tenhais medo aos filhos!
Forja, 691

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida.
Cristo que passa, 22, 4

Santificar o lar no dia a dia, criar, com carinho, um autêntico ambiente de família: é disso precisamente que se trata. Para santificar cada um dos dias, é necessário exercitar muitas virtudes cristãs; em primeiro lugar, as teologais e, depois, todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, o trabalho, a alegria...
Cristo que passa, 23, 4

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A FAMÍLIA CATÓLICA


Família Católica
Evangelhos Ariadne Homepage

"A Família no futuro do Mundo e da Igreja.
A missão da Família Cristã"

Conferência no Encerramento do Congresso Nacional da Família
Lisboa, 12 de Outubro de 2002



1. Com o título prometido no programa esperam certamente de mim uma palavra de esperança e de perspectiva pastoral. A situação da família na Igreja e a missão da família no mundo são dimensões interdependentes. A missão da família cristã no mundo, não é separável da missão da Igreja na sociedade. A família só será uma realidade irradiadora do Reino de Deus se ela for uma realidade eclesial viva, fortemente marcada pela ousadia do Espírito e atravessada pela exigência da santidade cristã. A tibieza das famílias cristãs enfraquecerá a Igreja como sacramento de salvação e sinal do Reino.
Por isso, antes de abordar a missão da família cristã no mundo contemporâneo, parece-me necessário considerar as relações mútuas entre a família e a Igreja.

I - A Igreja e a Família.
2. A família, com as características essenciais que ainda hoje a definem, não é uma "invenção" do judeo-cristianismo. Ela constitui um dado estrutural da antropologia da criação. Na harmonia do universo, que preside a todo o seu processo evolutivo, o fenómeno humano surge como clímax de todo o processo e revela-se como a fonte de sentido de toda a evolução do universo. O homem desvela o segredo do sentido do cosmos; o homem, desde o seu aparecimento no processo da criação, revela-se com uma centralidade que dá sentido a todas as coisas.
Este "fenómeno humano" manifesta-se na bipolaridade sexuada do homem e da mulher e também neste aspecto o ser humano dá sentido a toda a vitalidade do universo. Homem e Mulher Ele os criou (Gen. 1, 27). Segundo a Bíblia, o homem criado à imagem de Deus é homem e mulher: dois indivíduos, um único ser humano, chamados à unidade que exprime e anuncia a vocação de unidade e harmonia do próprio cosmos.
Esta unidade procurada insere-se na busca progressiva da perfeição da criação, não é uma "fusão" com a perda da identidade dos sujeitos desta busca de unidade, mas uma comunhão, onde cada um mantendo a sua individualidade, a reconhece continuamente na relação com o outro. No par humano, o ser humano afirma-se como relacional, isto é, alguém que se descobre e constrói na relação com o outro. Sem anular o indivíduo este torna-se pessoa, porque encontra a sua verdade na relação.
Esta unidade relacional do homem e da mulher, que na sua complementaridade física e espiritual garantem a reprodução da espécie, mostra-se decisiva para a harmonia da criação, é o núcleo fundamental da vocação comunitária da humanidade e, por isso mesmo, sua célula fundante e fundamental. Fonte de sentido para toda a criação, esta unidade primordial alia a força da natureza com o sentido que lhe vem do espírito, afirmando, desde o início, a dimensão cultural e espiritual como componente essencial de toda a comunidade humana. Com a força da natureza, pode haver complementaridade física e reprodução da espécie; mas só haverá comunidade de pessoas com dimensão cultural e espiritual, que vai encontrar uma expressão decisiva na dimensão religiosa, ou seja, da comunhão com Deus, que se reconhece como Criador.

3. O judeo-cristianismo é o quadro religioso e cultural em que nos situamos. Ele não fundou a família como comunidade primordial, mas enriqueceu-lhe o sentido, desvelou-lhe o mistério, definiu-lhe o horizonte de perenidade e de eternidade. O "fenómeno humano" é o ponto de partida da revelação religiosa, mas esta supera-o porque lhe desvela o sentido definitivo. Toca-se a dimensão humana de Deus e a dimensão divina do homem. E é na comunidade primordial do homem e da mulher que se intui este encontro fundamental do humano e do divino. "Deus criou o homem à Sua imagem, homem e mulher Ele os criou" (Gen. 1, 27).
O diálogo entre Deus e o homem radica na criação do ser humano como dinamismo de relação e desafio de comunhão. No progresso desse diálogo revelador, Deus acabará por se manifestar como sendo Ele Próprio uma comunhão de Pessoas, onde a unidade do amor não compromete a individualidade dos sujeitos. E percebe-se, então, como um Deus comunhão de Pessoas só podia criar à Sua imagem, ou seja, só podia criar um ser humano que se afirmasse mais pela comunhão inter-pessoal do que pela individualidade dos sujeitos. Sobre a comunidade primordial do homem e da mulher brilha agora a luz da comunhão trinitária e a participação divina do ser humano expressa nessa comunhão. Criou-os à Sua imagem.
Esta imagem divina é, no ser humano, uma marca relacional e uma exigência de comunhão, que traz o gérmen de uma outra expressão maior desta vocação de comunhão: a possibilidade de entrar em comunhão com Deus. Percebe-se então que Deus criou porque queria alargar a Sua experiência de comunhão de amor e esse é o grande desafio que faz continuamente ao homem, na proposta de aliança. E o homem pode acolher e perceber essa proposta de aliança, porque na comunhão primordial homem e mulher ele traz a marca de uma vocação de aliança e de comunhão. Não é apenas uma expressão poética quando, através dos autores sagrados, Deus explica o Seu desejo de aliança com a humanidade, comparando-a à aliança primordial do homem e da mulher. E mesmo nessa etapa da revelação, que parece decisiva e inovadora, está-se apenas a explicitar o sentido profundo da aliança primordial do homem e da mulher.

4. Quando a vocação humana de comunhão, expressa desde a origem na comunhão do homem e da mulher, assume claramente a sua dimensão de transcendência na proposta divina de aliança com o Povo escolhido, a vida relacional dos homens e das mulheres vais ser interpelada por um duplo dinamismo: o de serem seres em relação e de fazerem comunhão entre si - é o dinamismo da comunidade - e de encontrarem na relação de aliança que Deus lhes propõe a força que lhes permite aprofundar continuamente a experiência comunitária; e tomarem a sério a aliança, fazendo comunhão com Deus, saboreando desde já as primícias da definitiva comunhão, no Reino definitivo.
Estes dois dinamismos entrecruzam-se na realidade concreta da vida do povo crente. A experiência de comunhão entre humanos pode ter a densidade da comunhão de aliança com Deus. Todas as verdadeiras experiências de comunidade integram a densidade da aliança, encontram nela a força que as faz crescer e a garantia da sua plenitude.
Mais uma vez a família, comunidade primordial, aparece como experiência nuclear deste processo. A comunhão do homem e da mulher pode caminhar para a sua perfeição, porque Deus faz parte dessa comunhão. Comunidade natural, a união do homem e da mulher encontra na Palavra de Deus a luz que a guia pelos caminhos do amor. Comunhão de pessoas com a força de Deus, torna-se caminho e sinal da comunhão com Deus e gérmen da comunhão alargada no Povo de Deus.
Radica aqui a possibilidade de a comunhão conjugal ser sacramento da graça e da edificação da Igreja. Está encontrada a convergência inevitável entre a família comunhão e a Igreja comunhão. O amor de Cristo pela Igreja torna-se o modelo inspirador do amor dos esposos. Os maridos devem amar as suas esposas como Cristo ama a Igreja (cf. Efs. 5). Situar a comunhão familiar no âmago da comunhão eclesial revela o verdadeiro sentido da comunhão conjugal. A revelação do amor do Deus comunhão, desvela o sentido da criação. A graça plenifica a natureza.

5. Este horizonte da graça que plenifica a natureza constitui o pano de fundo doutrinal que orienta toda a acção da Igreja em relação à família cristã. E metodologicamente permito-me, antes de tratar de questões pastorais propriamente ditas, enumerar em síntese os pontos principais da doutrina cristã sobre o casamento e a família.

* O cristianismo não introduz na consideração da família alterações ontológicas na antropologia da família; antes adopta a antropologia da criação explicitando-lhe a dimensão transcendente, oferecendo-lhe uma força de autenticidade e plenificação e enquadrando-a no contexto religioso da aliança.

* A família é uma comunidade de pessoas, radicada na comunhão do homem e da mulher; a diferenciação e a complementaridade dos sexos é um elemento antropológico fundamental na compreensão cristã da família, porque o "humano" é homem e mulher e porque a procriação é elemento constitutivo do ideal familiar. Nenhuma espécie de abertura ou de adaptação aos tempos poderá levar jamais a Igreja a considerar como família as uniões entre pessoas do mesmo sexo.

* A família é uma comunhão de amor. A unidade procurada não é "fusão" mas comunhão de pessoas, exprime-se também pelo corpo, mas é união espiritual. Só o amor dá sentido à sexualidade humana.

* Esta comunhão é expressão da caridade e é possível com a força do Espírito Santo. A graça da comunhão recebida pelos esposos cristãos é um dom baptismal e é a mesma graça oferecida a todos os baptizados para que sejam comunhão, em Igreja.

* A união conjugal, sendo por natureza da ordem da comunhão de amor, tornou-se, em Cristo, sinal sacramental da graça eclesial.

* Como toda a experiência cristã, a união conjugal anseia por uma plenitude final. A dimensão escatológica do matrimónio confunde-se com a dimensão escatológica da Igreja.

A Família como alvo privilegiado da acção pastoral da Igreja.
6. A acção pastoral da Igreja em relação à família parte deste mistério perene da família. Trata-se de lhe revelar o seu mistério e de a ajudar a encontrar a sua plenitude. Não se pode pedir à Igreja que na sua acção pastoral renuncie a esta dimensão perene, que lhe foi apenas dada e revelada.
A Igreja terá, certamente, em conta as circunstâncias mutáveis da família, mas não pode mudar a sua compreensão do mistério da família, ao ritmo das mutações culturais e sociológicas. É sua missão, isso sim, ajudar as famílias cristãs a situar-se nessas mutações, com discernimento e coragem para viverem o mistério de sempre nas condições concretas do mundo de cada tempo.
Indicarei agora algumas características fundamentais da acção pastoral da Igreja em relação à família, aquilo que vulgarmente se designa pela expressão "pastoral familiar".

7. É uma pastoral baptismal. O baptismo é o fundamento do matrimónio cristão. Chamados, pela fé e pelo baptismo, à comunhão de caridade, em Igreja, por Jesus Cristo, não teria sentido que os esposos cristãos vivam a sua experiência primordial de comunhão, fora da exigência desta comunhão, em Igreja, caminho da santidade cristã. Trata-se, pois, de uma pastoral da fé, da esperança e da caridade, descobrindo progressivamente a novidade cristã na maneira de viver. É familiar porque toda a acção pastoral da Igreja integra e tem em conta as circunstâncias concretas da vida de cada cristão e de cada comunidade. Toda a acção pastoral se situa na perspectiva do mistério da encarnação.
É por isso que a Igreja, ao longo do seu caminhar no tempo, chegou à formulação jurídica do princípio que, entre cristãos, o único matrimónio válido, é o sacramento do matrimónio. Em circunstâncias, como as actuais, em que um grande número de baptizados, não fizeram uma iniciação cristã e não têm uma fé vivida, esta equação entre baptismo e sacramento traz problemas pastorais acrescidos. Um maior rigor na admissão dos nubentes ao matrimónio sacramento não é solução evidente. Exceptuando circunstâncias graves, não é justo negar o matrimónio religioso a dois nubentes baptizados que o pedem sinceramente. Temos de os ajudar a descobrir a verdadeira dimensão daquilo que pedem. Por mais difícil que isso seja na prática, o momento do pedido do casamento religioso pode ser aproveitado como momento de anúncio querigmático da pessoa de Jesus Cristo.

8. Esta circunstância põe em realce uma outra característica desta pastoral específica: como toda a pastoral baptismal deve ter um ritmo catecumenal. Trata-se de uma caminhada em que se aprofunde e experimente a riqueza do baptismo, a comunhão com Jesus Cristo, em Igreja, descobrindo a beleza da comunhão fraterna, iniciando-se na oração, e aceitando a novidade da moral cristã, porque se descobre que a comunhão com Cristo transforma todas as expressões da nossa vida.
A preparação para o matrimónio deveria ter o ritmo de uma caminhada catecumenal. Só intuindo e saboreando a novidade cristã os noivos se preparam para o casamento, pois só essa descoberta prepara para a vida da Igreja, como caminho de santidade. Mas mesmo depois do matrimónio celebrado, os casais deveriam, durante um tempo, aceitar continuar essa caminhada catecumenal, sobre a orientação do seu Bispo.

9. É uma pastoral comunitária. Trata-se de fazer descobrir a dimensão de comunhão de toda a vida cristã, em Igreja e a sua concretização nas diversas formas de vivência comunitária, entre as quais a família é a primeira, embora não a única. Toda a comunidade eclesial de aprofundamento da fé, que passa por Movimentos, grupos de Catequese de Adultos etc, deve ter ritmo e pedagogia comunitários, convergindo todos para a Eucaristia, principal expressão da comunhão eclesial. Na Igreja as pessoas individuais descobrem o sentido da vida na participação comunitária. A família não pode ser só o contexto em que os indivíduos crescem e encontram a própria felicidade. A sua grande riqueza, que é também a sua maior exigência, está na experiência comunitária. E em comunidade os indivíduos se não contribuem para a felicidade dos outros, também não constroem a própria felicidade.

10. É uma pastoral em ritmo pascal. Só participa na ressurreição de Cristo quem O segue, abraçando corajosamente a própria cruz. O mito da facilidade, da felicidade ao alcance da mão, enfraqueceu a família como espaço de fidelidade e de luta. A capacidade de amar, sofrendo, e a generosidade do perdão são atitudes cristãs essenciais à solidificação da família cristã como comunidade de amor. A família só resiste na coragem da luta, na generosidade do perdão, na resistência à tentação.
No ritmo de uma família interpenetram-se os desejos de radicalidade e a sabedoria da gradualidade. Mistério grandioso de graça, alicerçado na Páscoa de Cristo e fortalecido pelo dom do Espírito, deve ter como horizonte a radicalidade da santidade. Aventura de homens frágeis e pecadores, devem ter a humildade de não desanimar nos seus fracassos, pois o que parece humanamente impossível, torna-se possível com a força de Deus. Só o confundir o pecado com a virtude e as situações de fragilidade com a normalidade leva os esposos a fechar-se à esperança de um futuro novo. E como em toda a vida cristã, só a esperança permite que não se cave um fosso entre a fé e a caridade.

II - A Família na Igreja.
11. Para que toda a Igreja cresça como experiência de comunhão, é prioritário ajudar as famílias a serem experiências de comunhão de vida e de amor. Não só os casais se devem ajudar uns aos outros nesta construção da comunidade familiar, mas todos os outros agentes de pastoral, sobretudo os sacerdotes, os religiosos e religiosas e outras pessoas consagradas, devem dar prioridade a este objectivo pastoral, eu diria mesmo, devem deixar-se devorar por esta paixão de ajudarem as famílias a ser o que Deus quer que elas sejam. Aí se manifestará a complementaridade dos carismas na Igreja, porque a vocação cristã fundamental é comum a todos: ser comunhão, em Jesus Cristo, na caridade.
Aliás este reforçar da família como comunidade de fé e de amor é, em última análise, o objectivo das principais áreas da acção pastoral da Igreja. Quando se dá catequese às crianças e aos jovens, quando se cuida, com particular solicitude, das pessoas idosas, quando investimos na Escola Católica, estamos a colaborar com a família e a contribuir para a sua solidez como comunidade de vida. A família precisa de ser ajudada pela Igreja a ser comunidade, pois quanto mais ela o for, mais a Igreja toda o será, e a Eucaristia, grande expressão da Igreja comunhão, será cada vez mais a oferta da vida real dos seus filhos.

12. Será a família, enquanto tal, um agente de acção pastoral? É preciso ter em conta que a família pode ser, em si mesma, um espaço de irradiação apostólica. A família comunidade, que é continuamente repassada pelas exigências do Reino de Deus, é semente desse Reino.
Os membros dessa família que se empenham na acção apostólica, dentro da Igreja ou no meio do mundo como construtores de uma sociedade mais justa e fraterna, testemunham a força de vida que recebem da família. É difícil a uma pessoa casada viver profundamente o ritmo de comunhão, em Igreja, se não o vive na própria família. A Igreja não pode ser só um refúgio, embora por vezes o seja, como família onde se sentem reconhecidos e amados aqueles que não encontraram o amor.
Quando cada membro de uma família se insere profundamente na Igreja como comunhão, transportará para o seio da família essa experiência como semente da comunhão. Não é só a Igreja que recebe dinamismo de comunhão a partir da família; esta também é continuamente enriquecida pela experiência eclesial dos seus membros. A presença da família na Igreja, ajuda esta a ser uma grande família, onde todos são irmãos porque têm a Deus como Pai; mas a experiência de comunhão eclesial interpela continuamente as famílias a serem comunhão de vida e de amor.

III - A Família Cristã no mundo contemporâneo.
13. Quando falo de mundo contemporâneo falo, de modo particular, das sociedades Ocidentais, que melhor conhecemos e sentimos e onde estamos inseridos, embora aquilo que é perene da família cristã como sinal de um mundo novo seja válido para todos os quadrantes culturais.
Todos estamos conscientes de que o actual ambiente cultural não facilita a vida à família cristã. Esta para permanecer fiel e ser sinal, trava continuamente uma luta, como quem nada contra a corrente. Se resistir, fortalece-se; mas a fidelidade tornou-se mais exigente.
Sem a preocupação de ser exaustivo, indicarei alguns traços dessa cultura ambiente e as repercussões que têm sobre a família.

* A prioridade do indivíduo sobre a pessoa e a comunidade. A própria sociedade é concebida como um conjunto de indivíduos, com direitos e deveres regulados pela Lei e raramente se fala da dimensão comunitária da sociedade, que no entanto é o verdadeiro princípio da sua humanização.
Uma família concebida apenas como conjunto de indivíduos, com direitos e deveres, que não aprendam a encontrar o sentido da sua liberdade no dom de si mesmo aos outros, está ferida de morte como comunidade de vida e de amor. A infidelidade pode aparecer como um direito, a vida não partilhada uma afirmação da privacidade individual, e o divórcio a maneira de resolver conflitos.

* Uma visão funcional da sexualidade. Está na moda desligar a sexualidade do amor; se este existir, pode ajudar. A intimidade sexual aparece na lógica do próprio interesse, não gera compromissos, não é expressão de uma vida partilhada. Se a sexualidade não tiver a beleza e a exigência do amor, a união do casal não é construtora de comunhão e a sua estabilidade está ameaçada. É que na lógica da comunhão, nada exige tanto a gratuidade e generosidade do dom e da busca do bem do outro, como a intimidade sexual. A convivência acordada ou negociada será sempre um simulacro do amor.

* Prioridade do que é efémero e positivo sobre o perene com a marca da eternidade. Se vivemos numa civilização do provisório, do usa e deita fora, porque não havemos de mudar as opções fundamentais da nossa vida? Aliás haverá ainda lugar para opções definitivas?

* A ciência genética fez grandes progressos nos últimos tempos, permitindo ao homem penetrar no mundo insondável da vida. Esses progressos podem ser benéficos para os casais, desde que os critérios científicos não ditem comportamentos e não se transformem em princípios éticos.

* As leis que se aplicam à família são pragmáticas, tendem a regularizar situações de facto, raramente assentam em princípios doutrinais sobre a família. Legaliza-se o aborto, facilita-se o processo de divórcio, equiparam-se à família as chamadas "uniões de facto", ferindo a família na sua dignidade institucional. O universo ético que protege a família na sua dignidade é cada vez menos secundado pelas leis, obrigando os cônjuges à coragem de posições pessoais, generosas e decididas.
Neste contexto a família cristã, na sua fidelidade, assume a qualidade de denúncia profética, sinal de um mundo novo, traçando na sociedade um rasto de luz, semente da esperança.

14. E no entanto estamos convencidos que só a família, concebida como comunhão de amor e de vida, humaniza a sociedade. Dela irradia o carácter sagrado da vida, a dignidade do homem e da mulher, iguais e diferentes. A fidelidade generosa, no seio da comunidade familiar, é fonte de generosidade e de honestidade, no seio da sociedade.
Cada pessoa deve muito à força da família a maneira como se comporta em sociedade. A família é o ponto de partida para a cidade e o lar onde se regressa, em busca da força da comunidade. Famílias felizes são semente de uma sociedade diferente.
Será que a família cristã sofre, hoje, ataques específicos, ou os dados que referimos são apenas frutos inevitáveis da evolução da sociedade? Por vezes temos a sensação de que o ideal cristão de família é alvo de ataques concretos. Será que querem atingir a Igreja, destruindo a família? Mas cautela! Quem destruir a família, destrói a sociedade.



† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

SÃO TARCÍSIO



São Tarcisio

No livreto preparado para a festa de 1993, o pároco traduziu do espanhol, algumas páginas referentes ao Santo que festejamos. Mesmo enviando o tal livreto a quem quer melhor conhecer São Tarcísio, nos parece bom escrever também, nesta ocasião, alguma coisa sobre ele.
Quem visita as Catacumbas de São Calisto, pode notar no andar superior um monumento cristão, conhecido com o nome de “Túnel Ocidental”. No momento da descoberta feita por Rossi, em 1844, era um casebre de campanha. Atualmente é uma pequena igreja, mas na origem devia ser uma pequena basílica.

Mas baseando-nos sobre indicações das antigas guias dos peregrinos, os assim chamados ITINERÁRIOS, podemos supor que fosse o mesmo São Tarcísio, o proto-mártir da Eucaristia.
Segundo a tradição, o adolescente Tarcísio foi martirizado por um grupo de malvados, enquanto ele levava a Eucaristia aos cristãos, nos cárceres. O seu martírio deve ter acontecido dia 6 de agosto do ano 258, depois da Missa celebrada pelo Sumo Pontífice Sisto II, ajudado também por Tarcísio, que exercia o cargo de acólito. A ordem do acólito era reservada aos fiéis que mais de distinguiam pela bondade e pelas virtudes. Este jovem mártir foi incluído no martirológio romano no dia 15 de agosto, e comemorada a morte no cemitério de S. Calisto.


No século passado, São Tarcísio foi escolhido como Patrono dos Coroinhas do SS.mo Sacramento e, neste século, Patrono dos aspirantes menores da Juventude Italiana de Ação Católica.

Segundo o Calendário de S. Basílio, o corpo de Tarcísio foi sepultado no “Cemitério de S.Calisto”, com Papa Estevão. Segundo Rossi e Maruchi, foi transferido para a assim chamada “Cela Tricora”, em um sarcófago junto ao Papa Zefirino. Paolo I (V767), o levou para a Basílica de S. Silvestre, no Capitólio, juntamente com outros corpos dos mártires. Atualmente se encontra na Capela do Anjo da Guarda (antes estava na atual capela de S.Domingos onde se conservava o Santíssimo). Uma relíquia se conserva em um gracioso cofre na Capela do Instituto S. Tarcísio, em Roma, na Via Ápia Antiga, 102.

Quem chega ao interior do cárcere, observa um verdadeiro contraste com aquela algazarra barulhenta da estrada. Ali reina paz, serenidade, alegria e júbilo; os muros de pedra grega ecoam os cantos salmodiantes, entoados por Pancrácio e repetidos de um lugar para outro. Os prisioneiros do camerum respondiam aos irmãos em uma alternativa de versos, tirados dos salmos, que eram naturalmente, sugeridos pela circunstância.

Na vigília do dia em que deviam lutar com as feras, que os dilacerariam, se lhes concedia uma maior liberdade. Era permitido aos amigos das vítimas escolher aqueles que queriam para visitá-los, e os cristãos aproveitavam sabiamente desta permissão, indo à prisão e recomendando-os às orações dos benditos seguidores de Cristo. À tarde, os condenados eram conduzidos à cena livre, isto é a um abundante e até a um suntuoso banquete público. A mesa era circundada por pagãos sempre curiosos para ver como se comportariam e que aspecto assumiriam os combatentes no dia seguinte. Mas não percebiam nos cristãos nem ostentação insolente, nem a amarga prostração dos condenados comuns. Para aqueles comensais, o banquete era um verdadeiro ágape ou festa do amor, já que eles procuravam a verdadeira alegria, e a cena era animada por uma alegre conversão.

Enquanto os perseguidores preparavam o banquete material das suas vítimas, a Mãe Igreja preparava um banquete muito mais lauto para as almas de seus filhos, para enviar à tarde, aos campeões de Cristo, um número de partícula do Pão da Vida, suficiente para animá-los à manhã do dia destinado à luta.

Quando o Pão Consagrado estava pronto, o celebrante se voltava ao altar, onde fora colocado a Vítima Santa, para ver a quem devia melhor confiar. Antes que algum pudesse se oferecer, o jovem acólito Tarcísio (de 12 anos) se ajoelhou em sua frente, com as mãos postas, prontas para receber o Sagrado Depósito. Com o seu semblante inspirando inocência, como aquele de um Anjo, parecia implorar para ser o preferido, ou melhor, quase que pedindo este direito.

- “Tu és muito jovem”, disse o bom celebrante muito admirado.

- “Padre, a minha juventude será a melhor proteção. Oh! Não me negue esta altíssima honra!”. Tinha as lágrimas nos olhos e em sua face era um róseo de modesta emoção, enquanto pronunciava as palavras. Erguia as mãos com tanto fervor e a sua oração era tão cheia de paixão e de coragem que o celebrante não pode resistir. Tomou os Divinos Mistérios, delicadamente envolvidos em um pano de linho e depois enrolou outro pano de linho, depositando entre as suas mãos dizendo:

- “Lembra-te, Tarcísio, este tesouro é confiado aos teus cuidados. Evita os lugares públicos durante o caminho, e recorda-te que as coisas santas não são dadas como alimento aos cães, e que as pérolas não são feitas para os porcos. Cuidarás fielmente os sagrados dons de Deus?”.


- “Morrerei antes que não compra o meu dever” – respondeu o santo jovem, colocando junto a si o alimento divino, e com serena reverência se colocou a caminho para cumprir a sua missão.

Transparecia de seu semblante uma graça não comum aos jovens de sua idade, enquanto enfrentava com passos rápidos pelas estradas, evitando os pontos mais freqüentados e aqueles mais desertos.

Quando estava perto dos portões de um grande palácio, a proprietária, uma rica matrona sem filhos, o viu e ficou fascinada pela sua beleza e pela doçura do seu semblante, enquanto ele se apressava pelo caminho com os braços cruzados.

- “Espere um momento, caro filho, disse, interceptando-lhe os passos – quem és? Diga-me, e quem são os teus pais?”.

- “Meu nome é Tarcisio e sou órfão, respondeu levantando os olhos sorridentes – não tenho casa, a não ser uma que talvez te desagrade em eu dizer”.


- “Então vem repousar na minha casa; tenho muito do que falar. Oh! Se tivesse também um filho como tu!”.

- “Agora não posso, senhora, agora não! Confiaram a mim uma sublime e sacra missão e não posso perder um minuto, antes de tê-la executada”.

- “Então me prometa de vir amanhã. Olha, esta é a minha casa”.

- “Se estiver vivo, virei certamente”, disse o jovem, com um olhar inspirado que parecia lembrar Patrícia, um mensageiro escolhido para das mais altas esferas sociais.


Ela o seguiu um pouco com seu olhar e depois de haver refletido, decidiu segui-lo. Em seguida escutou um grande estrondo interrompido por bandos de insolentes, e ela parou até que ficou tudo em silêncio; depois retomou o seu caminho.

Entretanto, Tarcisio, absorto nos mais altos pensamentos que não fossem a herança de Patrícia, tinha apertado o passo e estava perto de uma praça, onde alguns rapazes estavam jogando, apenas saídos da escola.

- “Falta mesmo um rapaz para o nosso jogo. Onde o encontraremos?”, disse o chefe.

- “Oh! olha que combinação”, exclamou outro – Eis Tarcisio, que não o vemos há muito tempo. Antes era ótimo em toda espécie de jogo. “Vem, Tarcísio”, continuo apertando-lhe o braço
- “Aonde vai com tanta pressa? Vem jogar conosco! Seja bom!”.

- “Não posso agora, Petílio; não posso mesmo! Tenho uma grande e importante tarefa a cumprir”.

- “E então virás à força” – disse aquele que havia falado por primeiro; um rapaz grande, estúpido e prepotente, que logo se colocou sobre Tarcísio. “Sabe que não admito réplica quando quero alguma coisa. Venha logo fazer parte do nosso jogo!”.

“Te suplico” – disse o pobre menino, “deixa-me continuar meu caminho!”.

“Nada disso” – rebateu o outro – Mas o que tens aí de tão precioso para levar com tanto cuidado? Será uma carta? Não tem importância se chegar no seu destino, meia hora depois.Dê para mim que guardarei com segurança até que terminemos de jogar”. E estendeu a mão para tirar dele sacro depósito
.

- “Não, não” – disse o jovem, elevando os olhos para o céu.

- “Então quero ver de que se trata” – insiste o outro em tom brusco – “quero saber em que consiste este teu precioso segredo” e começou a maltratá-lo. E logo se reuniu um grupo de curiosos, perguntando do que se tratava. Viram Tarcísio que, com os braços cruzados, parecia animado por uma força sobrenatural para poder resistir a um rapaz muito mais alto e maia forte do que ele, o qual queria ver o que Tarcísio levava no peito. Parecia que sua força, seus empurrões, ponta-pé, não produzissem algum efeito. O pobrezinho suportava tudo sem murmurar, sem a mínima tentativa de reação. Mas resistia corajosamente.


- “Mas o que é, de que se trata?”, perguntavam os presentes. Quando, por acaso, si viu passar por ali Fulvio e se ouviu um ajuntamento de curiosos em torno dos dois combatentes. Logo reconheceu Tarcísio, tendo-o visto na festa da administração das Ordens Sacras.

Quando algum do bando vendo-o vestido melhor que os outros, fez a mesma pergunta, respondeu em tom de desprezo, voltando-se a todos:

- “O que é? Não estão vendo? É um burro cristão que leva os Mistérios. Não há necessidade de mais nada”.

Fúlvio, que não queria perder a jogada tão mesquinha, soube bem o efeito que as suas palavras tinham produzido.

A curiosidade pagã de ver desvelados os Mistérios cristãos e a querer conduzir os ultrajes eram fomentados naquelas ações, e agora todos a uma voz pediram a Tarcísio para entregar o que tinha guardado.

- “Nunca, até eu esteja vivo”, foi a única resposta. Um operário lhe deu um tremendo soco, que o estonteou e o sangue começou a correr. Segui uma verdadeira tempestade de pancadas, até que pisado e maltratado, mas com os braços sempre apertando ao peito, o rapaz caiu por terra.

O bando foi contra ele, e houve quem, agarrando-o, estava já para tirar-lhe o tesouro, quando os assaltantes sentiram um empurrão à direita e à esquerda de dois poderosos braços.

Do grupo dos malvados, uns corriam até o final da praça, outros pulavam muros até caírem por terra, e os outros retrocederam na frente de um centurião de forma atlética, que foi a causa de uma rápida mudança da cena. Apenas tinham desocupado o terreno, ele se ajoelhou diante do jovenzinho e com os olhos cheios de lágrimas, levantou o corpo maltratado e desmaiado, com a ternura de uma mãe, e lhe pediu com a voz muito tenra:

- “Te fizeram muito mal, Tarcisio?”.

- “Não pense a mim, Quadrato”, disse o rapaz, abrindo os olhos e sorrindo – “eu carrego os Sagrados Mistério, tome aos teus cuidados”.


O soldado tomou o braço do rapaz com profunda reverência. Era como se levasse não só a doce vítima de um sacrifício jovem e as relíquias de um mártir, mas o mesmo Rei e Senhor dos Mártires e a mesma Divina Vitima da salvação eterna. O rapaz apoiou confiante a cabeça nos ombros do robusto soldado, sem diminuir um só instante o aperto fiel ao tesouro. O soldado não sentia peso algum do duplo fardo bendito.

Ninguém ousou impedir-lhe o passo, até que uma senhora foi ao encontro, olhando maravilhada. Foi bem perto e observou atentamente o rapaz que ele apertava entre os braços.

- “Não é possível! Exclamou aterrorizada – Este é o Tarcísio, o rapaz que vi há pouco, tão belo e gentil? Quem o reduziu a este estado?”.

- “Senhora, disse Quadrato – queriam matá-lo porque era cristão”. A mulher olhou um instante o semblante do jovenzinho, que abriu os olhos, sorriu e expirou. Daquele olhar emanou um raio de fé. E ela se fez logo cristã.

O venerável Dionísio, com os olhos velados de lágrimas, removeu as mãos do jovem e tirou o Santo dos Santos. Parecia a ele que agora Tarcísio se assemelhasse mais a um anjo, dormindo o sono dos mártires, não como antes, quando estava ainda vivo. Quadrato mesmo levou seu corpo mortal ao cemitério de Calisto, onde a vítima foi sepultada entre a admiração dos seus companheiros de fé mais velhos do que ele. Depois o S. Papa Damaso compôs uma inscrição:






Enquanto um criminoso grupo de fanáticos

se atirava sobre Tarcisio que levava a Eucaristia,

o jovem preferiu perder a vida antes

que deixar aos raivosos o Corpo de Cristo”,

para profaná-la.

A notícia de tudo o que aconteceu chegou aos prisioneiros somente depois do banquete.


Talvez o medo de serem privados do alimento espiritual que lhes daria força, foi o único motivo de perturbação, mesmo se leve, da serenidade deles. Naquele instante entrou Sebastião e se deu por conta que uma desagradável notícia havia chegado aos cristãos e percebeu do que se tratasse. Infundiu então coragem aqueles seguidores de Cristo. “E assegurou-lhes que não seriam privados do alimento suspirado”.

A sua festa é celebrada do dia 15 de agosto.

Ele foi enterrado no cemitério de Callixtus e suas relíquias foram reclamadas por São Silvestre. Mais tarde as relíquias do santo foram trasladadas para a Capela de Ângelo Custode em São Domenico Maggiore di Napoli, por ordem do Papa Inocêncio X, durante a guerra de 1646.
Alem disto existe uma relíquia do santo na Capela do Instituto S Tarcísio em Roma, Via Appia Antica, 102.