terça-feira, 1 de dezembro de 2009

STOP À SIDA




SECÇÃO: Opinião

Contra a Sida, “Um único amor”...

É notícia da actualidade, a campanha de combate à sida designada “Um único amor”, coordenada pelo Soul City Institute for Development da África do Sul.
A campanha visa combater, fundamentalmente, a prática da poligamia, considerada como uma das causas mais importantes da elevada percentagem do VIH, na África sub sariana.
A partir desta evidência, nove países desta região puseram em marcha, desde há alguns meses, essa campanha sob o lema “um único amor”, que visa favorecer a monogamia e a fidelidade, como meios de combate contra a Sida.
Existe já uma larga experiência a demonstrar que as campanhas centradas exclusivamente na distribuição de preservativos, se tem revelado incapaz de travar a epidemia.
Nos nove países onde se desenvolve a campanha ( Lesoto, Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabue ), a percentagem de população adulta infectada com VIH, anda à volta de mais de 15%, e em alguns casos supera os 20%.
Diante destes indicadores, partiu-se, pela primeira vez, para uma campanha centrada na fidelidade. Esta campanha está na linha da desenvolvida no Uganda, centrada na estratégia denominada ABC ( abstinência, fidelidade, preservativo ).
O lema “Um único amor”, tenta promover uma mudança de mentalidade para mudar os costumes que têm levado à prática da poligamia. A multiplicidade deste tipo de relações – dizem os folhetos da campanha – cria “uma rede sexual invisível que possibilita a transmissão rápida do VIH, uma vez que o vírus entra nela”.
Os costumes responsáveis por esta situação são diversos. Por um lado, está a poligamia, bem presente na Suazilândia e África do Sul. Por outro, certas tradições familiares agravam o problema, além de outros comportamentos de homens mais velhos que exploram jovens a troco de dinheiro ou de presentes; e outras aberrações que fazem disparar os números, nomeadamente na África do Sul em que a taxa de VIH ultrapassa 18%.
A partir deste cenário, têm-se manifestado articulistas e jornalistas afirmando que o discurso do Papa Bento XVI na sua recente viagem a África, sobre a sida é realista, clarividente e justo. Reconhecem que os casos de descida da transmissão do VIH publicados na literatura científica, estão associados à estratégia ABC ( abstinência, fidelidade, e utilização de preservativos). Afirmam que apenas os programas que seriamente têm recomendado o atraso da actividade sexual dos jovens e a monogamia mútua ( o que os cristãos designam por fidelidade), têm tido êxito objectivo.
A Igreja Católica propôs sempre A e B. O Papa sublinhou, com razão, que “corremos o risco de agravar o problema” da Sida se os programas de prevenção se apoiam apenas nos preservativos. Isto está plenamente de acordo com o estado actual dos conhecimentos em matéria de saúde pública...
Reconhecemos, mais uma vez, que o discurso do Papa foi oportuno, realista e justo. Adopta um ponto de vista antropológico e moral, compreensível por todos, para criticar uma orientação unicamente tecnológica que, por si só, não é capaz de combater, com eficácia, a epidemia.
Deste modo, apesar de em alguns países da Europa se ter desencadeado uma campanha mediática sem precedentes sobre o valor preponderante do preservativo na luta contra a sida, é gratificante verificar que as considerações de ordem moral desenvolvidas pelo Santo Padre foram acolhidas por muitos com reconhecimento e alegria, compreendidas e apreciadas de modo particular, pelos africanos e pelos verdadeiros amigos da África, assim como por muitos membros da Comunidade Científica.
Pela nossa parte, agradecemos as oportunas e sábias palavras do Papa que, de modo nenhum, são ‘regressivas‘; antes pelo contrário, tiram-nos da regressão e convidam-nos a afrontar, com determinação, os factos reais e o que verdadeiramente está em jogo: a Vida e a Dignidade da Pessoa Humana!

Por Maria Helena H. Marques, Professora do Ensino Secundário
helenahenriquesm@sapo.pt

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